BELO HORIZONTE – A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) reconheceu o Queijo Cozido durante a abertura da Expoqueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards, no Alto Paranaíba, na noite da última quinta-feira, 24. A iguaria é tradicional no Norte e Nordeste de Minas, onde cerca de 450 famílias de 24 municípios a produzem, conforme estimativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).
“Esse evento vem consagrar o trabalho realizado pela Seapa e por parceiros, de simplificar e facilitar a produção no estado. O concurso mostra a qualidade do queijo produzido em Minas Gerais para o Brasil e o mundo, abre fronteiras. E hoje tive o prazer de assinar aqui o reconhecimento de mais uma variedade de queijo artesanal mineira, o Queijo Cozido”, afirmou o secretário de Agricultura, Thales Fernandes.
A identificação contribui para a proteção do modo de produção do queijo passado de geração a geração de produtores. É essencial para a potencialização e o desenvolvimento do setor produtivo de queijos artesanais, na medida em que favorece a diversificação e a promoção de produtos, como fator de agregação de valor, gerando renda e empregos em Minas Gerais.
No caso específico do Queijo Cozido, sem a caracterização formal do Estado, ele costuma ser comercializado como muçarela. Assim, identificá-lo é, principalmente, valorizar a produção regional da variedade.
“Economicamente, o reconhecimento muda a vida da gente na região, porque agrega valor ao produto. Como todos nós somos da agricultura familiar, nos ajuda demais. Por exemplo, o nosso Queijo Cozido é vendido a R$ 45, R$ 50 por quilo, mas só compra quem conhece. O muçarela em barra lá é vendido a R$ 27, R$ 28. Isso é uma grande diferença para nós, pequenos agricultores”, conta o produtor rural Sidney Ramos, do município de Ladainha.
O passo seguinte será a caracterização das regiões produtoras do Queijo Cozido. A solicitação formal à Seapa para início dos estudos foi realizada por entidade que representa os produtores e os municípios serão avaliados pela Emater-MG, em metodologia desenvolvida pela empresa. Por fim, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) irá elaborar o Relatório Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cozido, que fixará os requisitos para a produção regularizada.
Rede de pesquisa
Também na abertura da Expoqueijo, a Seapa e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig)formalizaram, por meio de resolução conjunta, a Rede Mineira de Pesquisa em Queijos Artesanais. O evento foi marcado ainda pelo lançamento oficial do site do grupo de pesquisadores.
Os objetivos da rede, coordenada pela Epamig, são articulação entre os diversos agentes envolvidos no setor, atendimento a demandas relacionadas ao reconhecimento e regulamentação da produção de queijos artesanais, difusão de tecnologias e definição de planos de capacitação para técnicos, fiscais e pesquisadores.
Cooperação técnica
Além do reconhecimento do Queijo Cozido e da formalização da Rede Mineira de Pesquisa em Queijos Artesanais, foi assinado acordo de cooperação técnica entre a Emater-MG e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) durante a cerimônia de abertura da Expoqueijo.
Com duração de cinco anos e possibilidade de renovação, o acordo tem por objetivo o intercâmbio científico entre as instituições, como o compartilhamento de tecnologias e o treinamento de técnicos e extensionistas, especialmente voltado para o beneficiamento de leite e derivados.
Queijo artesanal em Minas
Conforme estimativas da Emater-MG, Minas Gerais tem 8.370 agroindústrias familiares produtoras de queijos artesanais. Aproximadamente 31,4 mil toneladas desses produtos são elaborados anualmente por famílias mineiras.
Já os dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, referentes a queijos industriais, apontam que Minas é o maior exportador de queijos no Brasil. De janeiro a julho de 2023, foram comercializados internacionalmente US$ 5,3 milhões e embarcadas 694 toneladas. As maiores encomendas vieram dos países Rússia, Estados Unidos, Taiwan, Chile e Angola.
Expoqueijo
Realizada entre 24 e 27 deste mês no Grande Hotel e Termas de Araxá, a Expoqueijo Brasil reúne quase 1,2 mil queijos inscritos, de aproximadamente 400 produtores, provenientes de dez países, na disputa por medalhas em cerca de 50 categorias e o título de grande campeão do Concurso Internacional de Queijos Artesanais. A expectativa da organização é receber 35 mil visitantes.
Neste ano, a curadoria da competição é do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), vinculado à Epamig. Para a criação de metodologia genuinamente brasileira, as equipes do ILCT desenvolveram sistema de avaliação, regulamento, glossário de terminologias e método de inscrição dos produtos.
Mais de 200 jurados foram treinados pelo instituto para analisar as amostras concorrentes e definir os vencedores. Para isso, eles irão avaliar atributos sensoriais dos queijos como aspecto global, cor, textura, odor, aroma, consistência e sabor, sendo que cada quesito possui um peso.