LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Um segundo provérbio chinês

“Das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.” Este provérbio deve soar como música terapêutica nas horas de grande angústia ou duras decepções. Nem sempre entendemos que as dificuldades nos amadurecem, nos trazem experiência e nos fortificam.

Não existissem as pedras, quem iria calçar as montanhas? Feliz quem consegue ver na pedra de tropeço uma boa pedra de construção! Toda dificuldade tem seu lado positivo. O vento forte limpa as árvores das folhas secas. A tempestade purifica e refresca os ares. Da rocha dura nascem as águas minerais.

Até do meu pecado grave pode brotar minha conversão. Diz quase a mesma coisa este outro provérbio oriental: Volta teu rosto sempre na direção do sol e, então, as sombras ficarão para trás. – Frei Clarêncio Neotti, OFM – folhinha do dia 20 de junho de 2023 – do calendário “Sagrado Coração de Jesus”, da Editora Vozes Ltda., de Petrópolis. cneotti@yahoo.com.br

Mesmo sendo as nuvens negras, parecendo pesadas, a água que delas caem são sempre límpidas, puras e fecundas. Assim diz o provérbio chinês. A China é um país milenar, sua cultura é famosa e seus inventos ou descobertas trouxeram progresso para o mundo.

A filosofia chinesa é muito conhecida e difundida pelo nosso universo. Lembrar-se deste provérbio nos momentos difíceis, de angústia, de decepções, como diz o frei, fará com que ouçamos uma música suave, melodiosa e agradável. Tal música será um tratamento terapêutico que aliviará nosso coração e alma nos momentos de sofrimento, pois quando a situação nos parecer intransponível, lembraremos que, das dificuldades também poderemos obter soluções.

As dificuldades, os momentos difíceis, se tivermos a necessária paciência e o raciocínio bem claro, poderão fazer com que enxerguemos uma saída, uma resolução. Assim, estaremos amadurecendo, adquirindo experiência para a nossa vida.

No meio do cominho há uma pedra, não é assim que dizia o poeta?
Sim, não existem caminhos sem pedras e elas aparecem de todos os tamanhos. Quanto maior a pedra, maior também será a dificuldade para transpô-la. O que é que mantém as montanhas elevadas e fixadas em seu lugar, não são as rochas que as sustentam? A própria Bíblia não cita que as casas precisam ser construídas em cima de rochas para que não desmoronem em situações de intempéries? Não é comum vermos casas e barracos se desmancharem quando a chuva e o vento são mais fortes, porque foram construídas no solo e não na pedra?

O frei nos ensina que deve ser feliz quem não enxerga na pedra apenas um empecilho, uma cilada para tropeçar, mas uma oportunidade de vencer obstáculos, ou seja, vê na pedra mais uma oportunidade de vencer e construir. As dificuldades na vida também apresentam um lado positivo, pois, aprendendo a vencê-las, adquirimos experiência e crescemos.

O vento, quando é forte, ajuda a limpar as árvores, pois espalha as folhas secas pelo chão, faz com que caiam dos galhos e deixa as árvores mais verdes e belas. A tempestade limpa a atmosfera, purifica o ar e traz uma sensação de frescor. Tal sensação é agradável ao nosso olfato. O frei afirma que as águas minerais brotam das rochas duras das montanhas. Há vários tipos de águas minerais que fazem bem à saúde humana. São puras, límpidas.

No embalo do provérbio, o frei também nos ensina que até do nosso mais grave pecado, podemos ver brotar a nossa conversão. É claro que precisamos estar conscientes do pecado, devemos estar arrependidos e ter o propósito de não mais cometer tal pecado e aceitar a força da mão de Deus para a nossa conversão. Fechando sua síntese sobre o provérbio, o frei cita um outro provérbio oriental que diz: Volta teu rosto sempre na direção do sol e, então, as sombras ficarão para trás. Significa que devemos sempre ir em frente, buscar a claridade, não apenas da luz, a claridade nos pensamentos, nos desejos, nas boas intenções, na ânsia de nos corrigirmos, de nos afastarmos dos erros e dos pecados. Os erros passados, que representam sombras na nossa vida, devem ficar para trás e servir apenas de experiência para não mais incorrermos neles.

Enfim, nuvens negras não significam desgraça, mau augúrio, mau presságio, sinal de que virá tempestade destruidora, pois delas brotarão água boa, pura e saudável. Água tão boa como a que brota das rochas nas montanhas. A água é tão essencial à vida como tudo o mais que a natureza nos proporciona.

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com