Por Adriana Dias / Redação
25 de Maio de 2021
“A UPA não tem neste exato momento capacidade de receber mais casos moderados e graves”, diz diretor técnico da UPA. / Foto: Divulgação
PASSOS – Duas pessoas morreram na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Passos em decorrência da covid-19 nesta segunda-feira. No último fim de semana, três pacientes que estavam na UPA foram transferidos para outras cidades, sendo um para Paraíso e dois para Juiz de Fora, por falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no município.
Nesta segunda-feira, passos atingiu 202 óbitos em decorrência de infecção pelo coronavírus e 6.861 casos confirmados da doença. Na região, foram 20 mortes entre a última sexta e esta segunda. A Santa Casa de Passos está, desde 7 de maio, com 100% de ocupação nos 50 leitos da UTI Covid.
Em entrevista coletiva realizada no final da tarde de ontem, com a presença do diretor da UPA, Flávio Ferreira, do prefeito Diego Oliveira e da secretária Municipal de Saúde, Priscila Faria, a administração municipal expôs a situação vivenciada pela UPA 24 horas, que é destinada à atendimento de média complexidade em ação conjunta com a rede de atenção básica e atenção hospitalar.
“Não foi por falta de atendimento, nem por falta de profissional capacitado, nem por falta de medicamento. Porém, saliento que a UPA não presta atendimento hospitalar. Estão sendo bem cuidados, ninguém é desassistido, mas não dá para manter esta situação”, afirmou o diretor.
“Nós viemos desde o início dos agravamentos desta crise pandêmica estruturando a UPA. Desde fevereiro, quando entramos, a Unidade já estava sobrecarregada em uma situação crônica, então foram adquiridos equipamentos de UTI, bombas e fusão, bipaps, contratação de profissional de fisioterapia. Estamos também abrindo editais para contratação de médicos, mas não conseguimos preencher. De um grupo de 65 médicos apenas quatro apresentaram documentação e já foram contratados. Nós estruturamos um anexo com sete leitos para atendimento. Além disso, de forma concreta, falei com o regional do Samu sobre a nossa situação de não podermos continuar atendendo paciente para ficar na UPA. E, lembrando que temos uma ação judicial que temos que cumprir de que o paciente não pode ficar mais do que 48 horas na unidade. Decisão tem que ser cumprida”, disse Ferreira.
Nesta segunda-feira estavam na UPA cinco pacientes com covid entubados, quatro com máscara de oxigênio e dois pacientes com cateter nasal. Priscila Faria disse que a situação é de guerra.
“O momento não é de culpar ninguém. O momento é de prevenção e a melhor forma é evitar aglomeração, não sair de casa quando possível, usar máscara, álcool em gel. Este momento é de união”, afirmou a secretária.
Sobre o Hospital de Campanha, tanto Priscila quanto o prefeito disseram que o que seria feito neste Centro Covid tem sido feito pelas 24 unidades de PSFs da cidade.
“O Centro Covid seria importantíssimo. Como muita gente tem levantado o espaço do antigo Hospital Otto Krakauer que tem camas, chuveiros, mas lá não tem rede de oxigênio, não tem o mais importante, que são médicos e não estamos conseguindo contratar, já foram abertos vários editais e não tem o profissional”, assumiu o prefeito.
De acordo com a administração, a UPA conta com sete médicos sendo um cirurgião, um ortopedista, um pediatra, três na clínica e dois no gripário, e à noite, apenas um clínico a menos, a quantidade de profissionais é insuficiente para atender como hospital, o que vem acontecendo, e não é esta a função da UPA. Já enfermeiros a unidade conta com três profissionais por plantão.
O diretor salientou que a UPA só tem atendido os pacientes covid em situações mais graves por uma imposição da situação, para salvar vidas.
Por Gabriela Allux / Especial
Foto: Divulgação
PASSOS – Neste fim de semana, três pacientes com covid-19, em estado grave, foram transferidos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Passos para outras cidades devido à falta de leitos na Santa Casa de Misericórdia de Passos (SCMP). Um paciente foi para São Sebastião do Paraíso e os outros dois para Juiz de Fora. Segundo o diretor técnico da UPA, o médico Flávio Ferreira, a unidade está colapsada e já não há possibilidade de receber mais pacientes em estados moderados ou graves.
“O motivo da transferência para outras cidades se dá pela lotação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa há pelo menos 15 dias. A UPA, por não ser um hospital, não tem capacidade e infraestrutura para manter esses pacientes por muito tempo na unidade”, declarou Ferreira.
O médico também afirmou que não há como evitar um colapso, porque o sistema já está colapsado. “A UPA já está com a sua capacidade máxima de pacientes e, a cada momento, aumenta o número de procura”, disse.
O diretor diz ainda que a administração tem trabalhado muito para tentar minimizar ou resolver essa situação e conseguir, dentro das atribuições de uma UPA, atender a demanda da população. “A UPA não tem, neste exato momento, capacidade de receber mais casos moderados e graves”, afirma.
Ainda conforme Ferreira, o sistema é gerido pelo SusFácil, que é uma central de regulação localizada em Alfenas. O paciente atendido na UPA que necessitar de internação é colocado neste sistema e, assim, inicia-se uma busca ativa de hospital para que o paciente seja encaminhado.
Quando não há vagas na Santa Casa de Passos, tenta-se achar outra localização. Segundo ele, o sistema é estadual e auxilia a encontrar uma cidade da macrorregião com leitos, como Pouso Alegre, Itajubá, São Sebastião do Paraíso e também em outras regiões, quando não há possibilidade nessas, como os casos que ocorreram neste final de semana.