DÉCIO MARTINS CANÇADO
Entre as inúmeras estórias que se contam a respeito da vida, do modo de agir e reagir frente às situações corriqueiras que enfrentamos normalmente, geralmente, é citado que um determinado ‘mestre’ indiano ou budista ensinou isso ou aquilo no sentido de melhorarmos nossa maneira de ser.
Sem desmerecer qualquer um desses mestres, embora muitos deles, citados nesses contos, sejam imaginários, fictícios, acredito, mas como Cristão, que todos os ensinamentos que precisamos para termos uma vida harmoniosa, com muita paz e alegria se encontram nas parábolas, nos exemplos e nos Ensinamentos do Mestre Maior, Jesus Cristo, disponíveis na Bíblia.
Acredito, também, que tudo aquilo que puder contribuir para que sejamos melhores na forma de viver e de conviver em comunidade, todo ensinamento que puder nos auxiliar nesta caminhada terrena, sempre será bem-vindo. Não há razão para que determinado ensinamento seja discriminado ou rejeitado, apenas porque nos foi transmitido por outras religiões ou filosofias. Uma poderá completar a compreensão de outra, sem desmerecê-la.
Pensando assim, quero compartilhar um desses inúmeros textos que circulam por aí, falando desses sábios que, utilizando-se de parábolas, de pequenas estórias, esclarecem para seus seguidores situações do dia a dia que ocorrem com qualquer um de nós.
“Certa vez, perguntei para o Ramesh, um de meus mestres na Índia: – Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas num copo de água? Ele simplesmente sorriu e me contou uma história…
-Era um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo falou que ele iria para o céu. Um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o Paraíso.
Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas, mesmo assim, ele foi até lá. Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de ‘qualidade total’. A recepção não funcionava muito bem. A moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, orientou-o a ir ao inferno. E no inferno, você sabe como é. ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar.
O sujeito entrou lá e foi ficando.
Alguns dias depois, o demônio chegou furioso às portas do Paraíso para tomar satisfações com São Pedro: – Isso não se faz! Que falta de ética de sua parte! Nunca imaginei que fosse capaz de uma baixaria como essa. Isso que você está fazendo é puro terrorismo!
Sem saber o motivo de tanta raiva, São Pedro perguntou, surpreso, do que se tratava.
Satanás, transtornado, desabafou: – Você mandou aquele sujeito para o inferno e ele está fazendo a maior bagunça lá. Ele chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora, está todo mundo dialogando, abraçando-se, beijando-se. O inferno está insuportável, parece o Paraíso!
E, então, fez um apelo: – Pedro, por favor, pegue aquele sujeito e traga-o para cá!
Quando Ramesh terminou de contar essa história, olhou-me carinhosamente e disse: – Viva com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso”.
Problemas fazem parte da nossa vida, porém, não deixe que eles o transformem numa pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo e, às vezes, você não terá escolha.
Sua vida está sensacional e, de repente, você pode descobrir que uma pessoa amada está doente; que a política econômica do governo mudou; e que infinitas possibilidades de encrencas aparecem.
As crises você não pode escolher, mas pode escolher a maneira de como enfrentá-las. E, no final, quando os problemas forem resolvidos, mais do que sentir-se orgulhoso por ter encontrado as soluções, você terá orgulho de si mesmo.