Opinião

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13 de janeiro de 2024

Brazil flag on people palm hands raising up for volunteer, voting, help wanted, and national holiday celebration praying for Brazilian power isolated on blue sky background (clipping path)

Esquerda, Direita e Democracia

Desde 1789, quando a Revolução Francesa eclodiu que a política mundial consolidou dois processos de disputa ideológica, ou seja, entre direita e esquerda. E não existe posição neutra. E não adianta chiar e dizer que não gosta nem da direita nem da esquerda, porque essa pseuda neutralidade não funciona, até porque ela acaba por ser sempre favorável a quem estiver no poder, seja esquerda ou direita. Existe o centro, mas se trata de um eufemismo, porque os políticos são obrigados a se posicionar entre centro-direita ou centro-esquerda, o que acaba dando no mesmo. Então, qual é a saída? A saída é a democracia, que também surgiu no bojo das ideias iluministas e enciclopedistas que também foram responsáveis pela eclosão da tal Revolução Francesa e de várias outras revoluções pelo mundo, como os exemplos da Independência do EUA, em 1776 e os movimentos de independência dos países da América Latina no século XIX. Os países da Europa Ocidental e os EUA foram os primeiros a adotar o processo democrático moderno e mesmo assim levaram quase dois séculos para chegar ao patamar da consolidação democrática. Vou usar aqui uma metáfora, a democracia é como um vaso de fina porcelana, se cair se espatifa no chão em vários cacos e o caco maior que fica é sempre uma ditadura. Portanto, para manutenção da democracia um povo tem que estar sempre vigilante porque o que não falta são os eternos inimigos do sistema democrático, hoje em dia, chamados de golpistas e não raro usam até de práticas terroristas para desestabilizar a democracia. Lembro como exemplo o recente 08/01/2023!

Mas enfim, dá para definir politicamente falando o que seja Democracia, Direita e Esquerda? Até dá, mas sempre será uma definição insatisfatória e não consensual porque os conceitos políticos em geral mudam com o tempo, espaço ou lugar. Por exemplo, os EUA se achavam uma nação democrática no pós-independência em 1776, não obstante com manutenção do sistema escravocrata até 1865, que teve fim com a Guerra de Secessão. Os ditadores e demais governantes da ditadura Civil-Militar no Brasil de 1964 a 1985 tinham plena certeza de que o país gozava de uma democracia. E a mídia da época capitaneada pela Rede Globo ajudava aos ditadores a convencer o povo brasileiro de tal bazófia. Então, de que adianta definir democracia por exemplo, como disse Abraham Lincoln, 16º presidente dos EUA de 1861 a 1865, de que “democracia é o governo do povo pelo povo e para o povo”, se sabemos que quem manda no processo político em geral e especialmente nas eleições é o poder econômico (leia-se os donos do capital)? Definir direita e esquerda então é mais difícil ainda, até porque nestes casos, cada qual tem o seu espectro ideológico bem variado, a direita vai de conservadores e liberais ao extremismo fascistoide. Já a esquerda vai de progressistas, socialistas e comunistas. Fora essas definições superficiais, grosso modo, podemos também apontar as diferenças de perfis ideológicos que servem de base para a práxis políticas dessas duas vertentes centenárias. Senão, vejamos. A direita é conservadora no sentido tradicionalista, individualista e moralista com viés religioso. A esquerda no geral é progressista, coletivista e defensora das minorias sociais. Claro, que tais perfis variam de país para país, até porque tanto as direitas quanto as esquerdas se comportam diferentemente dependendo do estágio democrático de cada povo do mundo.

No mundo globalizado não havia a bipolarização política desenfreada como estamos vivenciando nessas duas décadas do presente século, fenômeno este em que os Estados nacionais estão enfraquecidos, daí o debate esquerda versus direita tem por esta razão se tomado de formas de fortes radicalismos de parte a parte. E quem está perdendo com isto é a democracia. As perspectivas daqui para frente, principalmente com a economia mundial em escalada de crise que sempre termina em caos total. E o caos sempre proporciona a ponte segura para as ditaduras. E pior, os amantes da ditadura adoram o caos!

ESDRAS AZARIAS DE CAMPOS é Professor de História ‘