20 de outubro de 2023
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BELO HORIZONTE – A vacina contra o HPV tem efetividade de até 90% na prevenção de diversos tipos de câncer, principalmente no colo do útero, nos órgãos genitais, no ânus e na porção oral da faringe. No entanto, a taxa de imunização da população contra o vírus ainda não é a ideal, chegando a pouco mais da metade do público-alvo feminino e cerca de um terço do masculino, se considerada a segunda dose.
Em Minas, no período de 2014 a 2023, o índice de cobertura da primeira dose da vacina atingiu 85% do público-alvo feminino, acima da média de 80% definida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mas, em relação à segunda dose, o percentual de meninas imunizadas cai para 69%. A situação é pior entre os homens. Segundo dados Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), entre 2017 e 2023 50% do público-alvo masculino tomou a primeira dose e 35% a segunda.
Segundo Marcela Ferraz, da SES-MG, como o principal alvo do programa de imunização são os adolescentes, a hesitação em se vacinar está relacionada a problemas típicos da idade, como o fato de achar que nunca vão adoecer, à dificuldade de acesso às vacinas, oferecidas em lugares pouco frequentados por eles, como postos de saúde, e à falta de capacitação dos profissionais de saúde para lidar com esse público.
Para reverter esses números, o governo investe hoje em ações como um programa de vacinação itinerante, que deve chegar aos municípios com mais de 50 mil habitantes em 2024, e em incentivos financeiros às administrações municipais atrelados a ações nas escolas, uma demanda de todos os participantes da audiência, uma vez que são os espaços naturalmente ocupados pelo público-alvo.
Dados como esse motivaram audiência pública da Comissão Extraordinária de Prevenção e Enfrentamento ao Câncer da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na última quinta-feira, 19, sobre a relação direta entre a vacinação e a prevenção da doença e as estratégias em curso para a ampliação da cobertura vacinal.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima cerca de 17 mil novos casos de câncer de colo do útero no Brasil em 2023, o terceiro de maior incidência na população feminina, atrás do de mama e do colorretal. O que poucos sabem é que todas as mulheres que desenvolvem o câncer de colo do útero tiveram contato com o HPV, como destacou a chefe da clínica ginecológica da Santa Casa de Belo Horizonte, Maria Inês Lima.
Também são atribuídos ao vírus 88% dos casos no ânus, 70% dos na vagina e 50% daqueles no pênis, segundo a médica. O HPV é o segundo maior fator de risco para a doença, atrás apenas do tabaco, e estima-se que até 10% dos cânceres sejam induzidos pelo vírus nas mulheres e ao menos 5%, nos homens.
As maiores formas de prevenção do HPV são o uso de preservativo e a vacinação de mulheres e homens, mas principalmente de meninas que ainda não iniciaram sua vida sexual, que ainda não pegaram o vírus e, por serem jovens, produzem mais anticorpos.
Maria Inês Lima informa que o índice de proteção da vacina quadrivalente, oferecida hoje no Sistema Único de Saúde (SUS), é de 70% para os casos no colo do útero, chegando a 75% das ocorrências na vulva, 90% no pênis e 90% no ânus. A proteção é ainda maior com a vacina mais moderna disponível na rede privada, nonavalente.