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Prefeitos da região participam de reunião sobre segurança no campo durante colheita do café

19 de março de 2025

Legenda: O PREFEITO DE SÃO JOSÉ DA BARRA, MARCELO RODRIGUES DA SILVA, DURANTE REUNIÃO DA COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA DA ALMG / Foto: Reprodução

BELO HORIZONTE – Na última segunda-feira, 17, o prefeito de São José da Barra, Marcelo Rodrigues da Silva, e a prefeita de Jacuí, Maria Conceição dos Reis Pereira, participaram de reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir sobre segurança para produtores rurais durante a safra de café.

Na reunião foram tratados temas como o receio com os riscos de furtos e roubos, tanto de máquinas e equipamentos quanto do próprio grão, cada dia mais valorizado no mercado internacional.

Realizada a pedido do deputado Professor Cleiton (PV), a audiência reuniu prefeitos, vereadores e produtores rurais de diversos municípios. O parlamentar, que é filho de cafeicultores, lembrou que o preço da saca de café de 60 kg caminha para ultrapassar a marca dos R$ 3 mil, impulsionado pela alta do consumo, especialmente na China, combinado com uma queda na produção nos principais países produtores, como o próprio Brasil, Vietnã e Indonésia.

Com isso, as principais regiões produtoras de bebida fina, como Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata, teriam se tornado alvos preferenciais de bandidos, que se aproveitariam da falta de policiamento nas zonais rurais. Segundo o prefeito de São José da Barra, Marcelo Rodrigues da Silva, os produtores de café, base da economia do município, estão com medo.

Em Conceição da Aparecida, houve duas tentativas de sequestro nos últimos 20 dias, segundo o prefeito José Antônio Ferreira. Ele contou que a cidade, que tem 10 mil habitantes e recebe 3 mil trabalhadores temporários na safra do café, não conta com policiais militares de segunda a quinta-feira. Para prevenir os roubos nas fazendas, os produtores rurais se organizam para contratar vigias noturnos. “Quem está sendo roubado são pessoas que trabalham o ano todo no campo”, lamentou.

Em Campo do Meio, a situação não é muito diferente. Segundo o prefeito Samuel de Azevedo Marinho, os furtos e roubos deixaram traumatizados produtores e trabalhadores rurais. Ele reclamou que falta efetivo da Polícia Militar (PM) para garantir a segurança no município e defendeu que as prefeituras façam investimentos para a aquisição de câmeras de vigilância. Para isso, segundo ele, podem ser utilizados recursos da Taxa de Iluminação Pública.

Os deputados cobraram do Governo do Estado mais investimentos nas forças de segurança pública. O deputado Professor Cleiton lembrou que as regiões produtoras de café fazem divisa com São Paulo e Rio de Janeiro, onde atuam organizações criminosas que já estariam monitorando a situação das fazendas na época da colheita.

“Esse problema não se resolve apenas com patrulha rural, porque falta efetivo da PM. Nós resolvemos isso com ações de inteligência policial, com monitoramento prévio e uso de tecnologia, como drones e totens de segurança”, defendeu o parlamentar.

Para o presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Sargento Rodrigues (PL), o problema é agravado pela falta de investimentos nas polícias. Na avaliação do parlamentar, é essencial valorizar os servidores das forças de segurança pública e garantir a recomposição dos efetivos policiais.

“Não tem como criar uma delegacia de polícia sem efetivo, porque ela não vai funcionar só com paredes, computadores e mesas. Algema não anda sozinha. Viatura não anda sozinha. Precisamos de mais policiais”, defendeu.

O deputado Rodrigo Lopes (União Brasil) lembrou que a insegurança no campo vem se agravando, com a incorporação de novas ferramentas tecnológicas por organizações criminosas. “Se temos o avanço da tecnologia para combater o crime, os bandidos também têm tecnologia para praticar o crime”, afirmou. Ele defendeu a utilização de chips nas sacas de café, para permitir o rastreamento de eventuais cargas roubadas.

Para fazer frente ao aumento da criminalidade na zona rural, a Polícia Civil informa que implementou o projeto Campo Seguro. Já foram instaladas 11 delegacias especializadas de repressão a crimes rurais no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Minas.

Outras quatro unidades devem ser criadas em breve no Sul de Minas, e já está em estudo a ampliação do projeto para a Zona da Mata, segundo o chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio, Felipe Costa Marques de Freitas.

Como ações a serem realizadas no âmbito do projeto Campo Seguro, estão o fortalecimento de ações de inteligência policial no interior do Estado, a criação de um modelo de atuação integrada entre as delegacias especializadas e a capacitação de policiais para atuar na investigação de crimes na zona rural.

Como resultado desse trabalho, o Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio contabiliza queda nas ocorrências policiais. Segundo os registros, os furtos tiveram redução de 11,59% em 2024, enquanto os roubos diminuíram 13,95%, na comparação com 2023.

A Polícia Militar também atua para coibir o avanço da criminalidade na zona rural, garantiu o diretor de Operações da corporação, coronel Ralfe Veiga de Oliveira. Ele informou que um novo planejamento voltado pera essa área será lançado na próxima semana.

O plano da PM envolve ações de patrulhamento rural conforme o calendário agrícola, o uso de aplicativos para facilitar o policiamento, operações rotineiras para combater o crime organizado e realização de reuniões com produtores rurais para definir ajustes na atuação policial. O coronel assegurou que todos os municípios mineiros terão incremento nas ações de policiamento rural.