Ézio Santos
PASSOS – O técnico de basquete feminino de Passos, Danilo Graciano dos Santos, o Danilão, e a atleta Jéssica, foram vítimas de ato racista durante a partida da final Jogos da Juventude (Joju) do Sul e Sudoeste mineiro (Assesmig), no último domingo, 4, em São Lourenço. Um boletim de ocorrência foi registrado após o jogo, no posto da Polícia Militar no município.
Segundo informações da Prefeitura de Passos, a discriminação ocorreu no Ginásio Polidesportivo Pedro Melo, após uma disputa entre a jogadora de Passos e outra de São Lourenço, onde resultou na expulsão de ambas. Danilão foi até o local para retirá-la do tumulto e ao chegar no banco de reservas, um torcedor que estava na arquibancada do ginásio, teria chamado a jogadora de “macaca” e dizendo que a outra atleta era esposa dele. No desenrolar da confusão, o treinador passense também teria sido ofendido com termos racistas e com palavrões.
De acordo com informações apuradas, como Jéssica não podia permanecer no banco de suplentes, Danilão a levou para próximo do vestiário do time masculino de Passos, que entrou em quadra após o confronto feminino.
Durante todo o desenrolar da situação, não havia nenhum militar no ginásio. Mesmo após o tumulto causado pela expulsão das duas atletas de basquete e os árbitros afirmar que tinham acionados a Polícia Militar, o policiamento no local só chegou após o encerramento da última partida, momento que a delegação de Passos registrou o racismo.
O técnico Danilão esperar a apuração dos fatos, já que um boletim de ocorrência foi registrado no posto da Polícia Militar de São Lourenço.
“Lamento o ocorrido e estou muito chocado até agora. Tive forças para defender Passos contra Guaxupé, fomos campeões, mas a alegria foi abafada pela ofensa racista contra mim e contra a Jéssica. São casos que vem aumentando e isso me preocupa demais, porque minha família é preta. Peço justiça e também a Deus para que cessem as discriminações, sejam por qual motivo for”, desabafou.
O prefeito de Passos, Diego Oliveira, afirmou em vídeos divulgados nas redes sociais, que já acionou a Controladoria e a Procuradoria do município para tomar as devidas providências.
O suposto autor do ato racista teria deixado o ginásio após o encerramento da partida, mas nenhuma pessoa da delegação de Passos que estava no local soube informar sua identidade.
O time de basquete feminino perdeu a final para São Lourenço, pelo placar de 43 a 46, ficando com o vice-campeonato.
Repúdios
Nesta segunda-feira, 5, o secretário-geral da Assesmig, em nota oficial, escreveu: “A entidade repudia qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, cor, credo, raça ou religião, como reza no seu estatuto. As medidas internas já estão sendo tomadas, e nos colocamos ao dispor da jogadora e da equipe passense. O rapaz deve ser localizado pelas autoridades competentes, ouvido e assim responder pelos seus atos perante a justiça”.
Já o secretário municipal de Esporte, Lazer e Juventude, Vicente de Paula Campeiz, afirmou que “repudia toda forma de racismo e preconceito no esporte. É inadmissível isso acontecer com qualquer pessoa, ainda mais com nosso técnico Danilo e a atleta Jéssica. Já acionamos o Departamento Jurídico da Prefeitura e tomaremos as medidas necessárias para defender os envolvidos”.