13 de fevereiro de 2025
Gilberto Almeida
“Não siga cegamente a maioria das pessoas que caminham em uma mesma direção, pois você pode ser a única pessoa dentre elas que consegue ver o precipício a frente, confie na sua intuição!” Nosor Beluci
No episódio O Cardume, da série Merlí: Sapere Aude, a professora Bolaño apresenta a filosofia de Nietzsche e Comte, destacando a influência do ambiente na tomada de decisões individuais. Para ilustrar o conceito, ela propõe um experimento: pede aos alunos que afirmem que uma pasta de cor verde é vermelha. Quando um estudante chega atrasado e ouve todos os colegas concordando com a falsa afirmação, ele se sente pressionado a fazer o mesmo, contrariando a realidade que vê.
Esse fenômeno psicológico, conhecido como efeito manada, é amplamente explorado na política, onde as pessoas tendem a seguir a narrativa predominante, mesmo que ela não seja verdadeira ou benéfica para elas individualmente. No Brasil – e em muitas partes do mundo – a esquerda adotou essa estratégia como modus operandi, criando uma fábrica de narrativas capaz de distorcer os fatos e moldar a opinião pública.
A engrenagem desse processo é poderosa. Envolve um amplo aparelhamento da mídia, que passa a agir como porta-voz ideológico, e uma doutrinação sistemática nas universidades – algo que, nos últimos anos, se expandiu para todos os níveis de ensino, inclusive os primeiros anos do fundamental. O objetivo é criar uma hegemonia discursiva, na qual qualquer voz dissonante seja imediatamente desqualificada e rotulada como inimiga da democracia. Dessa forma, mesmo diante de governos ineficientes e crises evidentes, a população tem dificuldade em identificar as verdadeiras causas de suas dificuldades.
Foi assim que o Brasil suportou 16 anos sob o comando da extrema esquerda, liderada por Luiz Inácio Lula da Silva. Além de promover essa lavagem cerebral nas massas, o petismo implementou um modelo assistencialista que, ao oferecer migalhas, consolidou uma relação de dependência. O assistencialismo, que deveria ser um meio para a inclusão produtiva, tornou-se um fim em si mesmo, garantindo apoio inercial ao governo. O desenvolvimento econômico e social, que exige políticas de longo prazo, investimentos sólidos e reformas estruturais, foi relegado a segundo plano – afinal, não gera o mesmo impacto emocional que um benefício imediato, como o Bolsa Família.
Mesmo com a popularidade do atual governo em queda, o efeito manada ainda garante uma base de apoio considerável. Isso ocorre porque a repetição contínua de uma mentira pode torná-la uma verdade aceita socialmente. No entanto, o desgaste começa a se tornar evidente. O Brasil sofre um declínio na confiança internacional, com recordes de retirada de investimentos, enquanto o governo se afunda em escândalos e medidas desastrosas. Partidos que antes eram aliados começam a se afastar – um exemplo é o Solidariedade, cujo presidente, Paulinho da Força, já se manifesta com duras críticas ao governo Lula.
Na economia, o pessimismo cresce entre os especialistas. Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, projeta uma possível recessão para o segundo semestre de 2025. O PIB, que tem sido sustentado majoritariamente pelo agronegócio, pode ter seu crescimento reduzido para 1,9% em 2025 e 1,3% em 2026. Caso essa tendência se confirme, o Brasil pode registrar dois trimestres consecutivos de retração, configurando uma recessão técnica.
Mesmo a Rede Globo, historicamente alinhada ao governo, já não consegue ignorar as irregularidades gritantes. Recentemente, a emissora denunciou o escândalo envolvendo a ONG Movimento Organizacional Vencer, Educar e Realizar (Mover Helipa), que recebeu R$ 5,6 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social para distribuir quentinhas a pessoas em vulnerabilidade. O problema? As refeições, quentinhas do PT, jamais foram produzidas ou entregues.
No cenário internacional, a reputação do Brasil também se deteriora. No Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, medido pela Transparência Internacional, o país atingiu sua pior nota e pior colocação desde 2012. Entre as principais razões para essa queda estão:
Diante desses fatos, a pergunta inevitável é: como ainda há quem defenda esse governo? A resposta está no efeito manada. A insistência na narrativa, a manipulação midiática e a desinformação estratégica anestesiam a população, impedindo-a de enxergar a realidade. Mas o desgaste se intensifica e, como todo castelo de areia, as mentiras não resistem ao peso dos fatos. Aos poucos, aqueles que fizeram o L começam a perceber que foram enganados – e que o preço dessa ilusão será cobrado por toda a sociedade.
Gilberto Batista de Almeida é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna.