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Tráfico lidera entre crimes praticados por menores em Passos

21 de outubro de 2024

Até o fim deste ano, registros de apreensões de menores por tráfico pode chegar a 75 / Foto: Reprodução

Leonardo Natalino

 

PASSOS – Os menores de idade estivem envolvidos em 41,61% das 137 ocorrências de tráfico de drogas registradas em Passos entre janeiro e setembro deste ano. O tráfico de entorpecentes é o principal crime cometido por adolescentes no município.

De acordo com o comandante da 77ª Companhia de Polícia Militar, capitão Diogo da Silva Rosa, até setembro deste ano foram 57 apreensões de menores por envolvimento no tráfico de entorpecentes e 80 prisões de pessoas com 18 anos ou mais.

Em 2023, nos doze meses do ano foram registradas 46 apreensões de menores e 78 prisões por tráfico, o que corresponde a 124 ocorrências. Até setembro de 2024, já são 13 a mais em comparação com o número total do ano anterior. Essa diferença, de acordo com o capitão, pode ser justificada pela redução de outros crimes na cidade, como os roubos.

“Nós temos mais condições de dar atenção a outros crimes, como o tráfico, principalmente, por conta da redução do número de roubos, que é um tipo de ocorrência que geralmente damos mais atenção, por conta do dano material e psicológico gerado à vítima”, diz o capitão.

“É semelhante ao hospital, que tem diferentes níveis de emergência para atendimento dos pacientes. Por conta da redução dos roubos, a viatura tem mais tempo disponível para atender outras ocorrências. Então, se você comparar o número de outros crimes cometidos em 2023, houve redução em 2024, e, por isso, houve aumento no número de prisões por tráfico” explica o comandante.

Segundo o capitão, o aumento do número de apreensões não deve ser relacionado ao número absoluto de menores que traficam em Passos. “Nós estamos conseguindo apreender mais porque outros crimes que a gente entende como mais importante para a sociedade diminuíram. Então, a leitura dos números não indica, necessariamente, o aumento no número de menores traficando, mas apenas o número de apreensões”, disse.

Até setembro deste ano, foram registradas em média 6,3 ocorrências por mês de tráfico com envolvimento de menores de idade. No passado, foram 3,8 por mês. De acordo com o capitão, o número deve aumentar até o fim de 2024. Caso siga a média, 2024 deve encerrar com cerca de 75 registros de apreensões.

Quando apreendido pela Polícia Militar, o menor é encaminhado à delegacia da Polícia Civil. Caso o delegado ratifique o flagrante, o menor fica à disposição do Poder Judiciário e pode ser encaminhado a um estabelecimento de recolhimento, como o Centro Socioeducativo. O tempo de reclusão varia entre um dia e três anos.

Para o capitão, o combate ao envolvimento de menores no tráfico de drogas deve ter ação de outras instituições da sociedade. “É uma questão social. Não apenas policial. Outras entidades da sociedade devem agir para que reduza. Mas, em alguns casos, há uma desestruturação familiar, analisando de forma empírica, porque não temos os dados. O adolescente fica mais vulnerável a cometer crimes”.

“Acredito que a educação é outro fator que influencia. À medida que temos mais pessoas com grau de estudo maior, a tendência é que menores crimes sejam cometidos. Contudo, se analisarmos o Brasil do início dos anos 2000, por exemplo, o número de analfabetos era maior, mas o número de roubos era menor”, afirma o capitão.

“Também há a questão dos valores enraizados do brasileiro. A cultura de se dar bem, de levar vantagem. Às vezes, alguns crimes não são socialmente reprovados. E isso é muito complexo, porque está relacionado com o passado do país, desde a época da colonização e como o país foi formado”, aponta.