TURISMO
Todos os anos, o ritual se repete. Com a chegada do verão, os parreirais ficam fartos de uvas maduras e o Sul do Brasil entra em festa. É época de vindima!
A celebração da colheita é um ritual para relembrar o costume trazido principalmente pelos imigrantes italianos, que chegaram há exatos 150 anos no País. Muitos deles se fixaram justamente na Região Sul, que hoje concentra a maior parte da produção de vinhos no Brasil – só o Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 85% da produção vitivinícola nacional.
O período é um ápice para o enoturismo – o turismo que tem o vinho como principal objetivo -, que tem movimentado cada vez mais as vinícolas com diferentes e criativas experiências. Embora a estação traga uma série de atividades especiais, as vinícolas têm atividades o ano inteiro, e que podem incluir desde visitas com degustações até piqueniques, almoços harmonizados e pisa da uva com música. Coordenadora de projetos de Turismo e Economia Criativa do Sebrae-RS, Amanda Bonotto Paim destaca que as novas experiências são fundamentais para chamar a atenção dos turistas e atrai-los, inclusive, para vinícolas pequenas que têm grandes potenciais.
“Os momentos descontraídos aumentam o tempo de permanência do turista nas regiões do enoturismo. O Rio Grande do Sul, por exemplo, destaca-se nesta área, pois tem gastronomia bem conceituada, questões culturais importantes e uma boa rede de hospedagem”, explica Amanda.
Entre as diversas possibilidades, selecionamos 10 vinícolas para uma experiência enoturística memorável por diferentes lugares do Sul do Brasil.
Bento Gonçalves (RS): Vinícola Cristófoli
Durante todo o ano, a Cristófoli oferece atrativos como o piquenique sobre um edredom no meio dos parreirais ou, no verão, participar da pisa da uva como antigamente: com muita música e dança em um barril repleto de cachos de uva. A atividade é escorregadia e divertida. No final da experiência, quem pisa na uva coloca os pés sobre um tecido, que se transforma em lembrança. A experiência ocorre de janeiro a março e faz parte do Entardecer na Vindima, que inclui passeios de trator, visita à vinícola e brunch noturno. Custa R$ 429 por pessoa. Outra possibilidade é experimentar o almoço harmonizado, com receitas da casa (R$ 240 por pessoa); vinhoscristofoli.com.br.
Bom Retiro (SC): Vinícola Thera
Em uma das regiões mais frias do Brasil, na Serra Catarinense, a Vinícola Thera tem cenário único para quem busca paisagens de montanha e um empreendimento moderno e integrado à natureza. Na área da produção, nascem vinhos de altitude elegantes, com uvas chardonnay e pinot noir, por exemplo, que podem ser servidos em degustações guiadas. Com tempo, aproveite para apreciar a imensidão da propriedade em um piquenique ao pôr do sol com vista para os vinhedos (R$ 380 para duas pessoas).
Além da vinícola e do wine bar, a Thera conta ainda com a Pousada Fazenda Bom Retiro. Ao todo, são 18 quartos com lareira, piso aquecido e banheira. Diárias a partir de R$ 970; vinicolathera.com.br.
Canela (RS): Jolimont
Quem viaja a Gramado ou Canela também pode esticar para conhecer uma vinícola ali pertinho. Idealizada por um francês, a Jolimont fica a cerca de 20 minutos do centro e, na chegada, tem paisagem impactante, com vinhedos em frente a uma bela cadeia de montanhas.
Um dos principais programas é o Tour Premium, uma viagem a mundo do vinho que começa com um tour em realidade virtual. Depois, é feita a visita propriamente dita, passando pelos métodos de produção e armazenamento – com direito, claro, à degustação de rótulos em uma sala VIP. São abertos produtos Reserva e Gran Reserva, harmonizados com iguarias da casa. A experiência é exclusiva para grupos de no máximo 8 pessoas (R$ 145 cada; vinicolajolimont.com.br).
Dom Pedrito (RS): Vinícola Guatambu
Campos a perder de vista, fazendas centenárias e um horizonte repleto de gado, ovelhas, oliveiras e parreirais são o cenário da Campanha Gaúcha. A região, que por muito tempo chamou atenção pela pecuária, cresce no setor vitivinícola. Um dos destaques é a Guatambu, que celebra o Dia Épico uma vez ao mês. Em datas predefinidas, o programa começa com tour guiado e segue com almoço harmonizado com quatro rótulos. No cardápio há carnes de animais criados na estância dos proprietários da vinícola. Os cortes são feitos na parrilla e incluem bife ancho e assado de tiras de Polled Hereford, além de cortes especiais de carne de cordeiro. Para animar o passeio, que custa R$ 420 por pessoa, há músicas tradicionalistas e apresentação de artistas locais; guatambuvinhos.com.br.
