Meio Ambiente

Bituca de cigarro

11 de janeiro de 2024

Já é senso comum que o cigarro faz mal aos humanos, mas você sabia que eles também são prejudiciais aos peixes, algas e crustáceos? Nas praias, as pequenas bitucas jogadas de forma desordenada na areia e na água acabam levadas mar adentro e carregam cerca de 6.700 substâncias nocivas. Ações de autoridades na orla tentam reduzir os danos provocados por essa sujeira.

Bombinha química

Conforme o professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ítalo Braga de Castro, a bituca de cigarro é como “uma bombinha química” Uma única guimba na água pode tornar imprópria de 2 a 2,5 mil litros de água, considerando as espécies de organismos vivos mais sensíveis. Outros animais e plantas são mais resistentes, mas a contaminação pode representar de 70 a 100 litros de água imprópria para eles.

Filtro

A bituca é o pedaço “não-fumado” do cigarro e, na maioria das vezes, onde fica o filtro – usado especificamente para barrar a entrada de grandes quantidades de nicotina, monóxido de carbono e alcatrão. Logo, é o pedaço mais prejudicial à saúde. Não há pesquisas conclusivas que englobem bitucas de outros cigarros, como aqueles de fabricação caseira. “Se pegar uma garrafa PET vazia, colocar água da torneira e deixar um cigarro lá, você verá que em poucos minutos a água fica amarelada. Aquilo nada mais é do que as substâncias tóxicas que causam danos para saúde sendo dissolvidas”, explica Castro.

Quantidade

As pesquisas do Instituto do Mar apontam que as bitucas representam de 35% a 50% da quantidade de resíduos encontrados nas praias. Um dos estudos revela que esse material flutua, em média, por três dias antes de afundar, contaminando assim tanto fauna e flora marinha da superfície como as espécies do fundo do oceano. “São pequenos organismos que realizam funções essenciais para a vida na Terra, cujo impacto é muito mais profundo do que uma tartaruga com canudo no nariz. Não desdenho da comoção popular, mas não nos reconhecemos nem nos comovemos nessas algas, não dando a devida importância”, acrescenta o biólogo.

Não fumantes

Além dessa alteração nos organismos aquáticos, o consumo desse peixe faz com que essas substâncias que eram filtradas para não chegarem ao corpo de fumantes atinjam inclusive a parcela de não fumantes. Também não há conclusões favoráveis sobre a retirada dessas substâncias durante processos de filtragem e tratamento de água, o que pode representar um problema ainda maior por algo tão pequeno.