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Polícia Civil em Passos recebeu 630 denúncias de golpes cibernéticos

7 de fevereiro de 2024

Foto: Arquivo FM.

Ézio Santos

PASSOS – O setor de registros do Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) na Delegacia Regional de Polícia Civil, catalogou em 2023, exatos 630 ocorrências relacionadas a crimes cibernéticos, média de 52,5 por mês, e 1,75 ao dia. Em recente levantamento realizado pelo pela equipe da repartição investigativa no município, apenas em janeiro deste ano foram 83 pessoas que procuraram a unidade. Os estelionatos são praticados, na maioria dos casos, através do Whatsapp, Instagram e Facebook. 

De acordo com o delegado Felipe Capute, coordenador da Agência de Inteligência Policial em Passos e ações estratégicas de combate ao crime organizado nas diversas cidades da região, majoritariamente, os delitos patrimoniais praticados em ambiente virtual estão relacionados a empréstimos bancários, transações comerciais fraudulentas, sobretudo, quanto à obtenção acessível de financiamentos, compra e venda de veículos com juros e preços utópicos, sem nenhuma correspondência no mercado regular.

São crimes que em sua estrutura não demandam sofisticação técnica-instrumental, senão a associação de mecanismos neurobiológicos e comportamentais da vítima. Invariavelmente, os criminosos manipulam as vítimas provocando sentimento de urgência, falsa autoridade, afetividade, curiosidade, confiança na tecnologia, de informação e conformidade social”, ressaltou o agente.

Para ele, todos os boletins de ocorrência ficam permanentemente registrados nos sistemas da polícia judiciária. A legislação entende que no delito de estelionato, por envolver situação patrimonial particularizada da vítima, a polícia somente possui legitimidade para atuar quando devidamente autorizada mediante uma representação criminal.

Essa é uma técnica utilizada pelo legislador no sentido de evitar situações de “strepitus judicii” ou consequências emocionais graves da vítima ao se sujeitar a procedimentos criminais que no seu julgamento possa abalar sua integridade emocional. A par disso, como estratégia de política criminal, é indispensável o delegado identifique os casos de expressiva violação do patrimônio da vítima ou repercussão social, e sejam prioritários, com propósito de os recursos investigativos serem empregados em situações de significativo êxito persecutório”, disse.

Sobre o percentual de golpes solucionados, Capute comentou que ele é praticado em ambiente virtual, diferentemente daquele tradicional, praticado em via pública, com testemunhas, câmeras de vigilância, policiamento a pronto emprego e técnicas investigativas convencionais, demanda outros métodos que, infelizmente, ainda não foram totalmente incorporados em nossa cultura jurídica e de segurança pública.

O delegado precisa considerar a preservação adequada de evidências, a análise forense digital, o rastreamento de atividades suspeitas, a colaboração de provedores de aplicação e de internet, o compartilhamento de inteligência policial e em casos não tão extremos a colaboração internacional, pois crimes cibernéticos envolvem atores atuantes em diferentes jurisdições.

Capute frisou que atua há dez anos com violações patrimoniais cibernéticas e eles se tornaram uma preocupação crescente ao longo dos anos, seguindo tendência nacional. “Não há um marco temporal específico, pois o cenário evoluiu gradativamente com a popularização da internet e de dispositivos eletrônicos. Reputo o atual cenário ao crescimento da conectividade, à popularização das transações bancárias online e à falta de conscientização e educação. Muitos usuários não têm um entendimento completo das ameaças cibernéticas”, afirmou.

Investir em inteligência policial é essencial para enfrentar os desafios em constante evolução apresentados pelos crimes cibernéticos. À medida que a tecnologia avança, os criminosos digitais também se tornam mais sofisticados, nesse sentido, a inteligência policial desempenha função crucial para identificar ameaças e padrões de atividade e métodos utilizados por cibercriminosos.

A segurança online é uma responsabilidade compartilhada e a prudência é a chave para a proteção contra essas ameaças. “Digo aos leitores que desconfie sempre de comunicações não solicitadas e verifiquem a identidade de seus interlocutores. Destaco que ofertas irresistíveis são subterfúgios para a captura mental da vítima potencial. Evitem acesso a links enviados por fontes desconhecidas e compartilhem as experiências e informações com amigos e familiares. A conscientização coletiva é fundamental para prevenir ameaças cibernéticas”, alertou o delegado.

Os Reds podem ser registrados pessoalmente, nos postos oficiais de registros OU virtualmente pelo endereço eletrônico https://delegaciavirtual.sids.mg.gov.br selecionando-se a natureza de crime de estelionato.