PASSOS – O Terno dos Jerônimos de Passos, grupo que preserva as tradições, costumes e saberes dos ancestrais africanos, foi reconhecido como Comunidade Remanescente de Quilombo por meio da Fundação Palmares, em maio deste ano.
“A certificação é de grande importância, já que reforça a nossa ancestralidade, nossos direitos e resistência, e que nos ajuda a manter viva a nossa cultura e história na cidade”, afirma Carolina do Carmo, membro da comunidade.
Segundo a legislação brasileira, um quilombo é uma comunidade étnico-racial com trajetória histórica própria, que se autodefine a partir de relações específicas com o território, o parentesco e a ancestralidade, além de práticas culturais próprias. Essas comunidades são reconhecidas como remanescentes de quilombos, ou seja, descendentes de africanos escravizados que se refugiavam e formavam comunidades de resistência.
De acordo com Carolina do Carmo, o processo para o reconhecimento iniciou em 2022 e “foi uma trajetória longa, marcada por muitos desafios e reflexões. Foi um momento que nos remeteu ao passado e nos fez enxergar o quanto ainda estamos 100% ligados à nossa ancestralidade”, afirma.
O procedimento teve auxílio da Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais N’Golo, e de Eliane Baltazar, quilombola da Irmandade do Rosário de Justinópolis, que está elaborando uma dissertação de mestrado sobre o tema na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).
“Com o reconhecimento oficial, a luta ainda continua. Estamos em busca de melhorias para nossa comunidade, desde infraestrutura até projetos de educação antirracista. Queremos garantir que nosso povo tenha acesso e valorize sua história e cultura. A luta é diária, mas estamos determinados a seguir em frente”, diz Carolina.
Fotos: Reprodução