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Nobel de Literatura vai para Jon Fosse

5 de outubro de 2023

Dramaturgo reconhecido no mundo todo, Jon Fosse, mais recente Prêmio Nobel de Literatura, está chegando às livrarias brasileiras com dois livros: É a Ales e Brancura./ Foto: Ole Berg-Rusten.

LITERATURA

O norueguês Jon Fosse (1959) venceu o Prêmio Nobel de Literatura 2023 por “suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”, segundo a Academia Sueca Fosse é considerado um “Beckett do século 21″.

Sua imensa obra escrita em Nynorsk norueguês e abrangendo uma variedade de gêneros consiste em uma riqueza de peças, romances, coleções de poesia, ensaios, livros infantis e traduções. É um dos dramaturgos mais representados no mundo, e tem se tornado cada vez mais reconhecido por sua prosa”, destacou Anders Olsson, presidente do comitê do Nobel de Literatura.

Fosse combina o enraizamento na linguagem e na natureza de sua formação norueguesa com técnicas artísticas na esteira do modernismo”, disse ainda.

O Nobel de Literatura é concedido a um autor pelo conjunto da obra. Tradicionalmente, os organizadores do prêmio ligam para o escolhido antes do anúncio oficial.

Segundo o secretário permanente da Academia Sueca, Jon Fosse, de 64 anos, “estava dirigindo pelo campo, em direção ao fiorde ao norte de Bergen, na Noruega”.

O valor do prêmio é de cerca de R$ 5 milhões (11 mil coroas suecas).

Nascido em 29 de setembro de 1959, em Haugesund, na Noruega, Jon Fosse cresceu em Strandebarm. Aos 7 anos, ele sofreu um acidente e chegou a comentar que esta foi a experiência mais importante de sua infância e que o transformou em um artista. Antes de se tornar um escritor, ele cogitou ser guitarrista de uma banda de rock.

Ele cresceu em uma família adepta do pietismo, um movimento espiritual protestante. Seu avô era quacre, pacifista e esquerdista ao mesmo tempo. O escritor se distanciou dessas crenças e preferiu se definir a princípio como ateu. Em 2013, se declarou católico.

Fosse é um escritor multifacetado, mas pouco acessível ao grande público. Apesar disso, é um dos autores de teatro com mais peças representadas na Europa e considerado um dos grandes autores de sua geração.

O norueguês estreou na literatura em 1981, com o conto Han em um jornal estudantil. Dois anos depois, em 1983, ele lançou seu primeiro romance, Raudt, Svart. É autor, ainda, de Trilogien, vencedor do Nordic Council Literature Prize, em 2015.

Nas décadas de 1990 e início dos anos 2000, ele dedicou mais ao teatro. Por volta de 2010, mergulha na literatura. Sua obra é composta por cerca de 40 peças, entre as quais Og aldri skal vi skiljast (E Nunca nos Separemos), a primeira encenada, em 1994, e Nokon kjem til å komme (Alguém vai chegar), a primeira que ele escreveu, e que lhe deu fama como dramaturgo, além de 16 livros de prosa, 8 de poesia e dois de ensaios. Seus livros já foram traduzidos para mais de 50 idiomas.

As obras de Fosse rompem com as regras clássicas, reduzem o enredo ao mínimo e utilizam uma linguagem simples e sem adornos, em que a chave da compreensão está no ritmo, na musicalidade e nas pausas.

Sua obra mais recente, Septologia, que distribui sete capítulos em três volumes que somam 1.250 páginas, narra o encontro de um homem com outra versão de si mesmo para levantar questões existenciais por meio de uma pontuação esparsa e imprevisível. Inédita no Brasil, ela deve ser publicada em 2025.