6 de outubro de 2023
Foto: Reprodução.
MUZAMBRINHO – O evento também foi marcado pelo reconhecimento dos cafés da Região do Sudoeste de Minas como um Arranjo Produtivo Local (APL) – aglomerações de empresas e empreendimentos, localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva.
O APL da região é composto por 21 municípios que têm o café como produto de impacto na economia local. Juntos, eles produzem, anualmente, 2,6 milhões de sacas de café de 60 quilos, em 178.530 mil hectares de área plantada e 11.818 propriedades rurais.
Em 2020, o Sebrae Minas iniciou um trabalho de posicionamento do território perante o mercado global de café, levando a uma estratégia de marca e valorização dos produtores. Três anos depois, foi lançada a Marca Coletiva Sudoeste de Minas, e conquistado o reconhecimento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, com a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência Sudoeste de Minas.
O presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Fernando Barbosa, reconhece a importância do APL, também, na valorização da marca da região para os cafés especiais. “Acredito que favorece a geração de negócios e o acesso a novos mercados. Fortalece o produtor e o produto com maior visibilidade. Estamos buscando condições de dar notoriedade para a região e fomentar uma nova cultura do café”, ressalta.
A oficialização da APL foi entregue pelo diretor de Arranjos Produtivos e Cooperativismo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas, Fernando Abreu. “O APL gera representatividade para o setor econômico, o que é fundamental para se conquistar e reivindicar outras demandas. É um trabalho em grupo que torna cada produtor mais forte, favorecendo o acesso a novos mercados, poder de compra, negociação e articulação com o Estado sobre as necessidades do setor”, explica.
A participação do setor agropecuário da região sudoeste na composição do PIB mineiro é significativa. Segundo o IBGE (2017), enquanto o estado soma 5,4% no setor, o Sudoeste alcança 14,9%. Já a área industrial em Minas era de 25,8%, e na região representa 36%. Quanto ao número de estabelecimentos agropecuários, são 41.743 negócios, sendo um terço destes com menos de 10 hectares.
Quanto ao perfil das 14 cidades foco, o estudo revelou que, juntas, somam 257 mil habitantes, sendo 12.165 produtores rurais – 91,15% homens, 66% acima dos 45 anos. Os dados trouxeram uma preocupação, já que 91% das propriedades eram familiares, e o perfil majoritário revelou que é necessário fortalecer a cultura de sucessão familiar e evitar o abandono ou transferência dos negócios.
Em relação às lavouras, os dados do IBGE mostraram que 76,44% são permanentes (abacate, azeitona, banana, café, caqui, entre outros), com 23,56% temporárias (abacaxi, abóbora, alho, batata, trigo, entro outros). Sobre as áreas plantadas, o café cobre 103 mil hectares (ha), o milho 21 mil ha, a soja 8,5 mil ha, e a cana 6,9 mil ha. Já a produção leiteira chega a 227 mil litros por dia.
O Grupo Montanhas do Sudoeste surgiu em 2019, a partir do Programa Lider do Sebrae Minas – que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável dos territórios por meio de uma atuação integrada entre as lideranças do poder público, entidades privadas e terceiro setor. Segundo o gestor do grupo, Renato de Souza, um dos projetos é reconhecer o café como patrimônio cultural de Minas Gerais, como ocorreu, recentemente, com a comida mineira.
“Nesta semana, recebi a notícia de que seríamos convidados a efetivar a assinatura do termo de cooperação entre o IF Sul de minas – campus Muzambinho, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico, em Belo Horizonte”, comemora.