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Você já procrastinou hoje?

DÉCIO MARTINS CANÇADO

É sempre muito importante que façamos uma análise de nossa vida, o que está acontecendo conosco, os porquês de determinadas coisas estarem acontecendo, e assim por diante. Sempre é época para fazer um balanço do que passou e procurar vida nova, na tentativa de mudanças, promessas de melhoria e coisas afins. Então, vamos começar analisando algo que faz parte da vida de muita gente.

Ah! Já ia me esquecendo. O título desse artigo pode parecer um “palavrão”, mas quem nunca ‘procrastinou’ que atire a primeira pedra!

Aluno gosta muito disso. Sempre adiando o estudo, o trabalho que deve ser entregue, o livro que deve ser lido, hora de dormir… e quando chega o dia marcado, o primeiro pensamento é de qual desculpa ou justificativa será dada na escola e, até mesmo, em casa.

Professores, também, não deixam por menos, salvo honrosas e honradas exceções. Vivem procrastinando. É necessário formular uma prova, preparar bem a aula, corrigir trabalhos ou redações dos alunos, colocar o “diário” em dia, mas sempre adiam a ação, deixando para a última hora aquilo que poderia ser feito com antecedência e, por isso mesmo, melhor.

Também em casa, quanta procrastinação! Muitas vezes, justificadas e necessárias, pois a cada dia os compromissos vão se avolumando; o tempo, ficando cada vez menor para tanta coisa a ser realizada. Se acho que estou engordando… O regime? Segunda-feira, eu começo. Aquele livro? Nas férias, prometo que vou lê-lo. E aquela gaveta que precisa ser arrumada, o médico e o dentista adiados, a visita ao amigo ou ao parente para a qual nunca encontramos tempo.

Educa-se muito mais pelo exemplo do que com palavras. Do latim ‘procrastinare’, ‘procrastinar’ podem ser aqueles cinco minutos a mais na cama, após o toque do despertador, que atrasam a chegada ao colégio ou ao serviço, até perder prazos estabelecidos de um trabalho ou uma oportunidade de emprego, porque o currículo não foi entregue com a devida antecedência.

É aquela tendência de “empurrar com a barriga”, que atinge tanto os brasileiros quanto outras nacionalidades, mas só que lá, o assunto é tratado com mais seriedade, sendo objeto de artigos, livros e pesquisas, além de acompanhamento para avaliar e quantificar esse comportamento. Para o psicólogo clínico Roberto Banaco, as pessoas procrastinam porque existe permissividade, como se a própria cultura soubesse que é assim. “Marca-se uma data para desfazê-la ou não cumpri-la.

O ambiente escolar é um exemplo: muitos alunos deixam para a última hora a entrega de seus trabalhos, e o professor acaba aceitando. O mesmo ocorre com a pontualidade; quantas pessoas vivem atrasadas, a maioria aceita e vive numa boa desse jeito.” Eis aqui uma das principais razões para a pessoa postergar: o aparente ou efêmero sucesso obtido ao subestimar o tempo no cumprimento de uma tarefa. Porém, “caso a pessoa se dê mal na primeira vez, ela aprende a dimensionar o tempo”, afirma o psicólogo.

Destaco, ainda, que se não nos policiarmos, não fizermos uma tentativa constante de modificar essa forma de agir, corremos o risco de, além de sofrer punições e sanções sociais, quando se perdem bons negócios e oportunidades de emprego ou não se é mais convidado para nada, o ato de procrastinar pode transformar-se num transtorno obsessivo-compulsivo, sendo necessária a ajuda psicológica para enfrentamento do problema.

“Faça o que eu falo, mas não faça o que faço”, muitas vezes, é a regra do jogo, que pende, neste caso, apenas para um dos lados. Muito cômodo por parte de pais e professores que exigem do filho ou do aluno um comportamento responsável e ético, mas não fazem a parte que lhes cabe como educadores, deixando de cumprir prazos e compromissos assumidos ou esperados.

É necessário estarmos atentos às atitudes no relacionamento social e familiar, de um modo especial às reações de nossos educandos para orientá-los bem, e assim, podermos dar-lhes as condições ideais de se tornarem adultos felizes e realizados.
Essa é a verdadeira “EDUCAÇÃO PARA A VIDA”.

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