CINEMA
Quem pediu mais uma adaptação de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”? Quem quer que seja, acertou. “Wonka” chega nesta quinta-feira, 7, aos cinemas com uma história deliciosa de esperança, inventividade e carisma. Deliciosa feito chocolate. Pedida perfeita para a família e o Natal.
O filme dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), que contribui com o roteiro de Simon Farnaby, volta 25 anos no tempo, do ponto em que conhecemos o Willy Wonka da fábrica. Ali ele ainda era apenas um jovem chocolateiro, recém-chegado de uma viagem de sete anos ao redor do mundo, onde descobriu sabores, culturas e magias, tudo o que precisava para virar o mais genial mestre dos chocolates do planeta.
Debaixo do clássico traje de cartola e sobretudo, desta vez é Timothée Chalamet quem encarna o personagem. É uma atuação leve, quase ingênua e muito mais sutil que a dos antecessores: o brilhante Gene Wilder (em 1971) e o exagerado Johnny Depp (em 2005).
Outro elemento que fica expresso muito mais pelas situações que pela própria personagem é a excentricidade de Willy. Ela está muitos níveis abaixo das versões mais velhas do doceiro. Talvez em razão da juventude? Com a idade, as manias, obsessões e maluquices se acentuam?
Um indicativo vem do diretor. “Ele é o tipo de personagem que você quer que seja excêntrico, mas não muito assustador”, disse Paul em entrevista coletiva. Ele defende que a versatilidade de Timothée o ajudou a encontrar o tom certo da personagem.
Essa nuance assinala o restante da atmosfera do longa. Com vilões caricatos, que dificilmente botam medo, “Wonka” entrega uma trama mais calçada nas relações pessoais. As questões e críticas sociais são escancaradas, por exemplo, com uma personagem que tem ânsia de vômito ao ouvir falar de pobres.
Outro sinal disso é um encarregado de polícia cuja prioridade é perseguir um jovem vendedor de chocolate ambulante, em vez de solucionar os homicídios da cidade. Só faltou um letreiro na tela: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência”. O que não deveria ser surpresa, já que este é um lugar em que até para sonhar é preciso pagar.
Mas são as matérias dos sonhos, os laços humanos e a derrubada do status quo que realmente conduzem a história. No caminho para conquistar a tão desejada loja e fábrica de chocolates, “Wonka” tem de enfrentar os poderosos, os corruptos e os hipócritas, sempre com a esperteza e perspicácia que só um inventor poderia ter.
Nada disso acontece sem magia. E aqui a música ajuda muito. Como tema central, Pure Imagination, do filme original, conduz toda a trilha sonora. O CGI, nossa velha computação gráfica, também contribui com cenários e criaturas. Tudo fica mais fantástico e colorido.
“Wonka” oferece um Natal inspirador. Usa do queridinho de Hollywood como protagonista para apresentar competentemente um clássico às novas gerações. E busca ensinar a ser livre como um flamingo, imponente como uma girafa e doce como chocolates.
WONKA (Wonka). EUA, 2023. Gênero: Comédia, Aventura. Classificação: Livre. Direção: Paul King. Elenco: Timothée Chalamet, Olivia Colman, Sally Hawkins, Hugh Grant. Cine Roxy, em Passos, 18h30 (Dub) e 21h20 (Leg). Cine A, em São Sebastião do Paraíso, 19h e 21h.