Dia a dia

Dia a Dia

19 de dezembro de 2023

DÉCIO MARTINS CANÇADO

Concluindo

No mês de setembro passado, completei vinte e um anos de participação neste espaço da Folha. Foram quase mil artigos, todas as terças, levando opiniões, destacando situações e refletindo sobre os mais diversos temas. Agradeço imensamente pelas manifestações de carinho e apoio de inúmeros leitores que sempre me incentivaram e comentaram a respeito dos assuntos tratados… estamos nos despedindo, já com saudades, e encerrando nesta data nossa participação aqui.

E, para concluir, vamos refletir sobre algumas curiosidades do nosso dia a dia.
A palavra ‘vichi’ tem origem na expressão utilizada em situações de susto, ou medo, ‘virgem Maria’, que, com o tempo, tornou-se ‘Virgem’ e depois o atual vichi.

A expressão ‘credo’ que, atualmente, utilizamos como repulsa, ou nojo, era utilizada no passado em situações de medo, como de assombrações ou coisas semelhantes, vinda do Latim, ‘Credo in crucis’, ou ‘Creio na cruz’, ou ainda, ‘Creio em Deus Pai’. Com o uso contínuo transformou-se em ‘Credo’, e outro significado.

Interessante notar que os nomes próprios Roberto, Gilberto, Adalberto, Umberto, etc., têm o mesmo sufixo, ‘berto’, que significa ‘brilhante’, ‘glorioso’, fato que quase ninguém havia observado até há pouco tempo.

No teatro antigo, os atores usavam máscaras de cera para interpretar seus papéis, durante a apresentação, ou seja, deixavam de ser eles mesmos naquele momento. Com o passar do tempo, não se utilizou mais este artifício, pois não precisavam mais usar a máscara, surgindo daí a expressão; ‘sem cera’ dando origem à palavra ‘sincera’, ou seja, uma pessoa que não usa máscara, que é transparente, autêntica, é ‘sincera’.

Todas as palavras ou expressões que contêm o termo ‘cordia’ vêm de coração, porque é nele, segundo a tradição, que se alojam o amor, os sentimentos. Uma muito conhecida é ‘misericórdia’, que tem origem latina, e é formada pela junção de ‘miserere’ (ter compaixão), e ‘cordis’ (coração). “Ter compaixão do coração” significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas.

A Língua Portuguesa é rica em palavras de amplo significado (Polissemia) pela herança de outras línguas, estrangeirismos, oriundos dos meios de comunicação e da influência colonizadora de outros povos, como o espanhol, o francês, o inglês, etc. Exemplo disso é a expressão ‘em riba’, que todos julgam como caipira, mas que vem do espanhol, ‘arriba’ que significa, ‘acima’, ‘em cima’.

Nesta oportunidade, quero agradecer à direção da Folha da Manhã pela oportunidade e, em especial, ao Professor Chiquinho Negrão, que nos últimos anos tem sido muito importante na correção dos textos antes do envio definitivo à redação.
Obrigado a todos que, de uma forma direta ou indireta, foram muito importantes nesta trajetória.
Um abraço.