PASSOS – O Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) da Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS) promoveu um encontro virtual de médicos e enfermeiros com o médico José Geraldo Leite Ribeiro, para capacitação nos novos protocolos e notas técnicas de profilaxia da raiva humana.
Segundo informações da SRS, a reunião também serviu para tornar os profissionais em pontos focais de apoio aos médicos prescritores de vacina e soro antirrábicos para humanos em seus municípios. O encontro teve participação de mais de 100 profissionais.
De acordo com a superintendente regional de Passos, Kátia Rita Gonçalves, a capacitação é uma das ações de educação permanente em saúde desenvolvidas pelo Nuvepi, que resulta em benefício para o processo de trabalho, como a maior segurança dos profissionais de saúde envolvidos na realização dos procedimentos.
“Nossa intenção foi repassar conhecimentos teóricos e práticos aos profissionais de saúde, incentivar o aumento de notificações epidemiológicas de atendimento antirrábico humano para profilaxia, qualificar os profissionais para a definição de condutas profiláticas e desenvolver estratégias de prevenção e controle específicas”, disse Kátia Gonçalves.
A superintendente também ressalta que o cumprimento dos protocolos contribui para evitar indicações inadequadas de tratamento que, quando insuficientes, podem acarretar casos de raiva humana e, quando desnecessárias, causam desperdícios, inclusive levando ao desabastecimento de imunobiológicos.
“Vale lembrar que o sucesso do evento está associado à colaboração dos gestores de saúde e a disponibilidade e interesse dos profissionais de saúde para a realização da capacitação”, concluiu.
Normas
A base utilizada para a atualização foram as normas do Ministério da Saúde (MS) para o tratamento da infecção, como as notas técnicas de número 8 e 134, da Coordenação-Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do MS. A nota nº 8 atualizou o “Protocolo de Profilaxia pré, pós e reexposição da raiva humana no Brasil”, enquanto a nota 134 “Orienta uso do soro antirrábico humano e da imunoglobulina antirrábica humana no Brasil em período de escassez destes imunobiológicos”.
“Estamos falando de uma doença 100% fatal. Fazer a profilaxia correta, sem excesso e sem falta, salva vidas”, disse o professor Ribeiro. “É importante seguir os protocolos corretamente, pois eles trazem segurança para o profissional de saúde também, já que um erro no processo pode levar a um desfecho fatal para o paciente. Seguir corretamente os procedimentos e protocolos evita até mesmo que o profissional de saúde seja responsabilizado civilmente”, alerta.
Segundo a coordenadora do Nuvepi, Márcia Aparecida Silva Viana, com a capacitação, os médicos da região tiveram “um reforço” para o entendimento das normas do MS. “Creio que a fala de uma pessoa com notório saber no assunto trouxe uma segurança, um convencimento dos médicos, para que as velhas práticas adotadas passem a partir de então a serem substituídas pelas novas práticas que constam nas notas técnicas 8 e 134”, disse.
Chamando a atenção para a importância do protocolo de profilaxia, Márcia Silva destacou uma das informações da nota técnica 134, sobre a escassez dos imunobiológicos para prevenção e tratamento da raiva, devido à redução do número de fornecedores ao MS. “Estamos ainda num momento em que a produção desse insumo está racionada, e nós temos que atender aquelas pessoas que realmente precisam do tratamento, considerando a pouca quantidade que nós temos em nosso estoque regional”, afirmou.
Em caso de mordedura ou arranhadura de cães e gatos, deve-se procurar atendimento médico imediato para avaliação. O mesmo procedimento é aplicado para os casos de agressão – até mesmo lambedura – provocada por animais silvestres (macacos e morcegos).
Acidentes com animais domésticos de interesse econômico ou de produção – bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos, ovinos, suínos – também são considerados de risco para transmissão da raiva, e as vítimas devem passar por avaliação médica.