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Estudo da Ufla Paraíso alerta sobre desperdício

27 de junho de 2023

Foto: Divulgação.

S. S. PARAÍSO – Estudo sobre responsabilidade socioambiental realizado pela pesquisadora do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (Ictin/Ufla – câmpus Paraíso) Geandra Alves Queiroz avalia seis multinacionais do ramo automotivo, quatro no Brasil e duas no Canadá, que aplicam o conceito Lean Green – utilizando o sistema de produção enxuto associado com a prática da gestão ambiental nos seus processos operacionais, com o foco na redução de desperdícios.

A professora explica que o Lean Manufacturing é uma abordagem de gestão da produção utilizada na indústria. “Ela tem como princípio básico a redução de desperdícios, visando agregar valor. Isso significa reduzir tudo o que o cliente não está disposto a pagar. Esses desperdícios estão caracterizados por: estoque, super-produção, processamento inadequado, movimentação desnecessária, transporte, defeito e espera. Já o Green Manufacturing pode ser definido como um sistema que ajuda a identificar, quantificar, avaliar e gerenciar o fluxo de resíduos ambientais, com o objetivo de reduzir e minimizar o impacto ambiental, enquanto também tenta maximizar a eficiência de recursos”, explica a professora.

Ainda de acordo com a pesquisadora, a prática tem sido adotada para eliminar desperdícios na cadeia produtiva, reduzir custos e melhorar a qualidade e o tempo de entrega. Ela acrescenta que a redução dos impactos ambientais tem sido tratada cada vez mais como fator de vantagem competitiva. “Isso tem reflexos diretos nas estratégias de operações das empresas, tornando necessária a inclusão do desempenho ambiental como uma de suas prioridades competitivas”, ressalta Geandra.

Os resultados encontrados pelo estudo produziram evidências que indicam que a utilização da produção enxuta associada à gestão ambiental nos processos produtivos contribui para a redução de desperdícios, e mostram sinergias entre as prioridades competitivas: o Lean é apontado como uma base para a gestão dos sistemas de produção, e as práticas Green são utilizadas, em geral, como complemento e para sustentar a inclusão do ambiente como prioridade competitiva.

Quando a empresa busca eficiência no sistema produtivo, como por exemplo, uma mudança de layout, ela consegue tornar os processos mais rápidos, e com isso pode evitar mudanças no arranjo produtivo, no tempo de espera e reduzir consumo de energia de máquinas, por exemplo”, diz a pesquisadora.

Outra questão avaliada foi que, em todas as empresas observadas, existem conflitos competitivos – trade-offs, isto é, decisões que consistem na escolha de uma opção em detrimento de outra, entre algumas prioridades competitivas, sendo que o mais frequente entre as empresas analisadas é a necessidade de escolha entre custo e meio ambiente. “Ou seja, quando a empresa vê a possibilidade de uma mudança positiva sob o ponto de vista ambiental, mas avalia que escolher essa mudança pode acarretar maior tempo ou custo para a sua produção, a prioridade ambiental acaba sendo colocada em segundo plano, devido à viabilidade econômica”, comenta.

Apesar desses conflitos de prioridades, de modo geral, o estudo mostrou que colocar Lean-Green em prática pode contribuir significativamente para a redução de impactos ambientais, principalmente no que tange ao consumo de recursos.

O estudo “Estratégias de operações e práticas Lean-Green: um estudo de casos múltiplos em empresas do setor automotivo” está disponível na revista internacional Sustainability.