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Prefeitura de Guapé alerta sobre infestação de caramujos africanos

11 de dezembro de 2024

Biólogo orienta sobre os riscos e alerta para a necessidade de eliminação desses moluscos na região. / Foto: Reprodução

Carlos Renato

GUAPÉ – A Prefeitura de Guapé divulgou orientações e alertou a população sobre a proliferação de caramujos africanos em diversas localidades na cidade. Biólogo ressalta que esses moluscos são vetores de doenças graves, como meningite e esquistossomose, que podem levar à morte se não tratadas adequadamente. Os caramujos também podem ser considerados praga agrícola e domiciliar.

De acordo com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Guapé, em apoio da Vigilância Sanitária, a pasta tem identificado a incidência desse tipo de caramujo após inspeções em bairros da cidade.

A secretaria reforça que necessita da colaboração da população para minimizar ou eliminar os animais, seguindo orientações, como o uso de luvas no manuseio, lavar as mãos com água e sabão após o contato, higienizar alimentos das hortas para o consumo e respeitar dicas de descarte seguro.

Segundo o doutor em zoologia pela Unesp e professor de biologia Lucas Rezende Penido Paschoal, o caramujo africano recebeu o nome científico de Achatina fulica e pertence à família achatinidae, composto por moluscos terrestres de grande porte vindos da África.

“Esse animal não pertence ao Brasil, esse animal é considerado invasor por duas vias. Uma pelo Nordeste, utilizado para ritualística da umbanda, por conta das conchas, que eram oferecidos para os orixás. Já na região Sul e Sudeste do Brasil, eles vieram como proposta na culinária, através do escargot. Alguns desses animais foram descartados, ocasionando a difusão por todo o território brasileiro”, afirma Lucas, que também é pesquisador e pós-doutorando pela Unesp de Jaboticabal (SP).

De acordo com o biólogo, esse tipo de caramujo vive em áreas úmidas, onde sobrevivem, principalmente, em período chuvoso. “Eles gostam de hortas, áreas de cultivo e em lugar com jardins e parques. Aqui [Brasil] ele encontrou várias rotas de sobrevivência. Em ambientes com hortaliças eles se dão muito bem, mas estão em diversos lugares”, afirma.

O pesquisador alerta que o caramujo africano é considerado uma praga, principalmente para o cultivo de hortaliças, que pode implicar em riscos quando em contato direto com o animal.

“Para a eliminação deve realizar a catação manual, seguido pelo uso da cal virgem [óxido de cálcio], com a quebra da concha e enterrados em cova. É necessário o uso de equipamentos de proteção individual, como luvas e botas, pois em contato com o animal contaminado, em alguns casos, pode haver infestação de um verme, após consumirem fezes de roedores, por ser esse caramujo um hospedeiro”, alerta o biólogo.

“Esses caramujos também podem transmitir aos humanos a meningite eosinofílica ou angiostrongilíase, em caso de digestão passiva ou acidental ou em contato com o muco presente nos caramujos. Em alguns países, já têm pesquisas que essa transmissão também pode acometer felinos, principalmente em gatos”, diz Lucas.

“Na nossa região ainda não tivemos casos graves de contaminação, mas é seguro evitar qualquer tipo de transtorno. O papel da Zoonoses é fundamental para identificar possíveis parasitas”, aponta.

De acordo com o biólogo, existem alguns lesmicidas e componentes que são espalhados em quintais e jardins para o monitoramento e dispersão desses moluscos.

“É importante usar produtos específicos para lesmas, caracóis e caramujos, pois já tem um mercado específico para essa demanda. O ideal é fazer o manejo e catação imediata”, orienta Lucas.

Segundo o pesquisador, além de Guapé, outras cidades e regiões são propicias à infestação. “É muito difícil evitá-los, porque eles vivem em ambientes muito propícios, principalmente quando encontram alimentos. Mas, para amenizar é importante remover resíduos e sujeiras nos quintais, além de fazer todo o procedimento correto de eliminação. As conchas, se não são descartadas, podem acumular água e servir de criadouro do mosquito transmissor da dengue”, orienta o biólogo.