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Só os trabalhadores podem liderar o enfrentamento contra o imperialismo

Por Pedro Rousseff

No último domingo, com a conclusão das votações em Minas Gerais, encerrou-se o Processo de Eleições Diretas (PED) do Partido dos Trabalhadores em todo o Brasil. Trata-se de um momento emblemático da nossa democracia partidária — uma experiência rara e, por isso mesmo, profundamente valiosa. Em meio a disputas, diferenças e debates intensos, o PT se reafirma como o maior partido do país não apenas em tamanho, mas em vitalidade política. Um partido que se constrói pela base, com militância ativa, e que realiza, de fato, um modelo de gestão interna democrático e participativo.

Esse tipo de democracia real — enraizada, viva, popular — é um dos maiores antídotos contra a aberração política que o bolsonarismo representa. Afinal, é preciso lembrar: no Brasil de hoje, há quem se diga patriota enquanto defende a intervenção estrangeira em nosso próprio país. É o caso grotesco de setores da extrema-direita que, incapazes de conviver com a soberania popular, flertam com o entreguismo mais rasteiro — inclusive desejando que os Estados Unidos interfiram diretamente na política nacional.

Já tratei disso em outra coluna, publicada aqui mesmo (19/06: Quousque tandem, Bolsonaro, abutere patientia nostra?), ao denunciar que as ações de Eduardo Bolsonaro configuram um ataque direto à soberania nacional. Agora, a realidade geopolítica escancarou as consequências desse servilismo.

Na última semana, o presidente Donald Trump anunciou sobretaxação de produtos brasileiros com tarifas que podem chegar a 50%. De carnes a aço, passando pelo etanol e o alumínio, nossa pauta de exportações foi diretamente alvejada. A resposta do bolsonarismo? Nenhuma. Afinal, foram eles que, por anos, bajularam Trump e transformaram o Brasil em um país submisso à lógica da Casa Branca. O resultado dessa política de joelhos é que até empresários tradicionalmente alinhados com a direita — muitos dos quais apoiaram Jair Bolsonaro em 2018 e 2022 — agora se veem diante de um dilema desconcertante: foram cúmplices da política externa antinacional do bolsonarismo, mas dependem justamente do PT para consertar o estrago.

Isso porque só o Partido dos Trabalhadores tem a estatura necessária para liderar o enfrentamento a mais essa investida imperialista. O PT é, hoje, o único partido com base social sólida, projeto nacional consistente e capacidade real de diálogo com todos os setores da sociedade. Representa o trabalhador, o pequeno empreendedor, o agricultor familiar, o jovem periférico, a mulher negra, o sindicalista e o não sindicalizado. E, por sua origem sindical e popular, entende que, em determinados momentos, é necessário sentar-se à mesa também com o capital, sem jamais perder de vista quem somos e o lado em que estamos.

O PED que acaba de se concluir expressa essa síntese. Elegeram-se novas lideranças, como o companheiro Edinho Silva na presidência nacional do partido. Renovaram-se quadros, estruturas e prioridades. Mas a essência segue firme: o PT é um partido do povo — não de gabinetes. Acredita que a construção de uma sociedade justa, igualitária e soberana só pode ocorrer a partir da organização popular e do protagonismo das trabalhadoras e trabalhadores do Brasil.

É por isso que, diante do recrudescimento da guerra comercial e da ofensiva imperialista norte-americana, reafirmamos: só o povo brasileiro pode defender o Brasil. E só os trabalhadores podem liderar essa defesa.

Enquanto a extrema-direita conspira contra o país e contra seu próprio povo, o PT segue firme em seu compromisso histórico. Porque nosso patriotismo não se vende. Se constrói — com luta, democracia e soberania.

 Pedro Rousseff é vereador em Belo Horizonte. Foi Conselheiro Municipal da Juventude de Belo Horizonte e trabalhou na coordenação da campanha do presidente Lula em Minas Gerais, nas eleições de 2022.

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