Ézio Santos

PASSOS – A Associação Terapêutica Sagrada Família, que atua na recuperação de pessoas viciadas em droga e álcool, pode encerrar as atividades por falta de recursos. O pouco dinheiro que resta na conta bancária para quitar a folha de pagamento dos funcionários e o quadro clínico deve se esgotar no final deste mês.

Sem recursos dos governos federal, estadual e municipal, a entidade assistencial sobrevive apenas de doações. Ultimamente, a associação recebeu recursos por meio de emendas impositivas de alguns vereadores, mas, em razão de não ser subsídio constante, o jeito é destinar tudo para o pagamento dos profissionais.

“Literalmente estamos com a corda no pescoço”, afirmou a presidente Silvânia Aparecida de Moura Faria. “Estamos sobrevivendo com dinheiro que se consegue através de eventos, os colaboradores mensais, doações dos familiares de quem está em recuperação do vício, e quando pinta um dinheiro extra. Para mantermos a Comunidade Terapêutica Sagrada Família ganhamos muitas coisas, porém o nosso problema é a grana para quitar salários, água e luz da Casa de Triagem, que se localiza no Jardim Eldorado, em Passos, realiza entrevista com os que pedem ajuda, todas as quartas-feiras à noite”, afirma.

Silvânia disse que a situação piorou ainda mais a partir de janeiro deste ano, quando o governo federal cortou os repasses mensais. Apesar da Sagrada Família exercer o trabalho social, sem fins lucrativos, rege o artigo 29 da Lei de Comunidade Terapêutica, que não permite que o poder público municipal contribua com dinheiro.

“Nós temos atendimento aos viciados masculinos que voluntariamente nos procuram e recebem o atendimento de psicólogo, pedagogo, assistente social, enfermeira, terapeuta ocupacional e secretaria. Isso tudo gera gasto e não recebemos nada dos deputados e senadores que têm milhares de votos em Passos e região. Nosso gasto mensal é de R$ 50 mil”, aponta Silvânia.

A presidente contou ainda que o local onde estão os internos tem capacidade para 48 pessoas, mas hoje tem 28 que permanecem por nove meses sem ociosidade e a partir do quinto mês iniciam o período de ressocialização. “Lá eles cuidam de si mesmo, limpam, lavam, passam roupas, trabalham no quintal e fazem quase que de tudo ao longo do dia. Há hora de orações na capela e são disciplinados. Todos seguem o regimento interno rigorosamente. Realizamos semanalmente encontros com os familiares deles, e no último domingo de cada mês, visitas. Temos o conhecimento de que oito em cada dez pessoas ficam livres do vício”, ressalta.

No Dia do Trabalho, em 1998, teve início a construção da sede da clínica terapêutica, e no ano 2000, foi inaugurada com cinco dependentes de drogas e álcool. Hoje, a diretoria é formada por 12 pessoas, mas que diretamente estão em contato com todos os internos, além de Silvânia, que também é psicóloga, do esposo, José Carlos de Faria, do Padrinho, diretor Patrimonial, de Mirlei Darc de Souza, terapeuta e presidente no primeiro mandato da instituição, e de Clésio Antônio da Silva, conselheiro Fiscal.

Noite Mineira

A diretoria da Sagrada Família promove amanhã, às 21h, no Lions Clube de Passos, mais uma Noite Mineira, animada pela Banda Saudade da Zona e o DJ Marcelo Paulista. No cardápio, uma seleção de tira-gosto da culinária mineira para degustar à vontade e música até de madrugada. O ingresso, a título de colaboração, custa R$ 70, menos bebidas. Em meados deste ano foi realizado o mesmo evento, também no Lions, e todos os ingressos foram vendidos.