Carlos Renato

PASSOS – A venda de peixes deve causar um incremento de até 40% durante a Quaresma em Passos. Peixeiros do município apontam que a o período e a alta nos preços da carne e de produtos como o ovo têm atraído mais consumidores e os estoques chegam a 15 toneladas em alguns distribuidores.

Segundo informa o comerciante Antônio Paulo de Freitas, que está no ramo de pescados há mais de 38 anos e que também atua como distribuidor, esse período é o melhor momento de aumentar o faturamento.

“Em comprei 15 toneladas de peixes e pretendo vender tudo dentro dos 40 dias da Quaresma. Espero que na Sexta-Feira Santa eu não tenha mais peixes desse estoque para vender. Depois desse período muda a safra de peixes e as vendas também caem. É o momento de aproveitar”, afirma o proprietário de uma peixaria situada na rua Três de Maio, próxima do Cemitério Municipal.

“Nosso peixe tem selo, classificado pelos órgãos sanitários, tem origem na Represa de Furnas, onde é bem alimentado, além de estar bem armazenado e refrigerado para oferecer o melhor produto possível para o consumidor”, ressalta Antônio, que também fornece produtos para supermercados, restaurantes e mercearias.

O peixeiro Clodoaldo Paulino (Dinho) afirma que para atrair mais vendas, a opção foi trabalhar com peixes frescos e limpos, oferecendo mais praticidade aos clientes.

“Deixo os peixes limpos, tiro as escamas, pico em pedaço para ficar mais fácil para o comprador. Tem muitas pessoas que não comem peixes, ou não compram por conta do cheiro forte. Então precisamos oferecer várias possibilidades de vendas para garantir que eles (clientes) voltem”, ressalta Dinho, que é dono de uma peixaria que fica na rua Rio de Janeiro, no bairro Bela Vista.

Segundo ele, nos meses que antecedem o Carnaval a venda gira em torno de 30 e 40 quilos por semana, podendo chegar em mais de 50 quilos, durante a Quaresma.

“Essa previsão de alta é relativa, mas deve atingir entre 20% e 40% na Quaresma. Teve anos que faltou estoque de peixes. Mas teve outros anos que sobrou mercadoria. É muito relativo apontar uma projeção de quanto deve aumentar de vendas. Mas a expectativa é sempre positiva na Quaresma. Temos a dimensão que sobe (venda) sim”, afirma.

Conforme ressalta Dinho, a maioria das pessoas está perdendo o costume de não comer carnes vermelhas nesse período, mas ainda assim, a tradição de comer peixes na Semana Santa segue viva.

“Tem alguns clientes que só vejo nessa época do ano. Então é o momento que temos que aproveitar para faturar um pouco. Nos outros meses conseguimos apenas manter o comercio aberto, mas quando entra a Quaresma é que vemos algum lucro”, comenta.

Segundo aponta José Augusto, que tem uma peixaria na rua Coimbras, a previsão é que na próxima semana a venda de pescados aqueça, com ápice na Semana Santa, principalmente na Sexta-Feira da Paixão, no dia 18 de abril.

“Faz apenas quatro meses que estou aqui e estou com a expectativa muito boa com a Quaresma. Espero que melhore o movimento de clientes nos próximos dias”, acredita.

Mais procurada, tilápia tem reajuste de até 20% no preço

O preço do quilo da tilápia deve aumentar em até 20% nesta semana em Passos. Segundo comerciantes, o reajuste é natural nesta época por conta do aumento da procura pelo pescado. O preço médio do produto, em posta, atingiu R$ 30,2 o quilo, com variação entre R$ 28 e R$ 34, considerando a pesquisa feita em seis estabelecimentos no município.

Para o comerciante Clodoaldo Paulino (Dinho), o reajuste do preço da tilápia e de outros peixes sempre acontece na Quaresma, por conta da alta procura, destacando ainda que os valores dos produtos ficam congelado durante todo o ano. Ele reforça ainda que o preço do peixe está mais acessível que o da carne de vaca.

“Sempre precisamos aumentar, o produto é de ótima qualidade e nessa época a procura é maior. Se comparar com o preço das carnes de vaca, ainda assim é um valor mais barato. Não acredito que o peixe seja caro porque depois demora para subir (preço) novamente”, justifica.

O peixeiro Antônio Paulo de Freitas ressalta que a tilápia corresponde em cerca de 95% de toda venda e estoque, sendo o carro chefe do estabelecimento.

“Enquanto eu vendo cerca de um mil quilos de tilápia, os outros (peixes) não passam de 50 quilos por mês. Alguns peixes mantemos para diversificar e dar mais opções ao consumidor, mas o faturamento está em torno da tilápia mesmo. Por exemplo, a curimba você só vai encontrar aqui, mas não tem muita saída, mesmo sendo um peixe com um preço acessível, custando R$ 30”, explica.

Antônio justifica que a tilápia caiu no gosto do consumidor por diversos fatores. “É um peixe muito saboroso, não tem muito espinhos em relação aos outros peixes. De qualquer maneira que preparar ela fica boa, pode fritar, cozinhar, assar até consumir cru. É um peixe de fácil manuseio na cozinha. Por exemplo, um pintado, que custa R$ 60, se o consumidor não souber fazer vai perder o produto. O que é mais difícil acontecer com a tilápia”, afirma Antônio.

Além da tilápia, ele pontua que o peixe tucunaré e o mandi também são requisitados e têm boa procura.

Valores

Conforme levantamento da Folha da Manhã, o preço médio dos peixes, considerando por quilo, está em: filé de tilápia (R$ 50); filé de salmão (R$ 120), dourado (R$ 50); jaú (R$ 50); curimba (R$ 30); mandi (R$ 20); sardinha (R$ 15); traíra (R$ 35); lambari (R$ 30); cação (R$ 54). O levantamento foi feito em seis peixarias de Passos.

Foto: Divulgação