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Produtores de leite reivindicam medidas para conter importações

6 de outubro de 2023

Foto: Reprodução.

Luciene Garcia

PASSOS – Produtores e lideranças sindicais do setor leiteiro em Passos e região reivindicam medidas para diminuir os índices de importação de leite no país. Desde o início da redução da tarifa de importação, implementada pelo governo federal a partir de 2019 e que tem validade até 31 de dezembro deste ano, o índice de importação saltou dos tradicionais 1 a 3% para 12%, atingindo US$ 520 milhões em 2023, valor recorde no período desde o início da série histórica, em 2012.

“É muito importante esta mobilização que nós Sindicato Rural e demais sindicatos atuarmos na estreita colaboração com os produtores e busquemos soluções específicas e cobrar a participação ativa em organizações do setor e o envolvimento político que são fundamentais para defender os interesses dos produtores de leite brasileiro”, disse Elder Maia, tesoureiro do Sindicato Rural de Passos.

A redução nas tarifas de importação começou no início de 2019, quando o governo federal suspendeu a alíquota de 14,8% para o leite em pó, integral e desnatado oriundo dos países da União Europeia e de 3,9% da Nova Zelândia. No ano passado, o governo diminui em 10% o índice de importação para países do Mercosul.

Na última terça-feira, 3, a crise que atinge os pecuaristas de leite foi tema de uma live realizada pelo Sistema Faemg Senar, junto com a Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite. Segundo a federação, cerca de 3 mil pessoas acompanharam a transmissão pelo YouTube e votaram pela ida a Brasília na quarta-feira, 4, para pressionar o governo federal por providências contra a importação do leite proveniente do Mercosul.

Segundo o Boletim do Leite do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq-USP), o preço do leite cru seguiu em queda em julho, pressionado sobretudo pelo aumento das importações e pela desvalorização dos lácteos. Na “Média Brasil”, o preço do leite ao produtor chegou a R$ 2,4142/litro em julho, recuo de 5,69% frente ao de junho e de 35% na comparação com julho de 22, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IPCA de julho de 23). Trata-se da terceira queda mensal consecutiva. E pesquisas em andamento do Cepea apontam para a continuidade dessa tendência em agosto.

Em Minas, segundo o Cepea, o preço pago pelo leite em agosto pela produção entregue em julho caiu 4,72% na média do estado e o produto foi cotado, em média, a R$ 2,50. O valor pago atualmente está bem inferior se comparado com o mesmo período de 2022, quando a cotação estava em torno de R$ 3,60, uma retração de 30,5%.

O Cepea também aponta que as importações seguiram em alta por conta de preços mais competitivos. Dados da Secex mostram que a compra de leite de outros países cresceu 6,1% de julho para agosto, somando 196 milhões de litros em equivalente leite, o que pressiona as cotações ao longo da cadeia e aumenta a perspectiva de que os preços no campo tendem a seguir movimento de queda para setembro.

Segundo o Cepea, ao contrário de meses anteriores, os custos de produção não caíram em agosto e a pecuária leitera teve alta de 0,25% no Custo Operacional Efetivo (COE) na Média Brasil, puxado pelas valorizações ocorridas nos concentrados e nos adubos e corretivos, cenário preocupante para o setor, tendo em vista que a progressiva perda na margem do produtor pode diminuir os investimentos na atividade neste curto prazo, o que pode prejudicar também o potencial de oferta nacional

Faemg

De acordo com informações da Faemg, a proposta principal é solicitar ao governo a imediata suspensão das importações de leite. “Se não avançar essa semana, voltaremos na semana que vem. Estamos prontos para tomar as ações necessárias para que a situação não piore ainda mais”, afirmou Antônio de Salvo.