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Depois de seis anos distante das dublagens, a voz de Selton Mello está de volta, dessa vez sem sussurros e em formato de audiossérie. O ator protagoniza “França e o Labirinto”, uma produção em parceria com o podcast Jovem Nerd, que chega ao Spotify no dia 29 de agosto.
Selton dá vida a um detetive cego na série que usa o efeito de áudio binaural. A tecnologia recria a sensação de tridimensionalidade do espaço. É como se as cenas estivessem acontecendo no instante em que são ouvidas. O podcast traz a proposta de mergulhar na história sob a audição aguçada de França.
“Para onde ele vai, o ouvinte também está indo e é integrado à história. Então, se alguém falar no ouvido dele, vai falar no ouvido do público também”, descreve Selton.
Para além da narração e interação com outros personagens, os estímulos de diversos sons como cenário contribuem para “enxergar” todas as cenas sob a aguçada audição de França. A descrição que o protagonista também traz para as cenas de investigação contribuem para a atmosfera de suspense da narrativa.
Na história, França é apresentado como um detetive persistente que ajudou a polícia em investigações, incluindo a que levou à prisão de um famoso serial killer. Agora, décadas depois, uma nova vítima é encontrada e ele sabe que se trata do mesmo criminoso.
Essa nova perseguição o levará a uma trilha repleta de fantasmas de seu próprio passado. E é muito mais difícil navegar em um labirinto quando se é totalmente cego. “É uma viagem extrassensorial, e poder voltar ao estúdio, sem as câmeras, me faz voltar a época em que eu trabalhava como dublador”, comenta Selton.
Novo mercado?
O ator trabalhou como dublador a partir de 1983 e fez seu último trabalho em 2017, no longa “Lino – O Filme: Uma Aventura de Sete Vidas”. No entanto, no ano seguinte, ele estrelou o delegado Marco Ruffo, na série “O Mecanismo”. Na trama, sua narração foi alvo de críticas e alguns espectadores apontavam que ele sussurrava demais.
Em “França e o Labirinto”, Selton, sem sussurrar, com a voz firme e grave, conduz a história por completo em um formato que, segundo ele, pode ser uma porta de entrada para diversos grandes nomes que abdicaram de contratos fixos na Globo para apostar no streaming.
“A audiossérie é uma coisa que está engatinhando e pode crescer muito. Essa é a primeira série deste tipo brasileira que o Spotify produz, mas estamos chegando grandes. Acho que isso pode abrir um mercado de trabalho e oportunidades para grandes e novos atores”, analisa.