29 de maio de 2025
Pesquisa inova em combate de pragas e avança para uma produção mais sustentável / Foto: Divulgação
DELFINÓPOLIS – Uma inovação importante para a bananicultura brasileira será apresentada em Delfinópolis, durante a 7ª Feira da Banana e do Agro, que acontece entre os dias 11 e 14 de junho. A Embrapa Mandioca e Fruticultura, de Cruz das Almas (BA), escolheu a cidade mineira para mostrar ao público uma nova variedade de banana resistente à sigatoka negra, à murcha de Fusarium e a outras doenças que há décadas desafiam os produtores.
O lançamento oficial da variedade está previsto para o início de 2026, mas Delfinópolis, a segunda maior produtora de banana de Minas Gerais, terá o privilégio de acompanhar os resultados agronômicos e comerciais desta novidade.
A Comissão Técnica de Fruticultura do Sistema Faemg Senar comemora a novidade que traz um alívio aos produtores. “Minas Gerais é o terceiro maior produtor de bananas do Brasil e o Norte de Minas é a região maior produtora de bananas variedade Prata do país. Dada a importância desta fruta para o Estado, para o Brasil e sobretudo para o consumidor, vimos acompanhando as pesquisas junto à Embrapa. E os seus resultados são bastante animadores para a comunidade bananeira do mundo todo. Até então o que tínhamos desenhado era o risco de extinção da fruta dada a agressividade do Fusaruim TR4”, avaliou a presidente da Comissão, Neide Antunes Lage.
Segundo o pesquisador Fernando Haddad, um dos membros do Programa de Melhoramento Genético da Cultura da Bananeira da Embrapa, a novidade promete transformar a rotina de milhares de bananicultores brasileiros: com a nova variedade, a necessidade de aplicação de defensivos químicos pode ser reduzida drasticamente.
“Vamos supor que a gente faça 10 ou mais aplicações de defensivos; a gente vai reduzir para duas, uma ou até nenhuma, a depender da condição local. Em alguns casos, devido à murcha de Fusarium, há perda total da área; este novo material é resistente a essa doença, viabilizando o plantio de bananeira nesta área antes inviabilizada para variedades tipo Prata suscetíveis”, explica.
Produção
De acordo com dados do IBGE de 2023, a produção nacional de banana foi de 6.825.724 toneladas, distribuídas em mais de 456 mil hectares. Minas Gerais se consolida como o terceiro maior produtor de banana no Brasil, respondendo por 11,8% da produção nacional, com um volume superior a 847 mil toneladas em 2024, segundo o IBGE.
Delfinópolis é atualmente o segundo maior produtor de bananas de Minas Gerais, com 130 produtores cultivando uma área de 4.230 hectares. A estimativa de produção para este ano é de 82 mil toneladas, movimentando aproximadamente R$ 230 milhões. Esse valor, ao longo da cadeia produtiva e de distribuição, é triplicado.
De acordo com a Associação dos Produtores de Banana de Delfinópolis e Região (Adelba), o setor emprega diretamente cerca de 1.500 pessoas nas lavouras de Delfinópolis e região, sem contar os inúmeros empregos indiretos gerados. “O município está crescendo, não só o crescimento natural, como importando mão de obra de outras regiões do país”, afirma o produtor Evandro Lemos de Oliveira, presidente da Adelba.
O engenheiro agrônomo Sávio Marinho, pioneiro na produção de banana da região de Delfinópolis e dono da propriedade onde parte da validação da nova variedade está sendo conduzida, explicou que, durante a pesquisa, avalia-se altura de plantas, peso de cacho, ciclo, resistência a doenças e pragas, ao tombamento e vários outros fatores.
“Temos feito isto com variedades lançadas anteriormente. Estamos com boas expectativas com relação a esta nova variedade, mas sabemos que, muitas vezes, novos materiais, apesar de algumas características vantajosas, têm dificuldade de entrar no mercado. Mudar hábitos de consumo é difícil”, considera o produtor.
Segundo Sávio, a Comissão Técnica de Fruticultura da Faemg é um canal fundamental para levar as demandas dos produtores ao conhecimento dos órgãos responsáveis, fortalecendo a representatividade do setor no estado. “Tem sido muito bom o contato com produtores e colegas de outras regiões. Temos levado para discussão várias demandas do município, principalmente relacionadas à infraestrutura”, afirma.
O Programa de Melhoramento Genético da Cultura da Bananeira da Embrapa é conduzido pelos pesquisadores Edson Perito Amorim, Fernando Haddad, Janay Almeida dos Santos Serejo, Leandro de Souza Rocha, Alberto Duarte Vilarinhos, Claudia Fostes Ferreira, Rafael Aragão Vieira, Fabiana Fumi Cerqueira Sasaki, Eliseth de Souza Viana e Ronielli Cardoso Reis.