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Psicólogo aponta adoecimento de professores e defende valorização

Esse cenário pode gerar estresse e acarretar o desenvolvimento de doenças mentais aos profissionais./ FOTO: Reprodução

Carlos Renato

PASSOS – O psicólogo e mestre em Educação pela Universidade Paulista (Unip) Diego Araújo afirma que as condições de trabalho de professores estão precarizadas. Segundo ele, fatores como o excesso de trabalho e falta de valorização e de autonomia estão entre os fatores que podem estar ligados ao maior adoecimento dos docentes.

“Ser professor requer muita responsabilidade, visto que todas as outras profissões dependem dele para a formação e capacitação. Porém, quando se faz uma breve análise da qualidade de vida e meios de trabalho oferecidos a esses profissionais, nos deparamos com uma quantidade absurda de trabalho, falta de reconhecimento e de autonomia, além do declínio no discurso de autoridade”, enfatiza o profissional, que também é professor em Passos.

Para ele, as possíveis causas desse contexto vêm de dois fatores. “A primeira, de ordem quantitativa, diz respeito ao excesso de trabalho dos docentes. Sabemos que os professores, em geral, lidam com grandes cargas de trabalho, às vezes divididas em duas, três escolas, para as quais eles têm que, inclusive, se deslocar. O outro fator, de ordem qualitativa, diz respeito à falta de valorização”, afirma.

Segundo o psicólogo, esse cenário pode gerar estresse e acarretar o desenvolvimento de problemas de saúde mental. “Por conta dessas condições gerais de ensino, essa satisfação está cada vez mais difícil de ser alcançada. A profissão não é apenas um lugar de recebimento e remuneração, mas também é um lugar em que se busca a realização”, destaca.

Conforme o profissional, o adoecimento, ao se manifestar, é produto das relações da pessoa com o contexto inserido e das impossibilidades de se equilibrar mentalmente. “Uma das maneiras de mudar esse ambiente de trabalho, apontado pelos educadores, está na reformulação da condição de ensino, trazendo os professores a participarem do plano decisório da educação. Não sendo meramente executores de um programa que não é desenvolvido por eles”, ressalta.

Para ele, uma saída seria a maior autonomia dos professores. “Uma forma de melhorar a condição de trabalho dos docentes está na tentativa de restituir a autonomia e respeito aos docentes. O professor está muito pressionado e dá aula com medo. Eles estão se sentindo muito pouco à vontade para desenvolver seu trabalho”, afirma.

“A importância de um professor se dá justamente pela responsabilidade que ele carrega em nos guiar pelos caminhos do conhecimento, sendo assim, é importante um trabalho colaborativo entre professores, gestores educacionais, pais e poder público”, reforça o psicólogo.

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