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Sete Dedos: um famoso bandido do passado

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO

Através da Polícia Civil de São Paulo, pelo Facebook, relembraremos aqui, um famoso bandido. Eu ouvia falar dele na época da adolescência e juventude. Lia sobre ele nas revistas e jornais da época: era o Sete Dedos, Benedito de Lima César, que deu muito trabalho para os policiais da época. Por não possuir os dedos mínimo, anular e médio da mão direita, tendo apenas dois dedos e mais os cinco dedos na mão esquerda:7. Perdeu tais dedos quando menino, num acidente de trem.Seus pais: Oscar de Camargo César e Josefina de Lima Santos. Dados e características: nascido em outubro de 1918, em São Paulo, capital. Tnha 1 metro e 73 centímetros de altura, de cor parda, olhos castanhos escuros, cabelos carapinhos, um sujeito de compleição robusta.
Foram vários processos por crime de furto qualificado e roubo, tanto na capital paulista como no Distrito Federal. Por ordem da Delegacia de Roubos ele foi legitimado em 18.11.1936. Tornou-se legítima a sua prisão. Conseguiu fugir da Penitenciária do Distrito Federal. O Distrito Federal ainda era na cidade do Rio de Janeiro. Na cidade de Uberlância, Estado de Minas Gerais, Sete Dedos praticou assassinato e ferimentos em soldados do destacamento policial da cidade. Foi condenado a cumprir pena na capital paulista e no Distrito Federal. Foragido, a polícia alertava que se tratava de bandido perigoso e que costumava resistir à bala quando acuado pelos policiais. O cartaz de alerta pedia que qualquer pessoa que soubesse dele deveria dar conhecimento ao polícial mais próximo ou ainda ao diretor do Departamento de Investigações de São Paulo, conhecido, hoje, como DEIC – Departamento Estadual de Investigações Criminais. Na época, ficava na Rua dos Gusmões, 394, região conhecida, hoje, como o centro velho da capital paulista. O cartaz citado data de 1948. Sete Dedos já tinha 30 anos de idade.
Condenado, tornou-se mais tarde um evangelizador, um arrependido e que desejava unificar todos os 27 anos da pena para cumprir na Penitenciária de São Paulo, onde estava. No presídio, ele era, também, um cicerone que guiava os visitantes dentro do prédio.
O jornal O Semanário, do Rio de Janeiro, ano I, número 7, que cirdulou de 1956 a 1964, traz algumas informações do Sete Dedos. Foram dezenas de fugas das prisões e 27 anos de condenação, como já citamos. Na época da reportagem, ele já completava 21 anos de crime. Suas “façanhas” foram publicadas em vários países.
Sete Dedos narrou ao repórter que tinha 17 anos e trabalhava como porteiro num hotel do Parque Dom Pedro II, em São Paulo, capital. Ao sair do trabalho juntou-se a alguns rapazes de sua idade que jogavam baralho. Foram detidos pela polícia e levados para o Distrito Policial para averiguação. Foi solto, dias após, mas perdeu o emprego por ter faltado. Conseguiu outro emprego, mas por pouco tempo, pois alguns investigadores o reconheceram quando esteve detido pela primeira vez e o levaram novamente. Saiu sem culpa formada, dias após. Envergonhado de tudo, não voltou para casa e ficou pelas ruas, vivendo de biscates e jogando. Certo dia, envolveu-se no seu primeiro furto. Foi preso, processado e condenado a seis meses de detenção, cumprindo três meses. Um semestre depois, novo furto. Preso, condenado a seis meses. Depois, passou a ser preso várias vezes.
Em 1939 foi levado para a Ilha Anchieta, onde passou quatro anos sofridos. Por quatro vezes ele quase conseguiu chegar ao continente, nadando, mas foi recapturado. Ao sair da ilha, foi para o Rio de Janeiro. Lá, foi preso por acusação de três furtos que não cometera. Apanhou bastante durante 100 dias e confessou a culpa para não sofrer mais. Sua fama alastrou-se e sua vida de crimes prosseguiu até chegar no ponto dos 27 anos de condenação e o fim na Panitenciária de São Paulo, como evangelizador e cicerone do presídio. Sendo “verdadeira” a narrativa de Sete Dedos, ele teria sido uma vítima que se revoltou e caiu no crime? Para se pensar!

LUIZ GUILHERME WINTHER DE CASTRO, professor de oratória e de técnica vocal para fala e canto em Carmo do Rio Claro/MG, ex-professor do ensino comercial com reg. no MEC, formado no curso normal superior pela Unipac. E-mail: luizguilhermewintherdecastro@hotmail.com

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