Opinião

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14 de junho de 2023

Foto: Reprodução

WASHINGTON L. TOMÉ DE SOUSA

Na corda bamba

“Seja você, não vale a pena tentar ser outra pessoa / A vida é curta pra viver assim à toa / Você vai se frustrar / Seja você, mesmo que o seu jeito de ser, aos outros, incomode / Não queira agradar tentando ser o que não pode / Só vai se machucar” (Fraternidade O Caminho)

“Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo” (Gabriel, o pensador)

Eu me amo

Originalidade e flexibilidade, é o que traduzem o refrão e o título dessas duas músicas acima, de autores brasileiros, sem as quais não conseguimos transitar pela vida, a primeira, pela via do respeito próprio, que nos leva a só sermos respeitados pelos outros quando somos nós mesmos, autênticos, apresentando-nos com as nossas qualidades e defeitos, sem querer ser ou aparentar o que não somos. A última, pelo caminho da adaptação às circunstâncias diversas da vida, quando estas o exigirem, considerando-se que esta não é estática, mas dinâmica, mantendo, porém, a nossa autenticidade, sem a rigidez excessiva que impede o convívio e a troca. Enfim, vamos viver a vida como ela é e como nós somos.

O Brasil e o mundo

‘Mutatis mutandis’ (mudando o que deve ser mudado, com as devidas adequações), historicamente, o Brasil sempre procurou manter-se equidistante das grandes potências mundiais, sendo respeitado pela sua posição de país não alinhado. Ultimamente, porém, no atual governo e no anterior, vem destoando da sua tradição.

Hoje, pelo alinhamento ou ‘namoro’, vergonhoso e despudorado, com ditaduras e autocracias (Venezuela, Rússia, China…). Anteriormente, em subserviência declarada aos interesses dos Estados Unidos. Caminhando nesta linha tênue ora entre democracia e autoritarismo, ora entre princípios econômicos consagrados e aventuras econômicas, corremos o risco iminente de não sermos respeitados no concerto das nações e de enfrentarmos, internamente, tragédia sócio-político-econômica.

Por outro lado, este não alinhamento automático do Brasil no contexto das nações, expressando uma certa ambiguidade, pode nos assegurar uma vantagem estratégica de, “Em um mundo multipolar, ter legitimidade para dialogar com vários atores”, sendo “o Brasil um dos poucos países que consegue dialogar com as potências ocidentais ao mesmo tempo que tem legitimidade para liderar os países não ocidentais…”, segundo Stuenkel.

Apesar de tudo isso, não podemos nos alienar, no entanto, do fato de que estamos inseridos geográfica, histórica e culturalmente no Ocidente, cuja sociedade está ligada a instituições como democracia, capitalismo e a valores, na sua prevalência, judaico-cristãos. Este deve ser o nosso lado.

O que nós queremos e o que não queremos para o Brasil

Como nação heterogênea, multirracial e multicultural, admirada pelas demais justamente por conseguir integrar em seu tecido social toda essa diversidade – e encontra-se aí a nossa força -, urge reforçar e aperfeiçoar os laços que nos unem e que foram construídos com grande esforço ao longo de séculos: a nossa história comum, a nossa língua, a integridade do nosso território… como sociedade agregadora de todos os elementos heterogêneos que a compõem, mormente criando mecanismos que favoreçam a ascensão socioeconômica dos menos favorecidos, eliminando o malefício e elemento de ruptura da desigualdade social, e que promovam a inclusão de minorias. E não nos afastando do nosso espírito característico de solidariedade ao próximo e como raça humana. Políticas e ideologias que privilegiem a desagregação e a polarização devem ser rejeitadas. Ditaduras e autocracias não são bem-vindas, sejam elas do quartel, do proletariado, da toga, ou da… (de qualquer origem). Vamos, juntos, construir o nosso caminho, sem interferência ou ideologias alienígenas.
Saúde e paz a todos!

WASHINGTON L. TOMÉ DE SOUSA, bacharel em Direito,
ex-diretor da Justiça do Trabalho em Passos, escreve
quinzenalmente às quartas, nesta coluna