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Uma Senhora Dama

Seu pai foi um tradicional comerciante em Passos. Foi vicentino durante longo tempo, tendo sido presidente da Sociedade São Vicente de Paulo. Foi também um dos fundadores do Rotary Clube de Passos, nos idos de l957. Sua mãe, filha de italiano, dedicou-se inteiramente à família e dava uma atenção especial às carmelitas, que eram suas vizinhas nos primórdios do Carmelo São José, situado no já tradicional bairro Carmelo.

Com esse DNA, não se poderia esperar outra coisa dessa mulher senão aquilo que ela realmente é: filha excelente, esposa dedicada, mãe excepcional, passense de primeira linha.

A quem estou me referindo? Para os íntimos ela é a Penha do Hernani. Para os menos próximos, ela é a Dona Penha do Dr. Hernani. Para outros, na época, ela era a Primeira-Dama de Passos, título que ela, por sua simplicidade sempre rejeitou, apesar de tê-lo os tido por três vezes.

Nada disso vem ao caso. Tudo isso vem ao caso. Formada normalista no Colégio Imaculada Conceição exerceu o magistério com dedicação e amor até que o matrimonio a convocou a ser a grande esposa e mãe que nunca negou ser.

Dona Penha foi ativista estudantil no anos 60. Foi uma das fundadoras da UPES (União Passense dos Estudantes Secundários), que relevantes serviços prestou a muitos estudantes carentes. Participou da fanfarra do Colégio Estadual nos tempos do saudoso Professor Toniquinho.

Deixo de citar seu trabalho como esposa do prefeito de Passos. Isto é uma obrigação social e política, inerente ao cargo, para citar suas atividades como voluntária na Pastoral Carcerária da Igreja Católica e na Fazenda Sagrada Família.

Sofreu um choque quando pela primeira vez adentrou na cadeia pública de Passos e ouviu o barulho da grade fechando às suas costas. Somente sua fé em Deus permitiu que não desistisse dessa missão. Retornou centenas de vezes àquele ambiente com menor tensão psicológica.

Continuou por longo período. Tornou-se amiga de presos, condenados ou não. A muitos ensinou a rezar; a outros tornou-se conselheira e a todos uma amiga que levava palavras de conforto e, mais que isso, uma presença aguardada com expectativa pelos detentos ansiosos por liberdade e justiça. Comprometeu-se ainda mais nessa nobre missão, na ocasião que um encarcerado lhe pediu: “Dona Penha, eu não sei rezar a senhora reza por mi.” Esse trabalho que era realizado junto com outras amigas durou vários anos respirando o mesmo ar que a natureza nunca condenou.

Dona Penha foi além. Viu que outras pessoas precisavam de seu trabalho e do seu carinho. Foi por isso que ingressou na Associação Sagrada Família. Do que se trata? Cuida de adultos e jovens com algum tipo de dependência por drogas.
Mais um sonho realizado. Cuidar de quem necessita. Levar um raio de sol àqueles que não tem luz.

Nesses mais de 15 anos de atividade na “Fazendinha” como é conhecida essa obra, a fez expressar da seguinte maneira: “Ver um ser humano que se perdeu recuperado e que contribuímos para isso, nos faz sentir mais próximos de Deus. “É nesse que lugar se unem oração, evangelização, trabalho, amizade, companheirismo e o resultado só pode ser com é, a recuperação social e moral de um ser humano que por qualquer motivo estava no descaminho.

Mais ainda Dona Penha foi exímia professora primária, até o seu casamento e dedicada catequista católica durante longos anos e é, até hoje, lembrada por aquelas, hoje pessoas adultas, que ela encaminhou na senda do catolicismo.
Suas qualidades como filha, irmã, esposa, mãe e avó, religiosa e caridosa, encontrou no seu companheiro de toda vida essas mesmas qualidades. Dr. Jose Hernani Silveira, seu esposo por quase 50 anos, foi seu parceiro, companheiro, incentivador e inspirador. Viveram plenamente um matrimonio feliz.

Dona Penha nunca fez ou permitiu que divulgassem seus trabalhos. Sua simplicidade e modéstia não permitiam isso. Nesse momento torno-me um intruso em sua vida sem lhe pedir permissão, mas o faço em nome de nossa cidade que precisa e gosta de conhecer o valor de suas mulheres e essa é sem dúvida uma das grandes Damas de Passos, merecedora do respeito e admiração de todos os passenses.
Maria da Penha Freire Silveira, uma grande MULHER que dignifica Passos.

MARCIO NOGUEIRA – Dia Internacional da Mulher de 2023

 

 

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