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Trata-se de amar

LARISSA LORENA DE JESUS SILVA

Nos tempos em que climas e emoções se misturam, se faz necessário olhar não só para si, mas também para o outro. São tantas as confusões e os acidentes de alma e de natureza humana e de meios ambientes, que os inteiros, os completos, os cheios, se perderam e têm dificuldades em se encontrar. Talvez, por não sabermos que somos parte, que, para crescer, é preciso acrescer, juntar: alegrias, dores, dias e noites. Talvez, por falta de uma visão ampla o bastante para enxergar através dos, e mais que os, olhos. Ah, se usássemos toda a capacidade que temos de ver a vida na sua integralidade e na sua e nossa necessidade! A vida sou eu, é você.
Ela, a vida, é esse calor que nos faz suar, mesmo sem correr; é a corrida distorcida pelos ideais que são adotados todos os dias, sem se ter o conhecimento do ponto de partida e da linha de chegada. Mas a vida também é a chuva que cai após o sol escaldante, refrescando mentes, corpos e corações. Não é linear. Nunca será. Não é triste. Também não é contente.
Apreciar cada milagre que nos é concedido todos os dias (sim, eles existem todos os dias) é essencial, apesar e acima de tudo. As portas que se fecham, se fecham por culpa do vento, o mesmo vento que não consegue fechar as janelas por onde entram todas as inimagináveis oportunidades. Emoções e clima realmente fazem parte do que nos direciona e nos estrutura. O meu maior milagre diário é ainda ter esperanças tantas e ainda acreditar no amor. É revolucionário. Tem que ser.
Pela minha pouca experiência de vida, e muita experiência de uma essência que transborda e transcende qualquer palavra definível que eu poderia, ou não, aqui utilizar, posso dizer, e que bom que também escrever, que a vida é extraordinária. Assim a defino, colocando na dela, na minha e na sua bagagem, momentos bons e ruins, ressaltando: momentos. É do que somos feitos, desfeitos e refeitos.
Somos formados pelas partículas dos momentos marcantes que nos trouxeram ao presente, e que nos levarão ao futuro. Momentos são presentes da vida para vivermos mais. Não podemos controlar o tempo, os sentimentos, as ações alheias (muitas vezes, nem as nossas), a chuva, o sol, o frio, o calor, a alegria ou a dor. Mas assim como todos esses elementos necessitam uns dos outros para existirem e resistirem, por momentos; assim como o dia precisa da noite e como a escuridão precisa da claridade para se provarem e se completarem, carecemos uns dos outros para viver. Nada dito até agora é conselho de autoajuda. Vai além, entende? Sente? Posso resumir. Eu falo do já citado amor, genuíno e imprescindível. Do amor sentido e também doado. Doar-se, não é à toa, é um dos maiores atos de amor. Sendo um sentimento imenso, mas ao mesmo tempo puro e manso, não ousaria conceituá-lo. Mas me atrevo a entendê-lo e a indicá-lo com algumas noções de conhecimentos nem sempre básicos: empatia, compaixão, falar, escutar, estender e dar as mãos, sacrifício, companhia, um abraço, perdão. Conheci tais atos e sentimentos através do que sempre carreguei comigo e que não sei explicar. Mas sei que todos temos a capacidade, por e com esse amor, de nos salvar.

LARISSA LORENA DE JESUS SILVA, escritora, bacharel em Direito e estudante de jornalismo. Integra a Associação Cultural dos Escritores de Passos e Região, cujos membros se revezam na autoria de textos desta coluna aos sábados

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