BELO HORIZONTE – No dia 5 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional referente à covid-19. Com isso, todos os países iniciaram os procedimentos para fazer a transição do modo de emergência para o de manejo do agravo, em conjunto com outras doenças infecciosas. Para mapear os processos que devem ter continuidade e estabelecer os novos fluxos de trabalho dos profissionais da saúde que atuam no território mineiro, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou, nos dias 5 e 6/7, o “I Simpósio Integrado da Covid”.
O evento aconteceu na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, e reuniu equipes de várias áreas técnicas que estiveram envolvidas com a condução da covid desde o início de 2020, quando surgiu o primeiro caso confirmado da doença no Brasil. De lá para cá, muito se aprendeu sobre o vírus, a incidência e as medidas de prevenção, dentre elas, a importância da vacina.
Durante a abertura do simpósio, a diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da SES-MG, Marcela Lencine Ferraz, destacou a necessidade de olhar para o legado da covid, para tentar enxergar como será o futuro. “Na história recente da saúde no Brasil e no mundo, não havíamos enfrentado uma situação tão crítica de emergência. O objetivo desse evento é discutir tudo que foi produzido e desenvolvido no estado, no âmbito da saúde, entender quais foram os legados deixados e, a partir daí, traçar o futuro do acompanhamento da covid em Minas Gerais. Com as lições aprendidas nesse período, pretendemos aperfeiçoar nossos métodos e nossa forma de trabalhar, tanto com relação ao coronavírus quanto para as demais doenças e agravos que são trabalhados no âmbito da saúde”, disse.
A superintendente de Vigilância Epidemiológica, Jaqueline Silva de Oliveira, reforçou o valor do trabalho em equipe. “Esse período foi extremamente desafiador e de muito aprendizado para todos nós e, também, de construção coletiva. Preparamos a programação desse evento para que possamos fazer um alinhamento conjunto e reviver a construção de conhecimento que tivemos nesses anos, para que possamos avançar, olhando para um novo cenário. Vencemos o primeiro desafio e agora conseguimos absorver o diagnóstico e monitoramento de dados da covid dentro de uma rotina e de forma mais equilibrada” comentou.
Durante os dois dias do simpósio, os representantes das áreas técnicas apresentaram uma breve contextualização dos cenários sob a perspectiva de cada setor e explicaram como foi a atuação de cada um na elaboração dos protocolos e orientações para as Unidades Regionais de Saúde, no monitoramento dos casos e óbitos, na condução do processo para iniciar a vacinação, entre outros. Além disso, foram realizadas dinâmicas e estudos de caso em grupo.
Segundo Gilmar Rodrigues, coordenador dos Programas de Vigilância de Doenças de Transmissão Aguda da SES-MG, a covid-19 será incorporada à rotina da pasta. “O acompanhamento da doença no estado tende a ser organizado de forma mais programática, considerando que nós temos um padrão sazonal de transmissão, assim como outros vírus respiratórios, e daí a necessidade de se fazer o monitoramento sistemático da ocorrência de casos relacionados à covid. A partir desse evento, vamos organizar o processo de trabalho no nível central, para que ele possa ser reproduzido para as regionais e chegue até os municípios. Em relação às variantes, o processo continua seguindo as recomendações do Ministério da Saúde e da OMS, no sentido de que assim que identificada nova variante, que se procedam as ações preventivas e de controle”, explicou.
“Devemos reforçar a importância de manter a vacinação contra a covid em dia para o controle da doença. Temos uma vacina eficiente, tanto que tivemos o impacto na redução da morbimortalidade nos territórios e, para que a gente não enfrente nova situação de descontrole na transmissão, convocamos toda a população para que mantenha o esquema vacinal atualizado, evitando casos graves e óbitos associadas à doença, principalmente nos grupos de risco”, complementou Gilmar Rodrigues.
Legados
No início da pandemia de covid-19, em 2020, a SES-MG implantou o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) e a Sala de Situação, que foram legados organizacionais de inovação deixados para a pasta. A Sala de Situação era composta por uma equipe multidisciplinar e contava com epidemiologistas, administradores públicos, estatísticos, economistas, demógrafos, analistas de sistemas, analistas de dados, entre outros profissionais. O trabalho era complexo e proporcionou transparência e embasamento para a adoção de medidas assertivas de controle durante todo o período.
Outra herança deixada pelos investimentos feitos no estado durante a pandemia foi a criação do Grupo de Análise e Monitoramento da Vacinação (Gamov), instituído em julho de 2021 para desenvolver estratégias de imunização contra a covid-19. As ações do Gamov foram ampliadas para reforçar e monitorar a vacinação de rotina do calendário anual em crianças.
Dados epidemiológicos
De acordo com informações do último boletim epidemiológico, publicado em 5 de julho, desde o início da pandemia, 4.209.719 mineiros tiveram diagnóstico positivo para o coronavírus. Ao todo, 65.740 pessoas perderam a vida em decorrência de complicações da doença no estado.
Conforme informações do painel Vacinômetro, 54.933.558 doses da vacina contra a covid foram aplicadas em Minas Gerais, desde o início da vacinação.