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Luísa Sonza lança seu 3º álbum

30 de agosto de 2023

Cantora gaúcha escancara sua versatilidade do rock ao funk, com releitura de Rita Lee e parceria com Demi Lovato./ Foto: Reprodução.

MÚSICA – Dora Guerra

“Eu tenho o número e ainda sou artista. Mamãe dizia: ‘Tô impossível, minha filha’”. Esse é um verso de Carnificina, do novo disco de Luísa Sonza, ‘Escândalo Íntimo’. A artista de 25 anos, que lançou seu terceiro disco em plena terça-feira, 29, se prepara para um show no megafestival The Town no próximo final de semana. É uma cantora com 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify, tema de muita manchete e muita crítica. Agora, ela pretende responder ao escândalo – revelando seu íntimo.

Segundo a artista, esse conjunto ainda não está completo: foram anunciadas 26 faixas, incluindo colaborações com Maiara e Maraísa e Kayblack, que não constam no material lançado. Hoje, só ouvimos 18 músicas. Para todos os efeitos, já é um disco.

Ao longo das 18 faixas, fica claro que ‘Escândalo Íntimo’ é um álbum sobre Luísa. É o que ela já dizia ao anunciá-lo, prometendo uma exposição mais aprofundada no que sente. (Seu disco anterior, Doce 22, lançado no aniversário de 23 anos da cantora, também era sobre Luísa.)

E de fato, as músicas desse disco não são faixas feitas para qualquer pessoa se identificar. Eu não sou manchete o tempo todo e nunca me apaixonei por um homem chamado Chico. Mas após o efeito Taylor Swift, em que cada música é rastreável a um acontecimento público, falar de si dá certo; especialmente quando você é tão notícia.

Ela, inclusive, se usa como autorreferência (vide Penhasco2, segunda parte de balada do álbum anterior), mas também elenca as suas próprias: de Luísa Manequim, faixa setentona de Abílio Manoel, ao clássico áudio (meme!) de Rita Lee – “ah, ela é tão galera”. Sonza tem porte para isso: se a própria Rita a cita em seu último livro, é impossível dizer que Luísa não tenha o mesmo direito, nessa que é uma autobiografia momentânea da jovem artista.

Apesar disso, as músicas não são tão vulneráveis quanto o disco alega. Há, claro, os momentos como Principalmente Me Sinto Arrasada (que relata uma crise de ansiedade) e um suposto áudio de WhatsApp em Romance em Cena; há também a bossa-nova dedicada ao atual namorado da artista, Chico Moedas. Mas, de modo geral, é como um polido feed do Instagram: é bem-feito, mostra a vida e o sucesso dela, mas é perceptível que a exposição ficou no “Melhores Amigos”.

Luísa já contou que seu álbum acompanhará uma espécie de curta-metragem, com cenas que revelarão seu “inconsciente”: sonhos e pesadelos recorrentes. Outra curiosidade que o disco deixa é como essas cenas vão complementar as músicas – e se trarão mais da intimidade prometida.

Se as letras cumprem seu propósito ou não, o som do disco é bom. ‘Escândalo Íntimo’ é um álbum cartão de visitas, que escancara a versatilidade da artista ao passar do rock ao funk, da lentidão à rapidez. Mostra que Luísa é capaz de fazer um bom álbum pop conceitual, para que possa lançar por fora aqueles singles avulsos que tocam nas festas. Sem que precise, o tempo todo, “provar que é artista”.