Opinião

A canalhice do amor

4 de abril de 2024

Foto: Reprodução

GILBERTO ALMEIDA

 

“Mas, o que seria a calúnia, se não uma faca encravada no peito errado, por uma pessoa mau caráter para fins destrutivos?” – Josianne Corrêa Cardoso

A benevolência e generosidade do editor chefe da Folha da Manhã, permitiu que este parvo articulista iniciasse a ocupar esse espaço no início da década de 90, quando ainda comandava o Escritório Municipal de Planejamento Integrado da Prefeitura, no mandato do saudoso Mestre José Figueiredo, cujas preciosas lições as conservo e guardarei para sempre. Sempre priorizei comentários e análises políticas, tanto do cotidiano passense, quanto dos níveis estadual e federal. Hoje, entretanto, ainda que personagens comentados aqui façam parte da política, minha análise estará muito mais ligadas a questões comportamentais do ser humano, suas reações e atitudes diante dos acontecimentos à sua volta. Nesses pouco mais de 30 anos, entre idas e vindas, não faltaram críticas especialmente aos gestores e sempre procurei cuidar para que tais colocações não se baseassem em fatos não comprovados o que se comprova pelo fato de jamais ter sido acionado para garantir o direito de resposta. Este espaço livre e democrático sempre se pautou por levantar questões sérias do cenário político,   presidido pelo obsessão de oferecer ao leitor, especialmente nos dias de hoje, uma visão diferente daquilo que os recursos públicos têm garantido aos governantes que é o de anular a grande maioria dos órgãos de imprensa, hoje submissos aos poderosos o que, em minha opinião é um dos mais graves atentados contra a verdadeira Democracia. Particularmente, nunca me faltará a coragem de me retratar caso cometa alguma injustiça que, repito, caso aconteça será involuntária. Um comportamento ético que obriga uma pessoa a corrigir uma fala injusta com relação a outra pessoa é o compromisso com a verdade e a justiça. Quando acontece uma fala injusta ou difamatória sobre outra pessoa, a ética dita que essa pessoa deve intervir para corrigir a situação. Reconhecer o  erro e assumir a responsabilidade pelas suas palavras se desculpando sinceramente à pessoa afetada e esclarecendo o equívoco praticado, considerando inclusive   fazer uma retratação pública. Ao agir com sinceridade, humildade e responsabilidade, o agressor pode contribuir para reparar o dano causado pela sua fala injusta e fortalecer seus valores éticos.

E exatamente aí entra o Presidente da República, Sr Luiz da Silva e a afetada primeira dama Rosângela da Silva, vulgo Janja. No início desse desengonçado governo, a arrebatada primeira Dama vociferou pelos 4 cantos e com um apoio descomunal da mídia comprada, que haviam desaparecido, 260 itens pertencentes ao palácio Alvorada, que estavam sob a guarda do casal Bolsonaro. Na ocasião, os Bolsonaros foram textualmente acusados pelo casal presidencial de terem afanado tais itens. Até aí poderíamos avaliar que é parte da esgotosfera reinante na política brasileira, não fossem tais itens encontrados posteriormente, demonstrando absurda “fake news” praticada pelos insigne casal Silva. Como todas as mazelas atuais são feitas à base do amor, também não haveria nenhum problema político e muito menos jurídico, as repugnantes injustiças praticadas pelos canhestros consortes mais poderosos do país.

Até aí, eu diria que é mais um lastimável  ato do teatro político reinante que pode ser comparado com o desprezível silêncio de toda a esquerda nacional com o desfecho do caso Marielle, mesmo após tantas acusações levianas contra Bolsonaro, ou quem sabe  a decretação do sigilo de 100 anos das despesas da Janja, mesmo após o Sr Luiz Silva ter garantido escancarar os sigilos de Bolsonaro. Agora tudo é feito com amor e estamos diante de um vale tudo que em áreas mais sensíveis como a economia pode apontar para a derrocada do país. O povo está se mostrando engasgado com tudo de ruim que tem acontecido no comando do vetusto Luiz Silva, ampliando as desconfianças sobre as reais intenções ideológicas de seu governo após narrativas insólitas serem desmascaradas. O ponto mais grave de todos, trata-se de que os tais 260 móveis foram “encontrados” dentro do próprio palácio há cerca de 6 meses e o casal Silva ardilosamente e de forma odiosa e maléfica,durante todo esse tempo assumiu um silêncio tumular sobre o assunto, mostrando a mais absurda canalhice e falta de ética.  Ficar calado após falar mal de alguém e  sabendo que era um equívoco, pode ser avaliado pelas intenções por trás desse silêncio, como falta de responsabilidade, ética ou empatia. Ética refere-se aos princípios morais que guiam o comportamento humano, envolvendo noções de certo e errado, justo e injusto, bom e mau. Ela busca determinar o que é moralmente correto em diferentes situações, considerando o impacto nas pessoas, na sociedade e no meio ambiente. A ética é  baseada em valores como honestidade, respeito, justiça e responsabilidade. Quanto à relação entre ética e caráter, é comum dizer que alguém que não possui ética também não tem caráter. O caráter de uma pessoa refere-se à sua integridade moral, suas virtudes e sua consistência no comportamento  ético. Portanto, alguém sem ética é visto como alguém sem princípios morais sólidos, o que afeta  sua integridade e confiabilidade.

Não me surpreendi por conhecer bem o Sr Luiz Silva,  suas descaradas mentiras e todo o seu repertório populista odioso e maledicente, só que agora, com o covarde e desonroso episódio do mobiliário do planalto, aconteceu um verdadeiro raio X, descortinando para todos o seu caráter ou melhor, a absoluta falta dele.

 

GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna