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Um literato com 18 obras e um hino ao TJMG

26 de agosto de 2023

O juiz Ricardo Bastos Machado é autor de várias obras literárias, das quais 15 já publicadas./ Foto: Divulgação.

ENTREVISTA DE DOMINGO – JUIZ RICARDO BASTOS MACHADO

Natural de Belo Horizonte, residente por muitos anos em Cássia e cidadão passense com título outorgado pela então vereadora Isabel Aparecida Ribeiro, da Câmara Municipal de Passos, Ricardo Bastos Machado tem enorme familiaridade com a escrita, afinal, são milhares de sentenças como juiz de Direito desde que ingressou na magistratura mineira em 1998, exercendo a função em Belo Horizonte, Uberaba e Passos. E, como bom leitor e bom escritor, tem como hobby escrever livros literários. Sua estante pessoal já somam a autoria de 21 obras literárias, 15 publicadas, e algumas no forno, prontas para serem compartilhadas. Apenas dois livros são jurídicos.

Graduado em Direito pela Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita’ (UNESP) de Franca/SP em sua primeira turma, Ricardo Bastos Machado foi advogado da Caixa Econômica Federal em Uberlândia, no Rio de Janeiro e em Salvador. Mestre em Direito Público pela UNIFRAN – Franca/SP, Docente na UNIUBE – Uberaba/MG, da FESP – Passos e FACEAC, de São Sebastião do Paraíso. Atualmente responde como juiz Titular da Vara de Família, Sucessões e Ausência, na Comarca de Passos Fórum Desembargador Wellington Brandão. É membro efetivo da Academia de Letras de Cassia/MG.

Já participou como convidado de uma edição da Feira Literária de Passos, a FliPassos e conta um pouco da sua trajetória na literatura para os leitores da Folha da Manhã nesta Entrevista de Domingo, tendo recebido a reportagem em sua casa em Passos. Uma das novidades que trouxe é sobre a placa que recebeu pela criação da letra do Hino do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, tendo sido vencedor de um concurso. Então, vamos à entrevista.

FM – Como o senhor é autor de um hino? Como isso aconteceu?

Ricardo Bastos Machado – Foi o seguinte, houve um concurso para a criação do hino para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais há 12 anos. Foi um concurso público aberto a todos os brasileiros que tivessem endereço em Minas Gerais. Concorremos eu com a letra e meu sobrinho, o músico Daniel Augusto de Oliveira Machado, com a melodia, com outros 120 hinos inscritos. Esta foi a primeira vez que participei de um concurso desta natureza, aliás, é a única letra que compus. Ficamos surpresos, claro, e muito felizes com o resultado. Este hino é executado em todas as solenidades oficiais das 296 comarcas de Minas Gerais.

FM – E, porque o TJMG fez este concurso para um hino?

Machado – Pela relevância do Poder Judiciário em Minas Gerais e na sexta-feira, 11 de agosto foi realizada uma solenidade em Ouro Preto, onde fomos homenageados com uma placa pela composição do hino. O evento, em comemoração aos 150 anos do Tribunal e também com o lançamento das bases para a implantação do Museu do Judiciário em Ouro Preto, primeira capital de Minas Gerais e antiga sede da Corte mineira, que neste mês comemora 150 anos. A solenidade foi conduzida pelo presidente do TJMG, desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, realizada no antigo fórum da comarca, que deverá se tornar mais um espaço de memória e cultura na cidade. Foi muito gratificante poder participar com um seleto grupo com a cúpula judiciária mineira, o prefeito de Ouro Preto e outras autoridades.

FM – Ainda sobre o Hino, qual a inspiração para a composição?

Machado – O concurso não traçava nenhum indicativo do que teria que ser feito, apenas que trouxesse algo sobre o TJMG. Então, a nossa composição falou sobre a função do TJMG, a função social, e da existência. Então a letra foi feita voltada para a distribuição e justiça, imparcialidade, bem neste contexto. Quis passar a minha vivência no judiciário, são 24 anos como juiz. Embora, qualquer pessoa, independente de trabalhar ou não na justiça poderia participar. A única instrução era que tivessem 3 minutos de execução. “A voz dos mineiros aspira à justiça eficiente, imparcial. Reforça nosso empenho e luta na busca da harmonia social. No trabalho transparente e sério, Exaltamos a liberdade e retidão. Com modernidade oferecemos A excelência de nossa atuação. A justiça pacificadora Será sempre nosso lema de jurisdição. Tem porta aberta a todos os brasileiros, Diálogo, conversa e solução. Assim com passos firmes avançamos Na trilha da ordem e da paz Com o Judiciário sempre unido, Filho servil de Minas Gerais.”, este é o hino.

FM – Participaram das gravações?

Machado – Sim, fomos eu e meu sobrinho na gravação em Belo Horizonte. Fiz questão de ir. Nunca tinha presenciado de uma gravação de execução musical tão de perto. Foi no Palácio das Artes e, além da satisfação, era um momento histórico. Ficamos honrados e emocionados. Foi um privilégio ouvir a música gravada por orquestra tão renomada. Foi a primeira experiência como compositor e é muito gratificante. Foram produzidas mil cópias e encaminhadas às comarcas. E, nossa maior felicidade é saber que tanto a letra que fiz, quanto a melodia do Daniel estarão eternizadas. Acabo me tornando um imortal (risos). Daniel é doutor em piano pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e reside em Belo Horizonte. O hino foi gravado pela Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais.

FM – Pensa em fazer novos hinos ou outras composições musicais?

Machado – Não. Foi esta única. Não fizemos mais músicas, porque minha área é mais literatura. Inclusive nunca participei de concursos literários.

FM – Quantas obras tem escritas?

Machado – São 21 obras, sendo duas jurídicas e o restante literárias, 15 publicadas, e algumas iniciadas que em breve vamos lançar.

FM – Qual foi o primeiro livro escrito?

Machado – A primeira foi Lumiar, depois veio Pingo D’Água. Podemos elencar aqui o infantil A minhoca sem nome; Puppy, o cachorrinho bondoso; na linha infantojuvenil tem Até os guarda-chuvas são iguais; crônicas são as obras Alma, Tempo da vida, Resenhas, Talismã, Mãe para sempre, O melhor lugar do mundo; de poema, o Pingo d’água; poesia tem o Entrevero, e Lumiar; de humor Memórias sentimentais de ultraje e pudor; educação ambiental, com O planeta marrom; religião O Deus que não vi, Se Deus quiser, o Deserto de cada um; tem também de autoajuda, o Carpe diem e, como não podia faltar, os jurídicos Aspectos da guarda, visita e alienação parental, A nova lei da guarda compartilhada. E outros.

FM – Faz parte da Academia Cassiense de Letras. De alguma outra? Sente que Passos poderia trabalhar para ter a da cidade?

Machado – Sim, fui convidado e sou muito grato em participar da Academia em Cássia. Bom, pelo número de habitantes que Passos tem, já são mais de 120 mil, e pela relevância regional em várias áreas, penso que sim, já poderiam ter se organizado para a criação desta academia. Mas, infelizmente, não vejo muita movimentação neste sentido. Só eu tenho esta quantidade de livros publicados em Passos. Imagino que exista vários outros autores passenses, inclusive sei que tem um com prêmio Jabuti. Já está na hora de ter esta academia.

Na semana passada, numa solenidade em Ouro Preto, o juiz foi homenageado com uma placa./ Foto: Reprodução.