Rafael Marcon
PASSOS – O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Minas Gerais (Seemg) e Conselho Regional de Enfermagem (Coren) preveem adesão de 50% dos profissionais da categoria em Passos na paralisação programada para a próxima terça-feira, 14. O município tem cerca de mil trabalhadores no setor e a previsão é que estudantes de Enfermagem, de curso técnico e graduação, também devem participar.
A paralisação foi definida em assembleia realizada pela Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), com participação de sindicatos estaduais, e reivindica o pagamento do piso salarial da categoria. A categoria também prevê estado de greve até 10 de março. O piso salarial prevê R$4.750 para enfermeiros, R$3.325 para técnicos de enfermagem e R$2.375 para auxiliares e parteiras.
“Nossa expectativa para o dia 14 está muito boa. Será uma mobilização muito forte não só em Passos, mas em Minas Gerais e no Brasil todo. É um ato chamado pelo Fórum Nacional através da FNE. O intuito realmente é mostrar nossa indignação contra o não pagamento do Piso. Está tendo uma adesão muito boa”, afirma o diretor de comunicação da FNE e presidente do Seemg, Anderson Rodrigues.
Em Passos, a concentração será feita a partir das 9h na Praça do Rosário e, depois, os trabalhadores devem sair em passeata até a Santa Casa de Passos. No ano passado, os profissionais de enfermagem também realizaram uma manifestação no município, no dia 8 de setembro, para cobrar o pagamento do piso.
Segundo Oliveira, a categoria deve manter escala mínima. “Lógico que não vamos deixar os pacientes desassistidos, são todos profissionais de saúde com responsabilidade, seguindo a escala mínima de 30%, tendo alguns setores que podem chegar em até 40% de acordo com as negociações que serão feitas. Nosso objetivo é que a população e o governo veja a insatisfação destes profissionais. Muitos morreram na pandemia. O Brasil foi o país que mais perdeu profissionais de enfermagem nesse período”, disse.
“Em Minas, foram em torno de mil mortos, e, no Brasil, 4,5 mil. É uma população de trabalhadores que merecem estar nessa luta e merecem receber um piso digno, porque os valores pagos hoje são absurdos para uma categoria tão importante que cuida da população. Então, a luta não é só dos profissionais, é também por todos, pois ganhando mais, conseguimos trabalhar com atendimento de excelência para o SUS, setores privados ou qualquer outro tipo que necessite da enfermagem”, disse.
Participante do movimento no ano passado, o enfermeiro, Régis Fonseca, acredita que a nova mobilização é importante para a classe. Segundo ele, o piso salarial já é lei e, como tal, deve ser cumprida. “A mobilização mostra para todos que a Enfermagem está cansada do descaso por parte dos gestores e de boa parte dos políticos. O piso é lei, deve ser cumprido sem manobras absurdas que o Supremo Tribunal Federal (STF) está impondo. Minha expectativa é que as autoridades percebam que os profissionais de enfermagem não estão de brincadeira. Não somos palhaços que pensam que somos. Trabalhamos com amor, merecemos um trabalho digno e respeito por tudo que a Enfermagem representa para a Saúde no Brasil”, afirmou.
Para a enfermeira e representante de Apoio Técnico do Coren-MG, Daniela Garcia Silva, a mobilização tem como objetivo a valorização do profissional de enfermagem para uma melhor qualidade de serviço prestado a população. “O objetivo desta mobilização é que as autoridades acelerem a implementação do Piso Salarial da Enfermagem. A convocatória é necessária para pressionar o governo a editar a medida provisória que garantirá o repasse de fundos. Com a valorização do profissional, há consequentemente, a melhor qualidade dos serviços prestados”, disse.
Prefeitura de Passos deve acatar em breve o Piso Salarial dos Enfermeiros
PASSOS – O secretário de Saúde de Passos, Thiago Agnelo Salum, afirma que a prefeitura vai adotar o piso salarial para os profissionais da categoria que atuam na rede municipal de saúde.
“O Piso da Enfermagem já está em fase de estudo pelas secretarias de Fazenda e Planejamento do município. É uma vontade do prefeito, Diego Oliveira, a aplicação do Piso no tempo mais rápido possível. Acredito que os enfermeiros que pertencem ao quadro do município podem ficar tranquilos quanto à aplicação do Piso”, afirmou.
Segundo o secretário, uma paralisação da categoria pode afetar os serviços de saúde por conta do aumento nos casos prováveis de dengue e na procura por atendimento nas unidades de saúde da rede municipal.
“Diante da quantidade de casos de dengue e dos outros trabalhos desenvolvidos por toda classe, uma greve afetaria a prestação do serviço à população. Eu respeito e acho legítimo todo o trabalho de alcance da conquista do Piso Salarial da Enfermagem que é mais do que merecido por toda a classe. A solicitação do município é que não deixe o nosso povo prejudicado por esta paralisação”, disse.
Em agosto de 2022, foi aprovada a Lei 14.342/22, que institui o Piso Salarial dos Enfermeiros e prevê mínimo de R$4,75 mil, sendo 70% desse valor para técnicos em enfermagem, e 50% para auxiliares e parteiras. Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a lei após solicitação da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e outras sete entidades, entre elas a Federação Brasileira de Hospitais (FBH).