2 de janeiro de 2024
Secretaria de Saúde vai aportar, por meio da Fapemig, R$ 10 milhões no projeto; próxima etapa é de testes em humanos./ Foto: Divulgação.
SAÚDE
A Universidade Federal de Minas Gerais e o governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Saúde e da Fapemig, estão finalizando o processo de formalização do aporte de recursos para as novas etapas de desenvolvimento da Calixcoca, vacina terapêutica contra a dependência de cocaína e crack desenvolvida na Universidade. Os recursos, da ordem de R$ 10 milhões, viabilizarão a continuação da pesquisa, que entrará em breve na fase 1 de testes, que verificará a segurança do produto no uso em humanos.
Segundo a reitora da universidade, Sandra Regina Goulart Almeida foi recebida pelo secretário Fábio Baccheretti, em reunião de que também participou, por videoconferência, o diretor de Ciência e Tecnologia da Fapemig, Marcelo Speziali.
“O governo de Minas é nosso parceiro desde o início do projeto, quando houve financiamento da Fapemig. Agora, esse novo movimento de apoio contribui para a consolidação da pesquisa, que apresenta resultados muito positivos, mas ainda tem longo caminho a percorrer e culminará em um produto de valor para as políticas públicas e um aliado no tratamento da dependência química”, disse a reitora da universidade Sandra Goulart, que recebeu em reunião o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, e o diretor de Ciência e Tecnologia da Fapemig, Marcelo Speziali.
“O estado de Minas Gerais não poderia deixar de apoiar esse projeto, que é reconhecido internacionalmente por seu pioneirismo. Estamos tratando dos instrumentos para formalizar esse aporte o mais rapidamente possível. Trata-se de uma pesquisa mineira que dará contribuição crucial para a saúde pública do país”, afirmou Baccheretti.
O professor Frederico Garcia, da Faculdade de Medicina da UFMG, um dos pesquisadores que lideram o projeto da Calixcoca, afirmou que, depois de vencer a etapa de testes em animais, o projeto está em fase de orçamento e planejamento para os próximos passos, a começar dos primeiros testes em humanos. “Aguardamos a aprovação da Anvisa para a fase 1, que verifica possíveis efeitos colaterais em humanos”, disse.
Segundo o pesquisador, o medicamento induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. Segundo ele, o projeto já passou por etapas pré-clínicas, em que foram constatadas segurança e eficácia para tratamento da dependência de crack. “É preciso fazer uma avaliação científica para identificar com precisão como ela funcionaria e para quem ela seria eficaz, de fato”, disse Frederico.
A Calixcoca foi reconhecida recentemente pelo Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas, por seu caráter inovador, e pelo Prêmio Euro Inovação na Saúde, organizado pela farmacêutica multinacional Eurofarma.
Em setembro, a reitora Sandra Goulart Almeida e o professor Frederico Garcia apresentaram o projeto da vacina ao ministro Camilo Santana, da Educação, e solicitaram apoio do governo federal para dar prosseguimento aos testes. No Congresso Nacional, existe o compromisso de destinação de verbas de emendas parlamentares individuais.