5 de dezembro de 2024
Zema e secretários durante coletiva em Belo Horizonte / Foto: Reprodução
Leonardo Natalino
BELO HORIZONTE – A Organização das Nações Unidos para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu, nesta quarta-feira, 4, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
O título foi concedido durante a XIX reunião do Comitê do Patrimônio Cultural Imaterial, em Assunção, no Paraguai. A decisão foi tomada às 10h30 de ontem, antes do horário previsto, às 16h30. Durante coletiva de imprensa realizada momentos após a concessão do título, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, ressaltou a importância da conquista.
“Nós vamos passar a ter um alimento reconhecido. Até hoje, o Queijo Minas Artesanal, muitas vezes, era comercializado como um produto. Agora, nós vamos poder colocar o selo ‘Queijo Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade’, por conta das suas características únicas. É um alimento que vai se diferenciar de todos os demais”, disse.
“Lembrando que nós temos alguns alimentos únicos no mundo, como o champagne, que é produzido em uma região específica da França, que leva o mesmo nome. Então, essa origem fará com que o queijo seja ainda mais valorizado, e dificulte a imitação em regiões que não fazem parte das produtoras. E isso aumentará a produção”, afirma o governador.
Questionado sobre possíveis incentivos que devem chegar junto da titulação, Zema afirma que o governo tem buscado valorizar a produção. “Temos feito um trabalho para valorizar produtos genuinamente brasileiros. Criamos a ExpoQueijo, que está indo para a quarta edição, onde produtores de queijo do Brasil e do mundo têm a oportunidade de expor o seu produto. Poucas queijarias artesanais estão prontas para receberem turistas, mas já temos algumas, e esse trabalho será intensificado. Vamos dar total apoio a esse segmento. Lembrando que 100% da produção desse produto é artesanal, feito por famílias”, disse.
O secretário de Cultura e Turismo de Minas, Leônidas Oliveira, afirma que o objetivo é fortalecer os produtores com rotas de turismo como a da Canastra.
“É importante destacar que Minas Gerais está desde o começo do ano liderando o turismo no Brasil, segundo dados do IBGE. Na região sudeste, estamos há 24 meses na liderança, muito em função da nossa cozinha mineira, que tem o queijo como o grande elemento. O que buscamos, agora, é fortalecer os produtores e criar novas rotas de turismo, como foi com a rota do queijo da Canastra”, disse.
“O título que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal recebeu é o mesmo que as pirâmides do Egito receberam, ou o que a cidade de Ouro Preto recebeu, mas na categoria patrimônio da cultura alimentar”, afirma o secretário.
“Nós vamos continuar trabalhando para valorizar Minas Gerais, na centralidade da cultura mineira, tendo o queijo como esse grande elemento, que, agora, se une aos outros patrimônios da humanidade que nós temos, como Diamantina, Congonhas, Ouro Preto e a Pampulha. Vale destacar que no Brasil, 62% do patrimônio histórico protegido está em Minas Gerais. E nós temos o maior número de patrimônios históricos da humanidade”, completa Leônidas.
Questionado sobre o valor investido na campanha de promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como patrimônio pela Unesco, o governador Zema não soube informar, mas disse que “o patrimônio é imaterial. É intangível. É difícil você colocar um valor objetivo. E acho que o nosso trabalho foi muito mais focado no imaterial. Acho que está ligado em você construir uma reputação. E uma reputação não se constrói pagando. Se constrói demonstrando resultado, conquistando credibilidade. E nosso trabalho nesse queijo foi nessa linha”, afirma.
“São 300 anos de história. O que nós tivemos que fazer foi provar que esse produto mantém as características de produção de 300 anos. Como é que um queijo que nasceu na Cordilheira do Espinhaço chega e se desenvolve de uma forma tão potente em outras regiões do estado? E o pingo? Como surgiu? Não temos nem como medir. Não sabemos claramente como ele começou. Mas isso faz parte da cultura de Minas Gerais, de preservar as coisas”, afirmou o secretário Leônidas, após a fala de Zema.
A campanha para conquistar o título da Unesco começou em setembro de 2022, quando a candidatura foi lançada durante o 4º Festival do Queijo Artesanal Mineiro.
Celebrações
Para comemorar o título internacional, foi organizado um cale calendário de ações estratégicas e descentralizadas em Belo Horizonte e no interior.
Na manhã do dia 15, das 9h às 13h, o destaque ficará por conta da apresentação do maior queijo minas padrão do mundo na Igrejinha da Pampulha, em BH. A iguaria é tradicionalmente produzida em Ipanema, no Vale do Rio Doce.
As celebrações também acontecem pelo interior de Minas. De 6 a 14 deste mês, espetáculos de drones vão iluminar o céu e projetar imagens de queijos, montanhas e símbolos da cultura mineira em dez cidades pertencentes às dez regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal.
Haverá, ainda, shows de drones em São Roque de Minas, Diamantina, Araxá, Serro, Serra do Salitre, Santa Bárbara, Patos de Minas, Coronel Xavier, Uberlândia e Lima Duarte.