NIKOLAS FERREIRA
A catástrofe no Rio Grande do Sul deveria, em tese, mostrar que em momentos como esse disputas políticas e ideológicas pouco importam, afinal há milhares de pessoas necessitando de ajuda. Na prática, a esquerda infelizmente transformou uma tragédia em ações de marketing e propaganda política.
Claro que não foi com essa intenção, mas é incrível como a postagem de uma “jornalista” resumiu bem o que o Governo Federal está fazendo em meio à crise no RS: “Desconfie de quem diz estar fazendo o bem filmando sua própria suposta bondade o tempo inteirinho”. Não só estamos desconfiando, como está claro que, para os governistas, ajudar a população do sul do país está longe de ser o primeiro plano.
Com a mesma e velha história de um suposto combate às fake news, Paulo Pimenta pediu a investigação de postagens que teriam notícias falsas sobre ações no estado gaúcho, o que foi acatado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Só não entenderam que, se para eles há dificuldades de interpretação sobre o que é mentira e o que é censura, para nós, não.
Usar esse pretexto para calar opiniões e constatações, simplesmente por não serem elogios ou palavras que os agradam, além de gravíssimo é uma vergonha, pois até em momentos de calamidade, os tiranos não deixam de lado a perseguição ideológica. Estamos em uma “democracia” em que o permitido, sendo verdade ou não, é o que agrada o ego de quem só quer elogios, mesmo não merecendo.
A estratégia lulista para levantar a narrativa de que o Estado está trabalhando muito é tão precária que nem mesmo os que vivem de bajular o atual presidente estão se arriscando a atravessar essa linha, pois ficou difícil defender o indefensável. Recentemente, enfim conseguiram elogiar os voluntários que estão fazendo um trabalho árduo, mas o incômodo que mostraram contra o “civil salva civil” não será esquecido.
No mundo paralelo do PT, forçar uma comoção exagerada, postar um vídeo sorrindo enquanto pessoas trabalham e posar para fotos em um avião com cestas básicas criteriosamente espalhadas em cada poltrona da aeronave – que não comporta 900 toneladas mas neste caso se resolve com uma errata – sinaliza algum tipo de virtude ou colabora com a boa imagem. Ainda não entenderam que o Brasil é enorme e não se restringe ao que pensam no Palácio do Planalto. Na verdade até entenderam, mas preferem continuar com o teatro humanitário e silenciar os que não aplaudem as cenas.
Lula continua perdido. A todo tempo precisa mencionar e reforçar sua crença em Deus para tentar enganar o público cristão e diante do que aconteceu no sul não foi diferente. Seu principal inimigo continua sendo ele próprio, já que mesmo que de forma efetiva a esquerda não represente classes específicas ou minorias, há a necessidade de seguir a cartilha e ao menos tentar mostrar o contrário.
O resultado disso foram falas como: “eu falei para a Janja no domingo que é impressionante. Eu não tinha noção que aqui tinha tanta gente negra. E ela me falou que são os mais pobres” ou “máquinas de lavar são muito importantes para as mulheres”; e a cereja do bolo em “quando vai fechar a porteira?”. Não gostou? Aceite, afinal nunca há preconceito ou ataques se o interlocutor é progressista. São apenas gafes. Intermináveis, porém somente gafes. Para quem acha que Paulo Pimenta nunca acerta, o fato dele preferir usar o celular enquanto seu chefe discursa serve para mostrar que há uma primeira vez.
Comparando os discursos que reconhecem e elogiam o voluntariado com aquele que diz que a “mãe Terra está limpando o sul”, como dito por uma assessora de um deputado do PSOL, não é difícil escolher qual defender, mesmo que tentem te convencer que a fala antidemocrática seja aquela que carrega verdades e não ódio contra os sulistas. Mesmo que não seja unanimidade, a grande maioria do Brasil reconhece quem de fato está reportando os acontecimentos e ajudando aqueles que necessitam, sem colocar a própria imagem em primeiro lugar. Não será a tirania nem o discurso encenado de emissoras com cada vez menos credibilidade que mudarão isso.
NIKOLAS FERREIRA, 26, é deputado federal por Minas Gerais. Foi vereador por Belo Horizonte e graduado em Direito pela PUC-MG