Gilberto Almeida
“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado.” – Roberto Campos
Uma questão intrigante nas últimas eleições é saber por que um partido que compõe a extrema esquerda do Brasil, apesar de estar no governo e contar com o apoio massivo e indecente da grande imprensa, obteve um desempenho tão fraco nas eleições municipais. Com uma maioria sólida no parlamento e exposição midiática constante, era de se esperar um resultado robusto. Contudo, os números contam outra história: a extrema esquerda foi simplesmente massacrada nos municípios.
O PT, principal representante da esquerda no país, elegeu apenas um prefeito de capital: Evandro Leitão, em Fortaleza, vencendo por uma diferença mínima. Leitão, com origem política ligada aos irmãos Cid e Ciro Gomes, esteve por 14 anos no PDT, enfrentou resistência interna à sua candidatura por ser um neófito no PT, que preferia a ex-prefeita Luizianne Lins. No berço do Partido dos Trabalhadores, a grande São Paulo e região do ABC, o lulopetismo também conseguiu eleger a marca pífia de um prefeito! Em todo o país, de um eleitorado de mais de 150 milhões de pessoas, o partido do presidente Lula obteve apenas 10 milhões de votos – menos de 10% do total – enquanto a direita somou cerda de 140 milhões de votos.
No ranking das prefeituras, o PT, que já chegou a eleger 652 prefeitos em 2012, agora conta com minguados 252, em sua maioria em pequenos feudos eleitorais nordestinos. O partido do presidente da República se posiciona em um vexatório nono lugar, enquanto seu “Sancho Pança” e fiel escudeiro, o PSOL, não conseguiu sequer uma prefeitura entre os mais de 5.500 municípios. Em São Paulo, a aposta na candidatura de Guilherme Boulos resultou em um “sapeca-ia-iá” sem precedentes: Boulos perdeu o segundo turno, sendo ultrapassado até pelo número de abstenções. Como explicar o fracasso retumbante de uma facção política que, além de governar, parece ter a imprensa e o discurso público em suas mãos?
A verdade, ocultada nas redações “esquerdóides” e mercenárias, é que a população brasileira se cansou de um discurso que impõe uma distância de anos-luz entre o que se promete e o que se cumpre. Exausto, o povo brasileiro silencia, mas manda seu recado: cansou-se do mesmo discurso reciclado que a esquerda faz há décadas, calcado nas mesmas promessas vagas e distantes, enquanto os problemas reais do país se agravam. Essa frustração reflete o descontentamento com narrativas que tentam moldar a realidade a fórceps e repetidamente tentam acusar a oposição de falhas que pertencem à própria esquerda.
O cansaço popular com esse jogo de rótulos se reflete em outra questão: o hábito de adjetivar os adversários de “fascistas”, “extremistas”, “golpistas” e “terra planistas”, algo que não passa de uma tática de desconstrução. Como apontam diversos analistas, trata-se de uma velha estratégia de inversão, em que se acusa o outro de fazer exatamente o que se pratica. A fixação por repetição foi tão forte que até Waldemar da Costa Neto, presidente do PL, usou equivocadamente o termo “golpistas” ao se referir aos presos políticos de 8 de janeiro, um episódio lamentável inspirado em ações de quebra-quebra praticados pela própria esquerda, como nos atos liderados pelo mesmo Boulos.
Outro ponto crítico é a pauta de costumes defendida pela extrema esquerda. A defesa de temas polêmicos, como o aborto, a introdução de discussões sobre gênero em escolas primárias, a ridícula linguagem neutra, a defesa do bem-estar de criminosos desprezando suas vítimas, a descriminalização das drogas e o incentivo a produções culturais abertamente pornográficas, entre muitos outros temas, tem causado repulsa no público. Não se trata de praticar um conservadorismo medieval, mas de manter valores essenciais para a sociedade. Tolerar encenações onde artistas protagonizam cenas explícitas em frente ao presidente ou performances com professores em situações que sugerem condutas impróprias é aceitável pelo povo brasileiro. São repugnantes os excessos que vêm sendo cometidos nos teatros, na literatura e em salas de aula por integrantes da esquerda radical, que desconsideram valores que a sociedade não deseja desconstruir.
O que se deseja é condenar o festival de incoerência da extrema esquerda que, apenas para exemplificar, prega manter a identidade cultural dos indígenas, mas não respeita os valores culturais e sociais do brasileiro, defende a linguagem neutra e chama Dilma de “presidenta”, fala em democracia mas se alia às ditaduras mais sanguinárias do planeta e quem prega o rigor contra quem pratica assédio sexual e pedofilia, mas se cala quando isso é praticado por um ministro do governo Lula ou quando o ator é um dirigente partidário do Partido dos trabalhadores. Registre-se que a extrema imprensa também não repercute da maneira que faria não fosse o criminoso parte da choldra que ela defende.
Além disso, a gestão econômica da esquerda é frequentemente criticada pela irresponsabilidade fiscal, por investimentos equivocados e pela criação de déficits, gerados pela tentativa de dependência estatal assistencialista, desprezando setores produtivos, especialmente o agronegócio. Há uma percepção de que o atual governo reabilita figuras e empresas associadas aos maiores escândalos de corrupção, ressuscitando a sensação de uma “quadrilha” no poder. Na seara internacional, o governo brasileiro tem acumulado vexames na política externa, frequentemente destoando da sobriedade exigida e projetando uma imagem de descontrole e arrogância. As viagens internacionais do Sr. Luiz da Silva para atender os caprichos de sua esposa, Janja da Silva, têm gerado despesas milionárias que soam perdulárias para a população, evocando a história bíblica de Jezabel – figura associada ao desgoverno e ao comportamento desmedido.
Essas eleições municipais deixaram um recado claro: o povo brasileiro exige respeito. Está cansado do jogo de narrativas enganosas e da imposição de pautas que ferem seus valores e expectativas. A mensagem é cristalina: o eleitorado enxerga o “modus operandi” de uma gestão desconectada da realidade e já demonstra intolerância crescente em relação ao estilo de governo do Presidente e sua “doce” Jezabel.
GILBERTO BATISTA DE ALMEIDA é engenheiro eletricista e ex-político, escreve quinzenalmente às quintas nesta coluna