Turismo

Turismo

18 de janeiro de 2024

Em Ubatuba, ilha de antiga prisão tem restaurante, hospedagem e trilha

Parte valiosa da história do Brasil, o Parque Estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba, foi entregue no ano passado para uma permissionária que será a responsável pela administração, conservação e manutenção do local pela próxima década. Como parte do investimento feito pela Green Haven, o local que antes servia como santuário tupinambá e mais tarde funcionou como prisão de segurança máxima agora oferece hospedagens nos prédios originais desse mesmo complexo carcerário, restaurante e lanchonete com comida de tradição caiçara, além de trilhas acessíveis que escondem paraísos naturais, como o “Caribe brasileiro”.
A apenas 500 metros da costa de Ubatuba, a travessia de barco até o Parque Estadual Ilha Anchieta dura cerca de 15 a 20 minutos e é feita principalmente a partir do Saco da Ribeira, enseada no sul da cidade onde fica a marina mais movimentada, mas também das Praias da Enseada, do Itaguá, do Lázaro e das Toninhas. Transformada em parque estadual e catalogada como uma Unidade de Conservação em 1977, o parque teve a pesca proibida às margens de todo o seu território no início da década seguinte e desde então tem tentado equilibrar a preservação ecológica com o interesse turístico.
Parte dos compromissos firmados para a entrega da permissão previa que a empresa contratasse a maior parte dos funcionários entre moradores de Ubatuba, construísse ao menos um albergue/hostel e incentivasse o ecoturismo no parque. Apesar da mudança na gestão, os ingressos cobrados continuam a preços módicos, a partir de R$ 19 a entrada inteira para brasileiros e residentes.

Relíquias históricas

Ponto valioso para a história do Brasil desde que serviu como bloqueio estratégico para a colonização portuguesa, a Ilha Anchieta recebeu esse nome em homenagem ao padre de mesmo nome que catequizou os índios tupinambás que originalmente habitavam o local e consideravam aquela terra um santuário. Nos séculos seguintes, ela se tornou palco para prisões políticas, rebeliões e, hoje, de roteiros turísticos.
Uma das paradas essenciais para quem visita o parque é o Complexo Correcional da Ilha dos Porcos, onde funcionava na década de 1950 uma prisão com oito pavilhões singulares e todo o aparato que dava apoio aos presos da época e ao funcionamento da prisão, como lavanderia, padaria, cozinha, refeitório e banheiros.
Nas paredes de algumas celas, tanto das solitárias quanto das isoladas, ainda é possível ler algumas mensagens de desespero e de esperança escritas há mais de um século pelos habitantes da ilha.

Hospedagens e restaurante

Parte do que antes ditou o estilo de vida dos moradores da Ilha Anchieta no século foi reestruturado e reformado pela Green Haven para servir a algum propósito turístico nos dias de hoje. O prédio onde funcionavam o hospital e o necrotério da ilha hoje abriga uma hospedagem de quartos equipados com camas de solteiro e de casal, vista para o mar e banheiro compartilhado.
O preço médio da diária para cada uma dessas modalidades fica em torno de R$ 300 por pessoa, a depender de quantas pessoas vão se hospedar e qual será a lotação atingida pelos hóspedes. Ainda nas últimas etapas de finalização, os três prédios já têm recebido grupos de turistas desde que foram abertos.
O Aquário Natural que fica entre uma formação circular de rochas é ponto de desova para vários cardumes da costa de Ubatuba, principalmente para o Sargentinho (ou Paulistinha, como é conhecida a espécie Abudefduf saxatilis).
Amarelo com listras pretas, o peixe costuma medir de 3 a 5 centímetros e está presente em boa parte do litoral da cidade (como na Praia da Fortaleza), nadando aos montes e despreocupado entre os banhistas.
‘O Caribe brasileiro’

Ainda na parte da sul da ilha, a Praia das Palmas é conhecida como o Caribe brasileiro pelas areias brancas, a cor azul esverdeada das águas, que a depender da condição da maré se mantêm rasas por centenas de metros adentro do mar.
A trilha que dá acesso ao local também é autoguiada, com acessibilidade para pessoas com dificuldade de mobilidade em todo o trajeto e leva cerca de 10 a 15 minutos saindo da recepção.
Ao final, chega-se à maior praia do parque, com aproximadamente 1 quilômetro de extensão.