Tamiris Figueiredo
PASSOS – A procura pelas agências de viagens aumentou em Passos após a crise da 123 Milhas. O medo de ficar na mão na hora de viajar, e levar calote, tem feito com que pessoas que pretendem viajar optem pelo atendimento físico.
Para empresária do setor de agências de turismo Cecília Sarno, após o escândalo que deixou turistas sem passagens aéreas, as agências físicas representam mais confiabilidade e menos riscos do que as plataformas online.
“A procura aumentou consideravelmente depois de tudo isso. Até porque o cliente sabe que pode confiar no suporte e respaldo da agência desde o início do planejamento da viagem até o retorno com o feedback dele. Estamos disponíveis 24 horas para qualquer emergência”, afirma. Cecília também disse que atua há 18 anos na região e que não trabalha com plataformas online, focando apenas em parcerias sólidas do mercado.
Patricia Cerqueira, proprietária de uma agência em Passos aponta que teve pouca procura de pessoas em busca de passagens após a crise da 123 Milhas. “Tivemos alguns poucos casos de pessoas procurando passagens aéreas após essa crise, especialmente aqueles que já tinham planos de viagem. No entanto, nossa clientela tradicional continua a fazer reservas normalmente, buscando um atendimento personalizado, produtos exclusivos e a garantia de que suas viagens serão realizadas conforme o acordado, sem surpresas desagradáveis ou cancelamentos inesperados”, disse
Crise
A crise que assola a 123Milhas tem provocado uma reviravolta em hábitos dos consumidores. Especialistas do setor de turismo observam que, diante da instabilidade e das incertezas relacionadas a essas empresas de viagens online, muitos viajantes estão retornando às agências de viagens tradicionais das cidades. Esse cenário tem impulsionado a operação de lojas físicas que se apoiam em recursos digitais para oferecer um atendimento diferenciado.
Há duas frentes distintas em evolução, determinadas pelo nível de confiança do cliente. Aqueles que ainda preferem agências online estão voltando-se para nomes tradicionais, em busca de segurança. Enquanto isso, outros optam pelas agências de viagens físicas, confiando na expertise e na assistência pessoal que essas empresas podem oferecer.
A crescente procura por agências físicas ou o contato direto com um agente de viagens é uma reação à crise de confiança que se instalou entre os consumidores, motivada pelos cancelamentos em massa de viagens devido às dificuldades enfrentadas pelo Hurb e 123Milhas.
A situação se agravou quando a 123Milhas, apenas dez dias após suspender a venda de seus pacotes flexíveis, que permitiam viagens a serem realizadas mais de um ano após a compra, solicitou a recuperação judicial. Isso afetou ainda mais a confiança dos clientes, levando muitos a reconsiderar suas opções de reserva de viagens.
Segundo a 123Milhas apresentou no pedido de recuperação judicial, as vantagens que costumava oferecer, como bilhetes aéreos mais baratos por meio da compra de milhagem, foram diminuindo à medida que as companhias aéreas passaram a exigir mais pontos ou milhas para emissão de passagens. Também houve mudanças nas regras dos programas de fidelidade das companhias aéreas, restringindo seu uso pelos participantes.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) alertou que a venda de milhas e benefícios de programas de fidelidade é ilegal, expondo os consumidores a riscos. Enquanto a crise no setor continua a afetar as escolhas dos viajantes, as agências de viagens tradicionais em Passos estão se preparando para atender a uma demanda crescente, esperando uma normalização no turismo após a pandemia no Brasil e no mundo.