BELO HORIZONTE – Depois da manifestação ocorrida na manhã desta quinta-feira em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) contra o cancelamento de uma audiência pública para discutir a situação de estradas nas regiões Sul, Sudoeste e Sudeste de Minas, o deputado Ricardo Campos (PT), presidente da Comissão de Participação Popular, abriu um auditório para a realização de um debate improvisado com as lideranças municipais.
Segundo informações do jornal O Tempo, a audiência havia sido marcada com 45 dias de antecedência a pedido da Frente Parlamentar dos Municípios (FPM), para ser realizada a partir das 10h desta quinta-feira, 15, e foi cancelada na manhã de ontem.
Lideranças políticas das três regiões apontam o abandono da malha rodoviária estadual e cobram soluções do governo mineiro. O motivo do cancelamento seria que o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) não poderia participar.
Mesmo sem a presença de representantes do Executivo, Ricardo Campos decidiu garantir um espaço de escuta para as lideranças municipais. “Ao chegar nesta Casa na manhã de hoje, nos deparamos com um grande volume de lideranças que querem manifestar sua insatisfação, seu repúdio. E, na condição de presidente da Comissão de Participação Popular, temos a obrigação de receber o público”, afirmou o parlamentar.
“O maior motivo de não ter havido hoje audiência pública para tratar os graves problemas das estradas do Sul de Minas, do Sudoeste, e de outras regiões é a ausência do DER e da Secretaria de Infraestrutura. O DNIT me ligou hoje de manhã, informando que só não compareceria porque foi comunicado do cancelamento”, disse o deputado.
Segundo ele, a reunião realizada nesta quinta tem caráter institucional e será o ponto de partida para novas ações. “Independente da presença desses órgãos ou não, nós faremos uma escuta organizada de cada liderança para apontarmos os requerimentos necessários. Na próxima terça-feira, às 15h, vamos deliberar sobre essas demandas e, se houver consenso, aprovar a convocação do DER e da Secretaria de Infraestrutura”, afirmou o deputado. “O papel do Parlamento é fiscalizar, aprovar leis, definir prioridades. E é aqui que estamos fazendo isso, com respeito a todos que vieram de até 800 km de distância para estar aqui.”
Protesto
Durante a manifestação na frente da ALMG, lideranças das três regiões denunciaram, com faixas e gritos de protesto, o abandono das estradas estaduais e relataram acidentes e mortes. “Cadê o governo Zema, o DER, a Assembleia para falar alguma coisa? O que vamos dizer para a família dos nossos amigos que morreram na estrada?”, gritou um dos vereadores presentes no ato.
Mário Alves, presidente da Câmara de Caxambu e idealizador da FPM, criticou o cancelamento de última hora. “Marcaram essa audiência há 45 dias. A gente preparou tudo, vieram quase 400 vereadores para participar. Cancelaram sem considerar o esforço de todos que se deslocaram. Isso foi uma jogada política para blindar o DER e o governo Zema”, afirmou.
Segundo Mário Alves, o movimento, batizado de “O Grito de Caxambu”, foi criado para pressionar o Estado a dar respostas concretas. “Lá não tem uma estrada cheia de buraco. Tem um buraco cheio de estrada. Temos ambulâncias levando pacientes com câncer, estudantes viajando… Toda semana tem morte na estrada. É inaceitável.”
Ele citou trechos críticos como as rodovias MG-354 e BR-267, que ligam Caxambu a outras cidades do Sul de Minas. “São vias sem acostamento, sem terceira faixa, com buracos por toda parte. Não têm condições mínimas de trânsito. E o diretor do DER está passeando em Portugal”, criticou.
A deputada federal Ana Paula Leão (PP), que acompanhou a mobilização desde o início, também lamentou a ausência de representantes do Executivo. “Foi um descaso. A audiência estava marcada, todo mundo mobilizado. É frustrante. Já estive várias vezes no DER e a resposta é sempre a mesma. Já deu tempo de o governo ter feito muita coisa. A população está pagando com vidas perdidas e prejuízos econômicos, especialmente para o turismo, que é forte na região.”
Conforme o requerimento que deu origem à reunião, a audiência atende solicitação, o problema foi discutido durante o 1° Encontro de Presidentes e Vereadores de Câmaras Municipais – Legislatura 2025/2028 que aconteceu em março deste ano em Caxambu.
Durante o encontro, vereadores listaram 32 trechos em situação precária, com problemas no asfalto, a falta de sinalização, de redutor de velocidade, de radar e de acostamento.
Conheça os trechos mencionados:
- MG-494 – entre o trevo da BR-267 e Arantina
- MG-179 – de Alfenas a Pouso Alegre
- MG-184 – de Areado a Passos
- Bom Jardim de Minas – trevo de acesso a BR-267
- Bom Jardim de Minas – rodovias MG-457 e BR-267
- LMG-884 – Rodovia Fernão Dias a Bom Repouso
- LMG-880 – trecho Botelhos – Divisa Nova – Alfenas
- BR-267 – de Campanha a Caxambu
- MG-295 – de Cambuí a Senador Amaral
- IMG 849 – de Campos Gerais a Campo do Meio
- BR-265 – de Lavras a São João Del Rei
- MG-444 – trecho de Cássia a Capetinga
- BR-267 – trecho entre Cordislândia e Machado
- MGT-383 – perto de Cruzília
- AMG-1535 – Espírito Santo do Dourado a MG-179
- MG-383 – de Itajubá a Maria da Fé
- MG-344 – trecho de Itaú de Minas a Cássia
- BR-265 e MG-451 – próximo de Itutinga
- LMG-862 – entre Luminárias e São Bento Abade
- MG 446 – Muzambinho a Nova Resende
- MG-332, LMG-841, BR-265 – Nazareno
- MG-158 – Passa Quatro
- MG-458 – Pedralva a Conceição das Pedras
- MG-347 – Pedralva a Carmo de Minas
- MG-295 – Piranguinho a Paraisópolis
- BR- 267 – trecho Poços de Caldas a Machado
- MG-455 – Santa Rita de Caldas
- BR-464 – de São João Batista do Glória a Delfinópolis
- LMG 836 – de São Sebastião do Paraíso a São Tomás de Aquino
- Estrada que liga Serranos a São Vicente de Minas
- MG-179 e BR-381- Silvianópolis
- LMG 882 – de Turvolândia a MG-179