Ézio Santos
PASSOS – O trabalho de demolição do imóvel da extinta sede de captação, armazenamento e indústria de laticínios da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), localizada no centro da cidade, e que possui 8 mil m², o equivalente a um quarteirão, não está sendo executado de forma contínua. O diretor presidente do conselho administrativo da empresa, Renato Medeiros de Oliveira, negou o possível problema e afirmou que a obra está sendo executada por etapas.
Ele afirmou que ainda há muitas peças de concreto em colunas, lajes, paredes e pisos para serem quebrados. “Agora, o serviço está sendo executado aos poucos, sem paralisá-lo totalmente. Depois é que virá a retirada dos entulhos com o uso de máquinas e caminhões. Não temos previsão de deixar a área 100% limpa”, ressaltou.
Quem passa pelo local não observa movimentação de operários. Todos os portões estão fechados e a vegetação crescendo após dois anos e sete meses. Muitos compartimentos ainda estão praticamente intactos, sendo retirados os materiais reaproveitáveis como telhas de diversos tipos, aço, ferro, alumínio e outros. No final de 2022, Renato contou que a empresa passense especializada no ramo, a Lopes Demolições, assinou contrato para que em 180 dias fossem entregues apenas os muros laterais e portões de acesso. Aparentemente, nem 50% dos trabalhos foram executados.
Na época, a Casmil não possuía recurso suficiente para custear os serviços de derrubada de todas as dependências da indústria erguida com a utilização de alvenaria em geral, estrutura metálica, barras de ferro, aço, madeira, telhas de barro amianto entre outros materiais. Realizou-se cotações no mercado e o preço médio era de R$ 700 mil para deixar a área de quase 8.000 metros quadrados totalmente limpa, sendo descartada a possibilidade de negociação.
Renato afirmou que a iniciativa da demolição foi para valorizar o imóvel e porque estava preocupado com a segurança das famílias no entorno do quarteirão. “Lá virou casa de usuários de drogas, moradores de rua, possível proliferação de animais peçonhentos e consequentemente outros problemas. Com dinheiro insuficiente para a execução da obra, contratamos o senhor Alexandre Lopes. Em seis meses ele vai derrubar tudo, aproveitar o que puder ser vendido, e a Casmil vai arcar com 50% do carreto, cerca de 800 cargas de entulho levados por caminhões. A cooperativa vai economizar mais de 80% sem negociar com uma empresa de outra cidade”, ressaltou Renato, em dezembro de 2022.
Ontem, Alexandre confirmou que a obra foi interrompida a menos de um mês porque aguarda a prefeitura indicar o local para o despejo do entulho. “Ainda restam materiais reaproveitáveis como vitrôs, barras de ferro e outras peças. Depois disso vamos trazer as máquinas, contratar os motoristas de caminhão, e os operários trabalhando com ferramentas na separação do que for imprestável”, comentou o empresário.
Penhora
Todos os equipamentos, acessórios, maquinários da antiga e tradicional marca Milk-lar, fechada há muitos anos, foram retirados aos poucos, sendo que a maioria teria sido vendida na gestão de Leonardo dos Reis Medeiros, que foi afastado da função de presidente pela atual diretoria administrativa através de Assembleia Geral Extraordinária, por suspeita de má gestão.
Sobre o que fazer com a área localizada entre as ruas Coronel João de Barros, Cônego Anibal Maria di Frância, Ouro Preto e Dr. José Lemos de Barros, na época, Renato não soube informar. “Sabemos que vai ser valorizada ainda mais, mas o problema é que todo o quarteirão está penhorado pela massa falida da Laticínios Nilza de Ribeirão Preto (SP), o renomado ‘Recoop’. Há anos, Casmil integrava a Central Leite Nilza com outras cooperativas, mas, mesmo depois de sair do quadro de cooperação, continua a penhora do terreno e as edificações agora serão demolidas”, explicou o presidente.