Dia a dia

Quando o amor vencer

18 de maio de 2024

Foto: Reprodução

BENEDITO JOSÉ

 

Diante da frieza do mundo e da tecnologia, o amor é a resposta. Diante da intolerância dos povos, o amor é a resposta mais inteligente. Diante das ondas de incerteza que nos arrastam nos dias, o amor é a resposta mais segura. Diante do medo do futuro, o amor é a melhor resposta. Diante das crises fabricadas por homens egoístas e materialistas, o amor é a resposta mais equilibrada. Diante dos conflitos internos e externos, o amor é a resposta certeira. Diante das confusões e construções mentais, o amor é a resposta mais consciente. Diante do inaceitável e daquilo que não se quer perdoar, o amor é a resposta mais libertadora. Diante de nossas sombras, o amor é a resposta mais brilhante. Diante das memórias tristes que consomem nosso tempo, o amor é a resposta mais alegre. Diante dos barulhos do mundo, o amor é a resposta mais silenciosa. Diante do espaço vazio entre eu e você, o amor é a resposta sem distâncias.

O amor que você se dá é como duas pernas gigantes que irão lhe conduzir vida afora. O amor que você sente por si mesmo é a emoção que poderá ser extravasada para o mundo, sem criar codependência. Diferente do egoísmo, quando se sente apego apenas pelo prazer pessoal, o amor próprio é a força condutora mais fiel que possa existir. Quem tem amor próprio verdadeiro, nunca o deixa de lado. O amor próprio mantém seu olhar na Highway do Destino, enquanto o amor por outra pessoa mantém o olhar apenas na outra pessoa. Quem ama a si, sem ego e sem apego, torna-se o próprio amor em movimento, além de inspirar outros para o amor. Amar a Deus em si é emprestar sua voz amorosa a Ele. Amar-se é atar-se a Deus em laços sem nós. O amor que você se dá, fica no lugar de onde saiu sem sair. O amor que você sente por si, é pela vida em gratidão que ele acontece e vibra. Ame-se mais. Ame-se mais um pouquinho. Mais um tanto.

Quando o amor vencer de novo, poderemos sorrir como crianças, brincar com as próprias mãos sem consequências nefastas, confiar plenamente na inocência, transformar o mundo adulto em brincadeiras de escola, tomar sorvete sem medo de escorrer pela camiseta branca, correr sem a preocupação de cair e com a garantia de que podemos levantar sempre. Quando o amor vencer de novo, poderemos dormir o sono dos justos, com a consciência tranquila do dever cumprido e do coração compartilhado, com a felicidade de caminhar entre as nuvens enquanto descansamos do labor diário, com a respiração pausada de recém-nascidos para regenerar nossas energias.

Se o amor vencer, voltaremos a curtir o pôr do sol incendiando as tardes, a admirar as estrelas do desejo caindo em queda livre rumo à sua realização, a contemplar o manto do alvorecer abrindo nossas pálpebras diante do milagre de um novo dia. Se o amor vencer, espreguiçaremos mil sorrisos de pijama, passaremos o café com o aroma provocador a convidar todos para a partilha da vida e saciaremos nossa sede de alegria com o fermento da amizade fraterna. Se o amor vencer, e eu sei que vencerá, caminharemos felizes pela rua ladrilhada, com pedrinhas de brilhante para o amanhã passar.

Para o amor vencer há que se tomar conta das coisas do coração, há que se responsabilizar mais pelo que falamos, há que se olhar mais para quem necessita de ajuda. O ato de servir é a mais alta fonte de prazer existencial, o ato de ser positivo é a garantia da presença da Graça Divina em nossas vidas pois a gratidão nos santifica, o ato de perdoar é como tecer o manto da paz interior com as próprias mãos. Para o amor vencer há que nos encontrarmos com mais frequência, ouvirmos os outros com mais atenção, fazer valer a esperança e lembrar a todos que o amor é a experiência mais importante e reveladora desta vida. Nada mais nos interessa se não for por amor.

BENEDITO JOSÉ, escritor, integra a Associação Cultural dos Escritores de Passos e Região, cujos membros se revezam na autoria de textos desta coluna aos sábados

M. da R. – O texto “Ser Mãe”, publicado nesta coluna na edição de sábado 11 de maio, é de autoria de Carlos Lopes e não de Silvia Helena, como o divulgado.