Farroupilha (RS): Monte Astral
Mais nova vinícola da serra gaúcha, a Monte Astral trabalha com a filosofia da biodinâmica. Os vinhos são produzidos com intervenção mínima, respeitando os ciclos naturais do planeta. Além do passeio guiado, que inclui degustação e visita à área de produção, é possível almoçar no restaurante Ostara, com vista para o lago. O cardápio, dividido em etapas, privilegia ingredientes sazonais – custa entre R$ 260 e R$ 350, com harmonização; instagram.com/monteastral.
Garibaldi (RS): Chandon
Desde o ano passado, a grife de espumantes Chandon está com portas abertas para os enófilos. As experiências com rótulos especiais ocorrem no Terraço e na Casa-Container. Integrada à natureza, a casa tem degustação de quatro espumantes da linha Assinatura (Chandon Réserve Brut, Chandon Brut Rosé, Chandon Riche Demi-Sec e Chandon Passion) e custa R$ 150 por pessoa. Outra possibilidade é a degustação de quatro espumantes, um de cada linha (Assinatura, Raízes, Ícones e Free Spirit). Sai por R$ 190 por pessoa.
Inaugurado no Carnaval, o Jardim da Chandon, que abre aos sábados e feriados, é novidade. Para quem deseja levar uma lembrança, a boutique tem o portfólio completo da marca com rótulos exclusivos, além de edições limitadas; chandon.com.br/visite.
Pinto Bandeira (RS): Cave Geisse
A poucos quilômetros do Vale dos Vinhedos, a Cave Geisse é uma visita interessante para quem gosta de espumantes e passeios inusitados. Premiada pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) graças ao desenvolvimento de experiências de enoturismo, a vinícola tem no menu o Terroir Experience, uma aventura a bordo de um veículo 4X4 que percorre trilhas isoladas. O percurso inclui degustação – uma das paradas é à beira de uma pequena queda d’água. Outra pausa é no mirante, com vista para os vinhedos. A experiência tem duração de 1h30 e custa a partir de R$ 500 (para grupos de até 3 pessoas); familiageisse.com.br.
Nova Roma do Sul (RS): Casacorba
Em meio a vinhedos, canaviais e olivais, o Complexo Enoturístico e Gastronômico Casacorba fica na pequena Nova Roma do Sul, de 3,5 mil habitantes. A vinícola movimenta a região, com sua produção de vinhos, espumantes, destilados e azeite de oliva. Para os vinhedos são dedicados 30 hectares, repletos de variedades como tannat, merlot, cabernet sauvignon, chardonnay, entre outras.
Na proposta de oferecer enoturismo amplo, a vinícola tem wine bar, restaurante e sete cabanas que fazem parte da Villa Casacorba, vizinha a um lago. A experiência completa, com visita à vinícola, à destilaria, ao lagar de azeite e degustação de seis produtos, custa R$ 250 por pessoa. As hospedagens nas cabanas custam a partir de R$ 1.550 a diária; casacorba.com.br.
São Joaquim (SC): Villa Francioni
Conhecida por ser uma das poucas cidades no Brasil em que é possível nevar, São Joaquim também conta com uma cena vinícola importante. No alto das montanhas da Serra Catarinense, a vinícola oferece uma mistura única de tradição, inovação e paisagens deslumbrantes. O passeio começa pelo imponente prédio do empreendimento, com arquitetura inspirada na Itália, com paredes de vidro e vista para as araucárias.
Para conhecer a essência da Villa Francioni, sua história nos vinhedos e os cuidados na produção de vinhos, o tour inclui visão aprofundada do terroir que influencia o caráter dos vinhos. O percurso inclui visita em uma galeria de arte, que recebe exposições itinerantes, e passa também pela cave e área de produção. A degustação inclui diferentes rótulos e faz parte do programa completo, que custa a partir de R$ 75; villafrancioni.com.br.
Vacaria (RS): Vinícola Campestre
A vinícola que produz o vinho mais vendido do Brasil, o Pérgola, e o vinho fino Zanotto, tem uma impressionante estrutura de enoturismo, que inclui museus, caves e uma pequena capela. A cerca de 1.000 metros acima do nível do mar, na região dos Campos de Cima da Serra, a propriedade conta com terras de terroir único, com destaque para os brancos, como o sauvignon blanc. Os programas incluem degustação de vinhos em frente à lareira e almoços no restaurante Villa Campestre. O passeio completo custa R$ 150 por pessoa, com visita à propriedade e almoço. Já o piquenique nos parreirais custa R$ 129 para duas pessoas.