5 de janeiro de 2024
Selton e tio que o presenteou com violão na infância./ Foto: Divulgação.
LITERATURA
Leonardo Natalino
Selton Mello participou de uma manhã de autógrafos nesta sexta-feira, 5, no Cine Roxy, em evento de lançamento da autobiografia “Eu me lembro”. Passos foi a terceira cidade a receber o ator, dublador, diretor e escritor. Em 4 de dezembro, ele esteve na livraria Vila, em São Paulo, e em 11 do mesmo mês na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro.
O passense explicou que a ideia de produzir o livro surgiu na pandemia. A obra teve a participação de amigos, que auxiliaram o escritor com questionamentos sobre a sua vida e na reunião de memórias.
“Eu comecei a juntar memórias. Lembrar de coisas. Fazer um balanço e celebrar também. Eu não sei vocês, mas eu celebro muito pouco na vida, e isso é um erro. A gente precisa celebrar as nossas vitórias. Celebrar mesmo. Ficar feliz com as conquistas. E eu faço pouco isso”, relatou Selton.
O ator ressalta a importância de Passos e Nepomuceno, cidade da mãe, para o processo de escrita do livro. “Eu vivi muito entre aqui e lá (São Paulo) na infância. Muitas lembranças dos meus primos e meus tios. Muitos estão aqui (Passos) e aqui (apontando para o peito). Eu poderia fazer um outro livro apenas com as minhas aventuras em Passos”.
Outro ponto destacado por Selton é relacionado à mãe. O livro é a costura entre a perda da memória dela, que sofre de Alzheimer, e a tentativa do filho de recuperar memórias da família e acontecimentos que marcaram a sua formação como pessoa e profissional.
“Eu tinha alguma coisa criativa e sensível que veio da minha mãe, que não tá aqui porque tem Alzheimer, que é uma coisa que eu demorei pra dizer ao público, porque achei que não era o caso, mas agora, recente, eu descobri que é bonito falar disso”, explicou o escritor.
Selton foi presenteado com um violão por seu tio (foto), quando era criança, e desabafou que o instrumento teve papel essencial na sua formação como artista. “Vocês podem pensar ‘ah, um violão’, mas aquilo era um portal. Aquilo abriu uma porteira gigante na minha vida para o descobrimento das minhas capacidades artísticas que eu nem imaginava que tinha”.
No cinema e na papelaria ao lado, foi feita a venda do livro no valor de R$ 79,99. Segundo a atendente da papelaria, foram disponibilizadas 400 edições da obra. Cerca de 260 foram vendidas e o restante será destinado a Nepomuceno, onde o ator realiza tarde de autógrafos, neste domingo, 7, às 16h, no Espaço Santé Casarão.
Ao longo dos capítulos, Selton descortina os principais personagens que interpretou, dublou e dirigiu, revela bastidores de gravações, as técnicas usadas para compor seus trabalhos e detalha experiências inesquecíveis, como dirigir o ator Paulo José já debilitado pelo Parkinson no antológico filme “O Palhaço”.
As perguntas dos convidados abrem caminho para a intimidade que ele não costuma compartilhar publicamente. Exemplo disso são as passagens sobre a relação do ator com a mãe, Selva, acometida pelo Alzheimer, e a comunicação mais espiritual mantida pelos dois desde o agravamento da doença. Esse vínculo funciona como a premissa do livro, pois lembrar, hoje, é essencial para manter as memórias da infância no interior de Minas Gerais, ou nos corredores da TV dos anos 1980.