CINEMA
Criado em junho de 1999 como Cineclube Fesp, o projeto Pipoca e Bala Pipper foi idealizado por Itamar da Silva Bonfim, com o objetivo de servir os professores e alunos de todos os cursos da antiga Fundação de Ensino Superior de Passos (Fesp), bem como à comunidade passense.
24 anos depois de sua fundação, agora mantido pela Secretaria Municipal de Cultura e com sessões na Casa da Cultura, o aniversário será comemorado nesta terça-feira, 6, com a exibição de “Romeu e Julieta” – obra de Shakespeare adaptada incontáveis vezes para o cinema e televisão – na produção de 1968 dirigida por Franco Zeffirelli, considerada a versão cinematográfica definitiva da obra.
Nela, Franco Zeffirelli, diretor toscano que havia adaptado A Megera Domada, também de Shakespeare, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, nos apresentou Romeu & Julieta em um ambiente perfeito, filmado em locação em diversas cidades italianas (mas curiosamente não Verona, onde se passa a história). No entanto, o grande cuidado de Zeffirelli foi mesmo na escolha dos jovens que viveriam os imortais personagens. Quase completamente inexperientes, Leonard Whiting, Olivia Hussey, foram escolhidos depois da exaustiva análise de dezenas de candidatos e eles não poderiam ter sido mais perfeitos.
E talvez a razão para essa perfeição toda seja que os dois jovens atores não possuíam experiência. Afinal, Romeu e Julieta são, também, jovens inocentes, inexperientes. Romeu é o primeiro amor de Julieta e, ainda que Julieta não seja exatamente o primeiro amor de Romeu, ele esquece Rosalinda como se ela jamais tivesse existido no momento em que vê Julieta no baile de máscaras. Essa inocência na atuação para viver dois jovens inocentes provavelmente fez com que Hussey e Whiting incorporassem de tal maneira seus personagens que, mesmo hoje em dia, é difícil olhar para qualquer um dos dois e não se lembrar desses papéis.
Mas o grande apuro técnico de Zeffirelli não parou no elenco, conforme o crítico Ritter Fan, do “Plano Crítico”. Além das locações escolhidas a dedo para dar autenticidade à fita, ele soube trabalhar magistralmente com três outros grandes profissionais. O primeiro deles foi Danilo Donati, responsável pelos figurinos (ele ganhou o Oscar nessa categoria por esse filme). Vemos as cores vibrantes dos vestidos da realeza contrastando com as cores pesadas da roupa da criadagem, sem que nenhum dos dois tipos de roupa tenha o condão de apagar os vestidos especialmente selecionados para adornar Julieta, esses sim o ponto central de cada cena em que ela está presente.
Outro profissional responsável pela qualidade desse filme foi Pasqualino de Santis, o diretor de fotografia. O trabalho dele em planos abertos, como a fatídica briga entre Capuletos e Montéquios na praça central, completamente iluminada, assim como em cenas íntimas com a iluminação fazendo a mímica da natureza, é de um lirismo impressionante. Reparem só na cena do “dia seguinte”, quando Romeu e Julieta acordam envelopados por lençóis.
ROMEU E JULIETA (Romeo and Juliet) Reino Unido/Itália, 1968. Gênero: Romance, Drama. Direção: Franco Zeffirelli. Roteiro: Franco Zeffirelli, Masolino D’Amico, Franco Brusat. Elenco: Leonard Whiting, Olivia Hussey, John McEnery, Milo O’Shea, Pat Heywood, Robert Stephens, Michael York, Bruce Robinson, Paul Hardwick. A ser exibido no Cine Clube Pipoca & Bala Pipper, na Casa da Cultura de Passos, entrada gratuita, nesta terça-feira, 06, a partir das 20h,