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Preço do leite ao produtor chega no ‘fundo do poço’ em fevereiro

Foto: Reprodução.

BELO HORIZONTE – O preço pago pelo litro de leite ao produtor no Sul de Minas chegou no “fundo do poço” na primeira semana deste mês. Segundo pesquisa semanal feita pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), o valor ficou 18% abaixo do registrado no mesmo período de 2023.

No ano passado, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o preço do leite captado em dezembro registrou alta de 1,2% frente a novembro na “Média Brasil”, ficando em R$ 2,0335 por litro, valor 22,9% menor que o verificado no último mês de 2022, em termos reais. Com esse resultado, a cotação do leite cru encerrou 2023 com média anual de R$ 2,4680/litro, 14% abaixo da de 2022, também em termos reais. Em Minas, a média em dezembro do ano passado foi de R$ 1,9953 por litro.

Apesar do número negativo na primeira semana de fevereiro, a boa notícia é que a cotação do produto provavelmente chegou “ao fundo do poço”, na avaliação de Alexandre Gonzaga de Paula, assessor técnico da Emater-MG, e a estimativa é que a situação pode melhorar por conta de queda nos custos dos insumos e de diminuição na pressão causada pelas importações.

Segundo ele, além da redução do ritmo de alta dos custos de produção, iniciada ainda no ano passado, o aumento das chuvas também deve aliviar a situação para os produtores no Sul de Minas.

“Já houve um alívio nos preços do concentrado, principalmente farelos de soja e milho, ração e polpa cítrica. E, como voltou a chover agora em fevereiro, a perspectiva é de melhora na produção do milho e da soja, o que deve reduzir as cotações”, disse.

Por conta de uma maior demanda interna e externa pelo milho brasileiro, os preços do grão enfrentam viés de alta no mercado físico brasileiro. Os preços da soja também apresentaram períodos de alta em 2023, puxado principalmente pela valorização internacional da soja e por conta das incertezas em relação à safra 2023/24.

A forte pressão importadora, que pressionou muito os preços do leite no mercado interno durante o ano de 2023, também deve ser reduzida, com a mudança no cenário econômico da Argentina, um dos maiores concorrentes do Brasil na produção leiteira.

Conforme Alexandre de Paula, os preços do produto já subiram bastante no país vizinho, reduzindo a atratividade do leite argentino para as indústrias brasileiras. No consumo interno, o especialista acredita que a gradativa redução das taxas de juros no Brasil deverá ser um incentivo a mais para o aumento do consumo interno do leite e derivados. “E, pela lei da oferta e da procura, naturalmente essa maior demanda deve contribuir para melhorar os preços recebidos pelos produtores”, afirma.

Como o setor de lácteos sofre forte influência das conjunturas econômicas externas e internas, além dos eventos climáticos, é importante para os produtores estarem preparados para momentos de crise, pois as margens de lucro são muito reduzidas. E, nos períodos mais positivos, planejarem com muita cautela os investimentos, alerta o assessor técnico da Emater-MG.

“O mercado é muito volátil, influenciado por fatores que não dependem dos pecuaristas, como importações, preço dos insumos e clima. Então, é importante que os produtores mantenham índices zootécnicos eficientes, com todos os dados da fazenda muito bem acompanhados. E, com assistência técnica de qualidade, é possível manter esse controle, que é fundamental tanto nos momentos de crise quanto nos períodos em que o mercado leiteiro está mais positivo”, afirma o especialista.

Ele aconselha ainda cautela nos investimentos, que devem ser planejados para médio e longo prazos. “O ideal é ter uma perspectiva de cinco a oito anos, pensando em reposição do rebanho, melhoria genética e inseminação artificial, descarte (venda) de animais e também no investimento em produção própria de alimentos para o gado, especialmente para os períodos secos, como capineiras, cana de açúcar… Tentar investir em tudo de uma vez pode ser um tiro no pé, pois de repente o mercado pode mudar”, orienta Alexandre de Paula.

Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil, com 27,1% do total produzido no país, de acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segundo estado no ranking é o Paraná, com 12,9%, e o terceiro, o Rio Grande do Sul, com 11,8%. O Sul de Minas responde por 17% do mercado estadual.

 

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